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Fazer a transição física de homem a mulher — ou seja, tornar-se uma mulher transgênero — é um processo único e individual para cada pessoa, sem formas "certas" ou "erradas". Enquanto algumas mulheres trans optam pela cirurgia de redesignação sexual (CRS), outras preferem só a terapia de reposição hormonal. Independentemente dos detalhes, toda essa empreitada é longa, cara e arriscada, mas pode levar a resultados além dos esperados! Seja paciente e cerque-se dos amigos e familiares que lhe deem apoio.

Parte 1
Parte 1 de 5:

Preparando-se para fazer a transição

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  1. Viver como transgênero (uma pessoa que não se identifica com o sexo e o gênero com o qual nasceu) é diferente de viver como transexual (uma pessoa que mudou ou quer mudar de sexo por meio de intervenção e tratamentos médicos). [1] A transição é irreversível, arriscada, demorada e custosa. Antes de prosseguir, decida se é mesmo o que quer. Relate suas experiências em um diário e discuta o processo com um amigo ou grupo de apoio que seja próximo e de confiança. [2]
    • Se não houver um grupo de apoio à comunidade trans na sua cidade, encontre algo na internet.
    DICA DE ESPECIALISTA

    Eric A. Samuels, PsyD

    Psicólogo Clínico
    Eric A. Samuels é um Psicólogo Clínico que atende de maneira privada em San Francisco e Oakland. Formou-se no The Wright Institute em 2016. É especialista no trabalho com homens, jovens e pessoas com diversas orientações sexuais e identidades de gênero.
    Eric A. Samuels, PsyD
    Psicólogo Clínico

    Não tem certeza se é ou não transgênero? De acordo com o Doutor em psicologia Eric Samuels, é simples: "Se você chegou ao ponto de pensar na mudança de gênero, é provável que tenha a disforia. Esse termo significa inadequação persistente com relação às normas sociais atribuídas ao seu gênero de nascimento e a forma que esperam que você interaja com a sociedade baseada nele."

  2. Leia e descubra o possível sobre os benefícios, os riscos e os custos do processo de transição. Aprenda a diferença entre cada procedimento, prepare-se para enfrentar o preconceito e faça uma estimativa do quanto vai ter de investir. Para isso, você pode recorrer a vários recursos. Encontre informações na internet (usando palavras-chave como "LGBTQ", "transição", "transgênero" etc.), pegue livros emprestados em uma biblioteca local, peça sugestões a membros do seu grupo de apoio etc.! [3]
    • Cada transição é única e específica ao indivíduo que passa por ele. Talvez você não precise de muitas sessões de terapia de remoção de pelos ou não tenha de colocar implantes de seios depois da terapia de reposição hormonal, por exemplo. Mesmo que não queira passar por tudo isso, ainda é bom se informar sobre cada etapa do processo; afinal, quanto mais conhecimento tiver, mais informada vai ser a sua decisão. [4]
  3. Decidir se , quando , onde e como você vai falar sobre o assunto com seus amigos e familiares é uma questão delicada! Assim como a transição em si, fazer ou não essa revelação também depende do indivíduo. Faça o que parecer certo! Se ficar mais à vontade tendo conversas particulares, fale com cada um separadamente; se preferir falar a todos de uma vez, reúna as pessoas em um só lugar. Você não precisa contar que vai fazer a transição para todos que conhece, e sim com os mais próximos. Conte sua história, peça ajuda e dê tempo e espaço para eles digerirem a informação. [5]
  4. Dialogar com a comunidade LGBT+ pode ajudar você a criar uma rede de apoio muito forte. Seus colegas podem oferecer ideias e conselhos que muitas vezes não passam pela cabeça de pessoas heterossexuais e cisgênero. Procure pessoas que tenham passado por experiências semelhantes às suas.
  5. A transição é muito cara e, embora alguns planos de saúde cubram partes dela, é muito difícil achar algo que arque com todas as despesas. Ligue para a sua rede de assistência médica e pergunte se ela cobre custos de terapia, reposição hormonal, remoção de pelos, implantes de seios, vaginoplastia etc. Se não tiver plano de saúde ou se ele não cobrir os tratamentos e procedimentos, não se desespere! Peça ajuda a algum amigo ou familiar que entenda de questões financeiras para pensar em um plano e, quando tiver algo mais concreto em mãos, comece a poupar dinheiro. [6]
    • A vaginoplastia custa, em média, R$30.000,00 (depende de vários fatores, como hospital, região, médico etc.). Sessões de remoção de pelos a laser podem ter valores cobrados por hora, dia, mês etc., [7] assim como sessões de terapia de reposição hormonal (algo que a pessoa vai ter de fazer pelo resto da vida). [8]
    • A duração do processo de transição vai depender da sua situação financeira. [9]
  6. É muito difícil perder peso quando se está tomando hormônios! O mesmo vale para a sua voz: passe a trabalhar nela, tentando encontrar o tom, a ressonância e outros detalhes perfeitos. [10] Tente transferir a voz do peito à cabeça — ou seja, fale em tons mais agudos, como se imitasse a Minnie Mouse. Conforme avança, pratique exercícios vocais mais avançados, controlando a laringe e o pomo de Adão. [11]
    • Coloque dois dedos sob o pomo de Adão e levante-o para deixar a voz mais aguda. Com o tempo, seus músculos vão se ajustar e fazer isso naturalmente. [12]
Parte 2
Parte 2 de 5:

