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A Guerra Fria terminou há mais de duas décadas e muita gente não sabe o que é viver à sombra da ameaça nuclear e radioativa. No entanto, um ataque nuclear é, ainda, uma possibilidade bem real. A política mundial está longe da estabilidade, e a natureza humana não mudou nada nos últimos vinte anos. "O som que reverbera com mais insistência na história do Homem é a pulsação dos tambores de guerra." [1] Enquanto existirem armas nucleares, haverá o risco de que elas sejam utilizadas.

Sobreviver à guerra nuclear é possível? Temos apenas hipóteses — sim, segundo algumas delas, não, segundo outras. Tenha em mente que o armamento termonuclear contemporâneo é centenas ou, no caso das armas maiores, milhares de vezes mais potente do que as bombas detonadas em Hiroshima e Nagasaki em 1945. É impossível saber o que acontecerá quando milhares dessas armas forem detonadas ao mesmo tempo. Para algumas pessoas, sobretudo aquelas em áreas de alta densidade demográfica, tentar salvar-se será um esforço inútil. [2] Se é que isto é possível, só sobreviverá a um evento assim quem estiver mental e logisticamente preparado para ele e viver em áreas remotas, sem importância estratégica.

Parte 1
Parte 1 de 2:

Preparando-se antecipadamente

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  1. Caso ocorra um ataque nuclear, não será seguro sair para procurar comida — você deve ficar abrigado por 48 horas, de preferência mais. Munir-se de alimentos e suprimentos médicos pode deixar sua mente tranquila e permitir que você se concentre nas outras condições para a sua sobrevivência.
  2. Eles podem durar vários anos, tanto armazenados quanto garantindo seu sustento após um ataque. Escolha itens ricos em carboidratos, no intuito de obter o maior número de calorias a cada refeição, e armazene-os em local fresco e seco.
    • Arroz branco;
    • Trigo;
    • Feijão;
    • Açúcar;
    • Mel;
    • Aveia;
    • Macarrão;
    • Leite em pó;
    • Frutas e vegetais desidratados.
    • Componha seu estoque lentamente. A cada vez que você for ao supermercado, compre mais um ou dois itens para a sua reserva. Com o tempo, você terá comida o bastante para meses.
    • Mantenha um abridor de latas junto do estoque para abrir itens enlatados.
  3. Comece a reservar água em recipientes de plástico próprios para alimentos. Limpe-os com uma solução de alvejante e preencha-os com água filtrada e destilada.
    • Faça um estoque de 3,8 L por pessoa por dia.
    • Para purificar a água após o ataque, armazene também alvejante doméstico e iodeto de potássio.
  4. Manter-se informado e ser capaz de avisar outras pessoas sobre sua posição é de importância vital. Eis o que você pode precisar:
    • Um rádio: encontre um à manivela ou energia solar. Caso ele funcione com baterias, tenha pilhas sobressalentes à mão. Quem mora nos Estados Unidos pode comprar também um NOAA Weather Radio, que transmite informações importantes para situações de emergência 24 horas por dia. [3]
    • Um apito: você pode usá-lo para pedir ajuda.
    • Seu telefone celular: o serviço de telefonia celular pode ou não ser mantido após o ataque, mas convém estar preparado caso ela seja. Compre um carregador solar compatível com o seu modelo, se possível.
  5. Ter alguns insumos médicos disponíveis pode ser a diferença entre a vida e a morte caso você se fira durante o ataque. Você precisará de:
    • Um kit básico de primeiros socorros: você pode montá-lo ou comprá-lo montado. Providencie gaze e bandagens, pomada antibiótica, luvas de látex, tesoura, pinça, termômetro e uma manta de emergência. [4]
    • Um livro de instruções de primeiros socorros: você pode comprar um como o que é publicado pela Cruz Vermelha, ou montar o seu próprio com materiais recolhidos na internet. Ele deve conter instruções de como fazer curativos, executar ressuscitação cardiopulmonar, tratar choque circulatório e queimaduras.
    • Medicamentos e insumos controlados: se você toma um medicamento específico todos os dias, faça um pequeno estoque de emergência.
  6. Abasteça seu kit de preparação com estes artigos:
    • Lanterna e baterias;
    • Máscara antipoeira;
    • Filme plástico e fita adesiva;
    • Sacos de lixo, abraçadeira de plástico e lenços umedecidos para a higiene pessoal;
    • Chave inglesa e alicate para interromper o abastecimento de serviços como gás e água.
  7. Um país inimigo dificilmente realizará um ataque nuclear ao seu sem aviso prévio. É provável que um evento assim seja precedido por um desgaste nas relações políticas. Um conflito com armas convencionais entre nações dotadas de um arsenal nuclear, caso não seja rapidamente resolvido, pode escalar até a guerra nuclear; e ataques nucleares localizados, por sua vez, podem agravar-se até a guerra nuclear generalizada. [5] Muitos países têm uma escala que indica a iminência de um ataque. Para habitantes dos Estados Unidos e do Canadá, por exemplo, pode ser interessante familiarizar-se com a escala DEFCON (abreviatura de " DEF ense CON dition"; em português, "condição de defesa").
  8. Se a evacuação não é uma alternativa, isso deve ter um impacto no tipo de abrigo que você construirá por conta própria. Conheça a distância da sua casa em relação a estes alvos em potencial [6] e prepare-se de acordo:
    • Aeródromos e bases navais, sobretudo os que conhecidamente abrigam bombardeiros nucleares, submarinos de mísseis balísticos ou silos de mísseis. São alvos certos mesmo em embates nucleares localizados.
    • Portos e aeroportos comerciais com mais de 3,04 Km. Alvos prováveis em confrontos localizados e certos em guerras generalizadas.
    • Centrais do governo. Alvos prováveis num conflito nuclear limitado e certos em conflitos generalizados.
    • Grandes polos industriais e zonas de concentração populacional. Alvos prováveis caso ocorra uma guerra nuclear generalizada.
    • Bombas de fissão (bomba-A) são as armas nucleares mais básicas, e têm sua tecnologia incorporada a outros tipos de armamentos. A potência da bomba é oriunda da fissão de núcleos atômicos pesados (plutônio e urânio), processo desencadeado por um bombardeamento com nêutrons. À medida que se desintegram, cada átomo de urânio ou plutônio libera uma enorme quantidade de energia e novos nêutrons , causando uma reação em cadeia extremamente rápida. A bomba-A é o único tipo de bomba nuclear empregada em guerras até hoje, e a que provavelmente seria usada por terroristas.
    • Bombas de fusão (bomba-H) usam o grande calor emitido pela "espoleta" da bomba-A para o processo de compressão e aquecimento do deutério e do trítio (isótopos de hidrogênio), que, uma vez detonados, liberam imensa quantidade de energia. São também conhecidas como armas termonucleares devido à alta temperatura exigida para a detonação do deutério e do trítio. Sua potência é muitas centenas de vezes superior à das bombas que destruíram Hiroshima e Nagasaki. A maioria do arsenal estratégico da Rússia e dos Estados Unidos é composta dessas bombas.
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Parte 2
Parte 2 de 2:

Sobrevivendo a um ataque iminente

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  1. Além dos sinais geopolíticos, o primeiro aviso da iminência de um ataque será um alarme ou um sinal de alerta — e, na falta desses, a própria explosão. A luz ofuscante que a detonação de uma arma nuclear gera pode ser vista a dezenas de quilômetros do marco zero. Caso você esteja próximo à explosão (ou no marco zero), suas chances de sobrevivência são virtualmente inexistentes, a não ser que esteja num abrigo cuja resistência ao impacto seja muito, muito boa. A alguns quilômetros de distância da explosão, você terá de 10 a 15 segundos até ser atingido pela onda de calor e talvez de 20 a 30 segundos até ser atingido pela onda de impacto. Em hipótese nenhuma você deve olhar diretamente para a bola de fogo. Num dia limpo, ela pode causar cegueira temporária mesmo a grandes distâncias. [7] No entanto, o raio de ação pode variar grandemente, dependendo do tamanho da bomba, da altitude da explosão e até das condições climáticas no horário da detonação.
    • Não havendo um abrigo, procure um território deprimido nas imediações e deite-se nele com o rosto virado para baixo, deixando a menor superfície possível de pele exposta. E, se não há um abrigo desse tipo, cave o mais rápido que puder . Mesmo a 8 km, você sofrerá queimaduras de terceiro grau; a 32 km, o calor pode arrancar a pele do seu corpo. O vento atingira aproximadamente 960 km/h e aplanará tudo o que encontrar em seu caminho.