Consultando um terapeuta

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  1. Antes de começar a fazer a terapia de reposição hormonal ou qualquer cirurgia, busque um terapeuta que seja especializado em questões de gênero. Peça indicações a amigos na comunidade trans, faça uma pesquisa na internet e entre em contato com a pessoa que mais lhe parecer interessante.
    • Se possível, fale com outros pacientes desse terapeuta para descobrir informações como taxas, práticas, formação e nível de aceitação.
    • Tire todas as suas dúvidas com o terapeuta. Pergunte o que ele acha da terapia de gênero e quantos de seus pacientes já passaram por cirurgias ou reposição hormonal.
    • Se não se sentir à vontade com o terapeuta, não tenha medo de encontrar outra pessoa! [13]
  2. Ao longo das sessões, o terapeuta vai avaliar a sua situação individual e fazer um diagnóstico. Se concluir que você apresenta alguns sintomas de forma consistente, como repulsa pelos órgãos genitais, desejo de apagar sinais do seu sexo biológico e/ou a certeza de que seu sexo biológico é diferente do seu gênero, ele vai chegar à conclusão de que o seu caso é de disforia de gênero.
    • Você deve apresentar esses sintomas por pelo menos seis meses.
    • Seja honesto consigo mesmo e com o terapeuta. [14]
    • Ter disforia de gênero não torna ninguém doente ou anormal; só quer dizer que a pessoa não se sente bem vivendo com o sexo biológico. A comunidade médica só faz essa especificação para poder conceder aos pacientes os medicamentos, a terapia e/ou as cirurgias de que eles precisam.
    • Sentir tristeza não é um dos sintomas da disforia de gênero. Se estiver deprimido ou ansioso, fale com o terapeuta para fazer mais um tratamento.
  3. Depois do diagnóstico de disforia de gênero, o terapeuta vai lhe oferecer algumas opções de ação — não com o objetivo de fazer você mudar de ideia, mas sim ajudar a aceitar o que sente e aliviar a tensão na sua vida. Além de continuar fazendo terapia, o médico também pode recomendar sessões de reposição hormonal com o acompanhamento de um generalista ou endocrinologista. [15]
    • Se ainda não tiver passado pela puberdade, o terapeuta pode receitar medicamentos bloqueadores. [16]
  4. Antes de fazer a cirurgia de redesignação sexual (CRS), você vai ter de completar a transição social antes de passar pelo procedimento médico em si, tendo de "viver" com o gênero com que se identifica por um período (que pode ir de um a dois anos). Nele, vai se vestir, ir trabalhar, participar de reuniões familiares, praticar exercícios e ir às compras como mulher — para saber melhor como é ser mulher. Depois disso, o terapeuta vai ajudar você a decidir se a CRS é mesmo a melhor opção.
    • Enquanto passa pelo processo, continue tomando hormônios, removendo pelos do corpo e do rosto e treinando sua voz feminina. [17]
Parte 3
Parte 3 de 5:

Passando por tratamentos não cirúrgicos

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  1. Elas servem para deixar você mais confortável com o próprio corpo. Os hormônios alteram o organismo, alinhando-o ao gênero de identificação. Como é um homem que quer fazer a transição para mulher, o endocrinologista ou médico generalista vai receitar um regime de estrogênio, que vai ter de ser seguido à risca. Depois de começar, não pare — mesmo que já tenha feito a redesignação sexual. A terapia de reposição muda o corpo drasticamente, e, para alguns, é um tratamento adequado para a disforia de gênero. [18] Porém, ela não muda o tamanho das mãos ou o tom da voz e, embora encolha os testículos, não os remove. Por causa disso, muitas pessoas aderem a outras formas de tratamento em busca dos resultados esperados. [19]
    • Entenda os riscos da terapia de reposição hormonal. Seus músculos vão encolher e a gordura do corpo vai se deslocar a novos lugares. Ademais, os hormônios podem provocar danos sérios no fígado caso não haja acompanhamento médico. Nunca se automedique. [20]
    • Sempre tome a menor dosagem de hormônios possível. Se exagerar, você vai retardar o processo de transição.
    • O médico generalista ou endocrinologista deve acompanhar as sessões de reposição hormonal. Marque consultas regulares! [21]
  2. Sessões de remoção a laser são dolorosas e caras! Além disso, comece assim que possível, pois o tratamento é muito longo. Você pode precisar de 100-400 horas para tirar a barba por completo e também ter de trabalhar os braços, as costas, o peito e as pernas. [22] Antes de passar pela cirurgia de redesignação de sexo, também é preciso remover os pelos do escroto. [23]
  3. A reposição hormonal não altera a voz, mas dá para mudá-la com outras alternativas. Trabalhe com um fonoaudiólogo para encontrar o tom, a ressonância e a inclinação perfeitas para a sua voz feminina. Esse profissional vai ajudar você a alterar o ritmo da sua fala, assim como outros detalhes. Por fim, também vai fazê-lo se acostumar a dizer algumas palavras e frases mais femininas: "meu bem", "querida", "meu amor" etc. [24] [25]
    • Se não tiver condições de consultar um especialista, encontre algo na internet! Você pode ver vídeos, comprar CDs e DVDs e até baixar aplicativos que ensinem vários tipos de exercícios vocais.
    • Mudar a voz exige paciência e prática. O processo pode demorar entre seis meses e um ano. [26]
Parte 4
Parte 4 de 5:

Passando por tratamentos cirúrgicos

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  1. Diminuir o tamanho do pomo de Adão (cartilagem tipicamente masculina) é um procedimento simples e sem complicações. [27]
  2. A terapia de reposição hormonal aumenta o tamanho dos seios naturalmente para algo P ou PP (próximo a 38). Porém, se quiser aumentar e mudar o formato e o aspecto do busto ainda mais, faça implantes. [28]
    • Colocar implantes nos seios é um procedimento arriscado, já que pode haver vazamento de toxinas. Depois da cirurgia, não é aconselhável removê-los por completo — a pele na região não voltaria ao normal. Portanto, pense bastante antes de tomar uma decisão.
  3. Ela combina vários procedimentos para alterar os traços masculinos do rosto, tornando-os mais delicados. Você pode mudar o queixo e o nariz, a linha limite do cabelo ou até os lábios para deixar a transição mais convincente. O cirurgião plástico pode dar a você uma aparência perfeita, delicada e feminina. [29]
    • Durante a cirurgia, o médico também pode reduzir o tamanho do pomo de Adão.
  4. Nesse procedimento, o cirurgião converte o tecido peniano e escrotal em uma vagina, incluindo o clitóris e os lábios. Depois, a genitália vai ter aspecto feminino e você vai poder ter relações sexuais e até orgasmos. Lembre-se de que a cirurgia é irreversível. [30]
Parte 5
Parte 5 de 5:

Terminando de acertar os detalhes

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  1. Pense em algo que reflita a sua personalidade enquanto mulher. Comece o quanto antes, mas tenha paciência. Primeiro, vá ao cartório e às outras autoridades da cidade onde mora para mexer com a papelada. Se todos os documentos estiverem em ordem, você pode conseguir a mudança do nome de registro. Se tiver dúvidas, faça uma pesquisa na internet.
    • O processo varia bastante de acordo com a região.
    • Comece assim que possível!
  2. Descubra qual a política da empresa em relação a funcionários transgêneros e transexuais. Antes de terminar o processo, converse com seu supervisor ou um representante de RH sobre o que está acontecendo. Se tiver problemas, entre em contato com um advogado ou membro da comunidade trans para saber o que fazer. No fim, decida se vale mesmo a pena se estressar! [31]
  3. Informe-se sobre os recursos à disposição da comunidade LGBTQ, principalmente mulheres trans. Encontre centros e grupos de apoio locais e, se for discriminada, recorra a um amigo, familiar ou ativista de confiança. Seja forte e conte com o seu sistema de apoio. [32]

Dicas

  • Nunca é tarde demais para fazer a transição. Até adultos podem fazer os tratamentos e chegar a belos resultados!
  • Vai haver um período em que seus mamilos e seios vão ficar inchados. A dor varia de pessoa a pessoa; porém, de forma geral, cuide bem da alimentação e não faça dietas extremas ao mesmo tempo em que toma medicamentos.

Avisos

  • Não interrompa a terapia de reposição hormonal, a menos que o médico recomende. Isso pode danificar o seu sistema endócrino.
  • Se tiver de se automedicar (algo que não é recomendado, mas muitos transgêneros ainda cometem o erro de fazer), faça uma pesquisa extensiva sobre o assunto de antemão.
  1. http://www.tsroadmap.com/start/male-to-female.html
  2. http://tvchix.com/articles/male-to-female-voice-training
  3. http://commonhealth.wbur.org/2014/08/transgender-voices
  4. http://www.tsroadmap.com/mental/therapy.html
  5. http://www.webmd.com/mental-health/gender-dysphoria?page=2
  6. http://www.webmd.com/mental-health/gender-dysphoria?page=3
  7. http://www.webmd.com/mental-health/gender-dysphoria?page=3
  8. http://www.nhs.uk/Conditions/Gender-dysphoria/Pages/Treatment.aspx
  9. http://www.nhs.uk/Conditions/Gender-dysphoria/Pages/Treatment.aspx
  10. https://www.ohio.edu/lgbt/resources/transitioning.cfm#HormoneReplacementTherapy
  11. http://www.nhs.uk/Conditions/Gender-dysphoria/Pages/Treatment.aspx
  12. http://www.transsexual.org/basicsoftransition.html
  13. http://www.tsroadmap.com/start/male-to-female.html
  14. http://www.thetransgendercenter.com/index.php?option=com_content&view=article&id=75&Itemid=145
  15. http://commonhealth.wbur.org/2014/08/transgender-voices
  16. http://www.asha.org/public/speech/disorders/TGTS.htm
  17. http://commonhealth.wbur.org/2014/08/transgender-voices
  18. http://www.thetransgendercenter.com/index.php/maletofemale1/surgical-procedures.html?id=30
  19. http://www.thetransgendercenter.com/index.php/maletofemale1/surgical-procedures.html?id=27
  20. http://www.thetransgendercenter.com/index.php/maletofemale1/surgical-procedures.html?id=25
  21. http://www.thetransgendercenter.com/index.php/maletofemale1/surgical-procedures.html?id=28
  22. http://www.tsroadmap.com/start/male-to-female.html
  23. http://www.transsexual.org/basicsoftransition.html

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