    • E caso não haja nenhuma dessas alternativas à disposição, entre num local fechado — mas apenas se tiver absoluta certeza de que a construção não sofrerá danos significativos pelo calor nem pelo impacto. Isso proporcionará, pelo menos, alguma proteção contra a radiação. A viabilidade dessa alternativa depende da constituição do edifício e de quão perto ele se encontra do provável marco zero de um ataque nuclear. Afaste-se de janelas, e dê preferência a cômodos onde não haja nenhuma. Ainda que o edifício não sofra danos significativos, a explosão projetará os estilhaços das janelas a grandes distâncias. Por exemplo: um teste nuclear (de grandes proporções, cumpre-se dizer) realizado no arquipélago russo de Novaya Zemlya foi capaz de destruir janelas na Finlândia e na Suécia.
    • Se você mora na Suíça ou na Finlândia, verifique se sua casa conta com um abrigo nuclear. Não sendo esse o caso, descubra onde fica o abrigo comunitário do seu vilarejo, cidade ou distrito e como chegar até ele. Lembre-se: há abrigos nucleares distribuídos por toda a Suíça, e, na hipótese de as sirenes de evacuação ressoarem, você deve avisar aqueles incapazes de ouvi-la (pessoas surdas, por exemplo) e sintonizar as rádios públicas nacionais (RSR, DRS e RTSI).
    • Não fique próximo a combustíveis e materiais inflamáveis. Substâncias como náilon e materiais à base de óleo entrarão em combustão com o calor.
    • Radiação inicial (ou imediata). Passageira e capaz de viajar poucas distâncias, essa é a radiação liberada no momento da detonação. Acredita-se que, no caso dos grandes arsenais nucleares modernos, ela não seria capaz de fazer muitas vítimas que já não tenham sido mortas pelo impacto ou pelo calor. [8]
    • Radiação residual, também chamada precipitação radioativa. Se a detonação ocorrer na superfície ou se esta for atingida pela bola de fogo, haverá grande precipitação residual. A poeira e os detritos lançados à atmosfera voltarão à terra, trazendo consigo níveis insalubres de radioatividade. A radiação residual pode também chegar à terra na forma de uma chuva de fuligem conhecida como "chuva negra", que é altamente letal e talvez dotada de altas temperaturas. A precipitação radioativa certamente contaminará tudo o que tocar.

      Depois de sobreviver à explosão e à radiação imediata (ao menos por ora; os sintomas do envenenamento por radiação têm um período de incubação), você deverá encontrará abrigo da fuligem escaldante.
  2. Antes de continuarmos, abordaremos os três tipos:
    • Partículas alfa: são as mais fracas das três; não representariam qualquer ameaça na hipótese de um ataque. Sobrevivem apenas alguns centímetros no ar antes de serem absorvidas pela atmosfera. O perigo que oferecem por contato é mínimo, mas podem ser fatais se ingeridas ou inaladas. Roupas comuns já são proteção suficiente contra as partículas alfa.
    • Partículas beta: mais rápidas e penetrantes do que as partículas alfa, podem viajar até 10 m antes de serem absorvidas pela atmosfera. A exposição a elas não é fatal, a não ser que por longos períodos, o que causa a "queimadura beta", quase tão dolorosa quanto a queimadura de sol. Representam, contudo, um grande risco para os olhos, caso eles sejam sujeitos a uma exposição prolongada. Assim como as partículas alfa, essas também são prejudiciais quando ingeridas ou inaladas. Roupas podem prevenir as queimaduras beta.
    • Raios gama: são os mais fatais dos três. Podem viajar por aproximadamente 1,5 km no ar, invulneráveis a qualquer tipo de obstáculo. Portanto, a radiação gama, mesmo que oriunda de uma fonte externa, causará sérios danos aos órgãos internos. Um nível razoável de proteção contra ela será necessário.
      • O fator de proteção (FP) de um abrigo indica a intensidade com que uma pessoa no interior dele recebe a radiação em comparação com uma no mundo exterior. Por exemplo, a exposição à radiação num abrigo cujo FPS é 300 será 300 vezes menor do que aquela a que se estaria sujeito ao ar livre.
      • Evite expor-se aos raios gama. Não passe mais do que cinco minutos exposto a eles. Se você vive numa área rural, encontre uma caverna ou um tronco caído para dentro do qual você possa rastejar. Na indisponibilidade deles, cave uma trincheira onde você possa se deitar, com a terra empilhada ao redor de si.
  3. Se estiver numa trincheira, crie um teto — desde que haja materiais para tanto por perto; não fique exposto desnecessariamente. O tecido de um paraquedas ou de uma barraca pode impedir que detritos radioativos se acumulem sobre você, embora não ofereça nenhuma oposição aos raios gama. As características físicas elementares da radiação fazem com que bloqueá-la totalmente seja impossível: pode-se apenas reduzi-la a um nível tolerável. Use os valores abaixo para determinar a quantidade de material necessária para reduzir a penetratividade da radiação a 1/1000: [9]
    • Aço: 21 cm;
    • Rocha: 70 a 100 cm;
    • Concreto: 66 cm;
    • Madeira: 2,6 m;
    • Terra: 1 m;
    • Gelo: 2 m;
    • Neve: 6 m.
  4. Em hipótese nenhuma você deve deixar o abrigo nas primeiras 48 horas. [10]
    • A razão por trás disso é evitar os "produtos de fissão" criados pela explosão nuclear, sendo o iodo radioativo o mais mortal dentre esses. Felizmente, o iodo radioativo tem uma meia-vida relativamente curta: oito dias (isto é, o tempo que ele leva para se degradar em isótopos menos danosos). Lembre-se de que, mesmo passados oito ou nove dias, haverá muito iodo radioativo por aí, então limite a sua exposição. Pode levar 90 dias para que o iodo radioativo se degrade a 0,1% da quantidade inicial.
    • Outros produtos de uma fissão nuclear dignos de nota são o césio e o estrôncio. Eles têm uma meia-vida de 30 anos e 28 anos, respectivamente. São muito bem absorvidos por organismos vivos e podem tornar a comida prejudicial por décadas. Esses materiais podem ser carregados por milhares de quilômetros pelo vento — portanto, mesmo que você ache que está a salvo numa área remota, não é bem assim.
  5. . É óbvio que você terá de limitar o que consome para sobreviver e, portanto, terá de se expor à radiação eventualmente (a não ser que esteja num abrigo com comida e água).
    • Comidas processadas são adequadas para o consumo contanto que a lata não tenha nenhum furo e esteja relativamente intacta.
    • É possível alimentar-se de animais, mas eles precisam ser cuidadosamente esfolados e o coração, fígado e rins, descartados. Evite comer a carne próxima aos ossos, pois a medula retém radiação.
    • Plantas de "zonas críticas" são comestíveis, sendo aquelas dotadas de raízes comestíveis ou partes subterrâneas (como cenouras e batatas) as mais recomendáveis. Faça um teste de comestibilidade nas plantas. Para mais informações, leia o artigo Como Testar se uma Planta É Comestível.
    • Água a céu aberto pode ter recebido precipitação radioativa e é prejudicial. Sua melhor alternativa será água oriunda de fontes subterrâneas tais quais nascentes e poços cobertos. (Você também pode fazer um captador solar, conforme descrito no artigo Como Criar Água no Deserto.) Use água de lagos e córregos apenas como último recurso. Para isso, crie um filtro natural cavando um buraco a cerca de 30 cm da margem e use a água que se acumular ali. Como ela pode ter um aspecto turvo ou lamacento, aguarde os sedimentos se assentarem e depois ferva a água para se livrar das bactérias. Se você estiver numa construção, a água dela será provavelmente segura. Caso o fornecimento de água tenha sido interrompido (o que é muito provável), extraia a água presa nos canos abrindo a torneira no ponto mais alto da casa para que o ar entre na tubulação, e então drene-a abrindo a torneira do ponto mais baixo.
  6. ), sobretudo quando estiver ao ar livre, para prevenir queimaduras beta. Descontamine-se sacudindo as roupas constantemente e lavando com água qualquer área de pele exposta — resíduos acumulados sobre a pele eventualmente levarão a uma queimadura.
    • Pequena queimadura: conhecida também como queimadura beta (embora possa ser causada por outras partículas). Mergulhe a queimadura em água fria até não sentir mais dor (o que deve ocorrer em cinco minutos).
      • Caso a pele carbonize, forme bolhas ou se rompa, lave-a com água fria a fim de remover quaisquer agentes contaminadores, e então cubra-a com uma compressa esterilizada para prevenir infecções. Não estoure as bolhas!
      • No caso de a pele não carbonizar, formar bolhas ou se romper, não a cubra, mesmo que ela se alastre por uma grande região do corpo (como acontece com queimaduras de sol). Em vez disso, lave a área e cubra-a com vaselina ou uma solução de água e maisena, se houver esses ingredientes. Mas terra úmida (e não contaminada) também serve.
    • Queimadura severa: é conhecida como queimadura térmica, pois normalmente causada pelo intenso calor emanado da explosão e não pelas partículas ionizantes, embora possa ser resultante destas últimas. Ela pode ser fatal por causa de todos os fatores que traz consigo: desidratação, choque circulatório, danos pulmonares, infecções etc. Siga estes passos para tratar esse tipo de ferimento:
      • Caso haja uma peça de roupa a cobrir a queimadura, corte e remova o tecido de cima dela delicadamente. Não tente remover tecidos que estejam presos ou tenham se fundido à queimadura. Não tente arrancar de uma vez tecidos que estejam em contato com a queimadura. Não coloque sobre a queimadura nenhuma pomada. O melhor a se fazer seria entrar em contato com uma unidade de atendimento médico.
      • Limite-se a delicadamente lavar a área queimada. Não aplique cremes e pomadas sobre ela.
      • Não use curativos médicos comuns que não sejam específicos para o tratamento de queimaduras. Já que ataduras não adesivas para queimaduras (bem como qualquer tipo de insumo médico) provavelmente serão escassas, uma boa alternativa seria usar filme plástico (chamado também de filme de PVC esticável), que é esterilizado, não grudará no ferimento e pode ser encontrado facilmente.
      • Previna o choque circulatório. Trata-se de um quadro clínico no qual o fluxo de sangue aos órgãos e tecidos vitais é insuficiente. Se não tratado, pode ser fatal. Ele pode ser causado por grandes perdas sanguíneas, queimaduras profundas ou como reação à visão de feridas ou de sangue.
      • Os sintomas são inquietação, sede, palidez e taquicardia. Pode haver transpiração excessiva, mesmo que a pele pareça fria e úmida. À medida que o quadro se agrava, o paciente respira em arfadas curtas e rápidas, e fica com o olhar vazio. Tratamento: mantenha a respiração e os batimentos cardíacos adequados massageando o peito da pessoa e posicionando-a de tal modo que as vias aéreas fiquem livres. Tranquilize-a e afrouxe roupas que estejam apertadas. Seja firme, mas gentil e confiante.
  7. Essa condição não é contagiosa, e tudo depende da dose de radiação recebida pelo paciente. Eis uma tabela condensada das doses de radiação e seus efeitos:
  8. (Gy — símbolo de "gray" — é a unidade estabelecida pelo Sistema Internacional de Unidades — SI — para medir a dose absorvida de radiação ionizante. 1 Gy = 100 rad. Sv — símbolo de "Sievert" — é a unidade que mede a dose equivalente. 1 Sv = 100 rem. Para simplificação, 1 Gy é normalmente admitido como equivalente a 1 Sv.)
    • Abaixo de 0,05 Gy: nenhum sintoma visível.
    • 0,05 a 0,5 Gy: queda temporária de hemácias.
    • 0,5 a 1,0 Gy: queda temporária de produção de glóbulos brancos; susceptibilidade a infecções; náusea, dor de cabeça e vômito são comuns. Normalmente, é possível sobreviver a essa dose de radiação sem nenhum tratamento médico.
    • 1,5 a 3,0 Gy: 35% dos sujeitos a essa dose morrem dentro de 30 dias (DL 35/30). Náusea, vômitos e perda de cabelos em todo o corpo.
    • 3 a 4 Gy: quadro grave de envenenamento por radiação; 50% de mortalidade após 30 dias (DL 50/30). Além dos sintomas similares à dose de 2 a 3 Gy, há também sangramento incontrolável na boca, sob a pele e nos rins (o que acontece em 50% dos casos de envenenamento por 4 Sv) na fase latente.
    • 4 a 6 Gy: envenenamento agudo por radiação; 60% de mortalidade após 30 dias (DL 60/30). A mortalidade salta de 60%, em 4,5 Sv, para 90%, em 6 Sv (a não ser que haja cuidados médicos intensivos). Os sintomas começam a se manifestar entre meia hora e duas horas após a irradiação, podendo durar até dois dias. Passado esse período, há uma fase latente que persiste por sete a 14 dias, depois da qual surgem sintomas similares, embora mais intensos, aos da contaminação por 3 a 4 Sv. Esterilidade em mulheres é comum nesse estágio. A convalescença pode durar de alguns meses a um ano. Entre principais causas de morte (que em geral ocorre entre a segunda e a décima segunda semana após a irradiação) estão infecções e hemorragia interna.
    • 6 a 10 Gy: envenenamento agudo por radiação; quase 100% de mortalidade nos 14 dias iniciais (DL 100/14). A sobrevivência depende de cuidado médico intensivo. A medula óssea é destruída quase por completo, quando não em sua totalidade, fazendo com que um transplante seja imprescindível. Tecidos gástricos e intestinais são gravemente danificados. Os sintomas começam a se manifestar entre os 15 e 30 minutos após a irradiação e duram até dois dias. Posteriormente, há uma fase latente de cinco a dez dias, depois da qual o paciente morre de infecção ou hemorragia interna. A recuperação levaria muitos anos e dificilmente seria completa. Devair Alvez Ferreira, vítima do acidente radiológico de Goiânia, sobreviveu a uma dose de aproximadamente 7 Sv, em parte devido à exposição fracionada.
    • 12 a 20 rem: há 100% de chances de morte nessa faixa e os sintomas manifestam-se imediatamente. O sistema gastrointestinal é totalmente destruído. Há sangramentos incontroláveis na boca, sob a pele e nos rins. O paciente fica entregue a uma fadiga e a enfermidades generalizadas. Os sintomas são iguais aos descritos acima, mas mais intensos. A cura, impossível.
    • Acima de 20 rem: os mesmos sintomas entram em ação instantaneamente e com intensidade redobrada, e depois cessam por vários dias no estágio conhecido como "fantasma ambulante". Repentinamente, células gastrointestinais são destruídas, causando desidratação e sangramento excessivo. A morte é precedida por delírios e insanidade, e se consuma quando o cérebro não pode mais administrar funções do organismo como a respiração e a circulação sanguínea. Não há tratamento médico capaz de reverter esse quadro, e a ajuda médica serve tão somente para proporcionar conforto.
    • Infelizmente, é preciso aceitar que a pessoa pode morrer em breve. Por mais frio que isso possa parecer, não desperdice comida e suprimentos com pacientes moribundos de envenenamento por radiação. Gaste esses recursos, caso sejam escassos, com pessoas aptas e saudáveis. Pessoas muito jovens, idosos e doentes são os mais vulneráveis à radiação.
  9. Uma arma nuclear detonada a uma grande altitude gerará um PEM potente o bastante para destruir aparelhos elétricos e eletrônicos. O mínimo a se fazer é desconectar todos eles das tomadas e das antenas . Colocar rádios e lanternas numa caixa metálica fechada (uma gaiola de Faraday) pode protegê-los do PEM, contanto que eles não estejam em contato com o invólucro de metal. O abrigo de metal deve cercar totalmente o item a ser protegido, e será ainda mais eficiente se estiver aterrado.
    • Os itens devem ficar isolados da proteção condutiva, uma vez que o efeito do PEM pode induzir cargas elétricas em placas de estado sólido. Enrolar num cobertor térmico de emergência (de aproximadamente R$ 7,00) objetos previamente embrulhados em jornal ou algodão também pode funcionar como uma gaiola de Faraday, o que será útil para pessoas que estejam distantes da explosão.
    • Outra solução seria embrulhar uma caixa de papelão em folha de cobre ou papel-alumínio. Coloque o aparelho na caixa e aterre-o.
  10. É improvável que um ataque nuclear seja um evento único. Esteja preparado para um novo ataque ou para uma onda de ataques das nações adversárias, e até mesmo para uma invasão inimiga.
    • Mantenha o seu abrigo intacto, a não ser que os materiais sejam absolutamente necessários para a sua sobrevivência. Recolha toda a água potável e a comida que puder.
    • Se a nação inimiga atacar novamente, provavelmente o fará em outra região do país. Se tudo o mais falhar, procure uma caverna onde você possa viver.
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Dicas

  • Lave tudo o que puder, especialmente a comida, mesmo que ela esteja dentro do abrigo.
  • Não conte a ninguém quanto dinheiro você tem e que objetos carrega consigo.
  • Procure o exército! É provável que apareçam as forças armadas, assim como muitas pessoas em trajes de proteção nuclear, entre outras. Eles não são hostis, mas conheças as diferenças entre os tanques, aviões e demais veículos usados por eles e os dos inimigos!
  • Fique a par dos anúncios e orientações mais recentes do governo.
  • Não saia do abrigo a não ser que você tenha um traje de proteção nuclear e precise investigar sinais de novas bombas e de tanques aliados.
  • Construa um abrigo nuclear antecipadamente. Você pode usar o porão ou a cave para construir um abrigo caseiro. Entretanto, poucas construções recentes têm porões. Nesse caso, considere construir um abrigo comunitário com os vizinhos ou um privativo no quintal de casa.
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Avisos

  • Informe-se de todos os detalhes que puder a respeito desse tipo de emergência. Cada minuto investido em aprender o que fazer e o que é seguro poupará muito tempo quando a hora da necessidade chegar. Numa situação assim, fiar-se na esperança e na sorte seria insensato.
  • Mesmo depois que for seguro sair do abrigo, as forças locais e o governo federal estarão esperando pelo pior. Coisas ruins podem acontecer, então fique escondido até ter certeza de que pode sair. De modo geral, avistar tanques (que não sejam pertencentes aos inimigos) é um sinal de que a ordem está sendo restaurada.
  • Descubra se haverá retaliação ou uma segunda detonação na sua área. Nesse caso, será preciso esperar mais 200 horas (oito a nove dias) após a última detonação.
  • Não beba, coma ou encoste na pele quaisquer plantas, correntes d'água ou objetos metálicos encontrados numa área desconhecida.
  • Não se exponha. Não se sabe quantos röntgens uma pessoa pode receber antes de ter a síndrome aguda da radiação. Normalmente, 100 a 150 R são o bastante para causar uma doença moderada, para a qual existem possibilidades de sobrevivência. Mesmo que você não morra de envenenamento por radiação, poderá desenvolver câncer mais adiante.
  • Nunca perca a calma, sobretudo se você estiver no comando. Isso ajuda a transmitir firmeza às outras pessoas, o que é essencial em desastres.
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Referências

  1. Citação atribuída a Arthur Koestler; tradução livre.
  2. Wiseman, p. 279.
  3. http://www.nws.noaa.gov/nwr/
  4. http://www.redcross.org/prepare/location/home-family/get-kit/anatomy
  5. Giraldi, Philip. What World War III May Look Like . 2007.
  6. FEMA 196. Setembro, 1990.
  7. Erlich. 1985. p. 167. A distância que o autor estabelece é de 21 km num dia limpo e de 85 km numa noite limpa para uma bomba de 1 megatonelada.
  8. Ehrlich, p. 175; Langford, p. 106. Ao contrário dos efeitos da explosão e do calor, a radiação imediata é enfraquecida pelo quadrado da distância até o marco zero. Ehrich aponta que, a uma distância de uma arma de 100 quilotoneladas tal que a sobrepressão seja de 5 psi, a exposição à radiação seria 500 vezes menor do que a dose letal.
  9. Wiseman, p. 280.
  1. Wiseman, p. 280.
  2. Ehrlich, R. Waging Nuclear Peace: The Technology and Politics of Nuclear Weapons. ISBN 9780873959193. 1984.
  3. Langford, R. Everett. Introduction to Weapons of Mass Destruction. ISBN 0471465607. 2004.
  4. Wiseman, J. SAS Survival Handbook. ISBN 9780002727747. 1986.

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