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É muito difícil e triste saber que a sua amiga foi vítima de abuso ou agressão sexual. Embora a situação seja assustadora, é possível encontrar formas de confortá-la. Ofereça apoio moral e ajude-a a encontrar recursos úteis. Outra forma de apoio é ver como ela ficou depois do ocorrido e como está levando. O mais importante é permitir que a vítima tome as próprias decisões.

Método 1
Método 1 de 3:

Oferecendo palavras de apoio

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  1. A coisa mais importante é tranquilizar a sua amiga afirmando que você acredita no que ela diz. Muitas vezes, as vítimas de abuso são postas em dúvida, com perguntas capciosas, como: “Você tem certeza?” Não seja essa pessoa: seja uma aliada. Diga: “Eu acredito em você. Estou aqui para te ouvir.” [1]
    • É muito difícil para a maioria das pessoas contar sobre um episódio de violência sexual. Controle-se e não peça detalhes do que houve e de quem foi. Você deve demonstrar que quer ouvi-la por estar do lado dela e não para satisfazer a sua curiosidade.
  2. Muitas vítimas de violência têm vergonha ou até se sentem culpadas após o incidente. Uma forma de reconfortar a sua amiga é garantir que a culpa não foi dela. [2]
    • Você pode dizer: “Entendo que você esteja sentindo um turbilhão de emoções, mas lembre-se de que nada disso é sua culpa.”
  3. Qualquer tipo de abuso sexual pode causar a sensação de isolamento, o que aumenta o medo e piora o estado emocional da sua amiga. Fale que você está ao lado dela e que não pretende deixá-la passar por isso sozinha. [3]
    • Um exemplo é: “Nem imagino o quanto essa situação seja assustadora, mas estou aqui com você. Não precisa ter medo, você está segura.”
  4. A sua amiga pode se sentir desconfortável com qualquer toque, mesmo que seja o seu abraço alentador. Essa reação é muito normal, então respeite o desejo dela. Não se esqueça de perguntar antes de tentar dar um abraço ou de fazer qualquer outro gesto de apoio. No entanto, se ela disser que quer um abraço, não negue!
  5. A sua amiga precisa ter a noção de que é compreendida. Fale: “Sei que esse evento gerou um impacto muito grande na sua vida. Entendo que você pode sentir que não consegue superar ou esquecer.” [4]
    • Evite falar coisas do tipo: “Não tem problema, acontece com muita gente.” Não diga: “Agora que já foi você pode tirar isso da sua cabeça.”
    • Dê incentivo com uma frase como: “Será difícil superar, mas eu acredito em você. Você é uma sobrevivente e um dia tudo isso vai passar, mesmo que demore um pouco.”
  6. Lembre-a de que a sua intenção é dar apoio e atenção. Mesmo que você ache que tem uma solução melhor, não pressione a sua amiga nem a force a tomar uma atitude com a qual ela não se sinta confortável. [5]
    • Por exemplo, não a obrigue a prestar queixas na polícia caso ela não esteja preparada.
    • Deixe-a decidir também a quem mais contar e quando.
    • Caso ela ainda permaneça indecisa, você pode ajudar com as opções, sem deixar implícito o que acha melhor nem tirar o poder de decisão dela. Pergunte: “Você gostaria de __ ou __?”
  7. Essa situação é difícil e nem sempre é possível encontrar as melhores palavras a usar. Se a sua amiga reagir de forma negativa a alguma coisa que você disser, peça desculpa na hora. Todos cometem erros.
    • Experimente dizer: “Eu te chateei, não é? Mil desculpas, amiga, não vou mais falar isso.”
    • Você também pode confirmar a experiência dela. Por exemplo, se acabou dizendo sem querer que o abusador confundiu os sinais que ela deu, fale: “Desculpa por ter dito que ele confundiu os seus sinais. Ele devia ter perguntado antes de continuar se estivesse confuso. Você não fez nada de errado.”
    • Seja firme com o seu apoio e repita que não foi culpa dela. Talvez você até precise ser uma pessoa mais enfática e dizer: “Ninguém tem o direito de machucar outra pessoa dessa forma!”
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Método 2
Método 2 de 3:

Encontrando recursos para ajudar a sua amiga

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    Informe-se melhor sobre o Mapa do Acolhimento. Essa é uma plataforma que conecta mulheres que sofreram qualquer tipo de violência de gênero, incluindo abuso sexual e estupro, a uma rede de terapeutas e advogadas que se dispõem a ajudar de forma voluntária. Dê uma olhada no site e veja se a sua amiga deseja se cadastrar.
  2. Caso a sua amiga peça ajuda para fazer uma denúncia, leve-a a uma Delegacia da Mulher. Em caso de estupro, o ideal é que ela procure a delegacia em até 72 horas, mas tudo bem se passar do prazo. Lá, ela será orientada a registrar a ocorrência e será encaminhada ao atendimento hospitalar. [6]
    • Você pode ajudar a sua amiga oferecendo companhia, além de palavras de apoio e conforto emocional com a sua presença.
    • Muitas vítimas de violência sexual têm medo ou vergonha de procurar a polícia. É uma situação normal, então não pressione a sua amiga. Porém, lembre-a da lei: se ela tiver mais de 18 anos, deve fazer um BO até seis meses depois do crime. Depois desse prazo, ela perde o direito de denunciar. Se for menor de idade, tem até 20 anos para fazer a denúncia a partir do momento que completar 18 anos.
  3. Se ela desejar ajuda médica, ofereça opções, como um pronto-socorro público ou particular caso ela tenha convênio. Como essa etapa é assustadora, continue a oferecer apoio e incentivo, principalmente porque é importante que a sua amiga tome um coquetel antirretroviral para evitar o HIV em até 72 horas, além da pílula do dia seguinte se for necessário. [7]
    • A sua presença durante o procedimento pode deixar a sua amiga mais segura e confortável. Porém, respeite a decisão dela.
    • As evidências do crime que contêm o DNA precisam ser colhidas em até 72 horas. Por isso, é importante registrar o BO na delegacia e fazer o exame de corpo de delito com um médico forense no IML. As evidências coletadas são utilizadas no processo.
  4. A sua amiga pode se sentir sozinha e assustada. Se ela souber que há vários recursos à sua disposição, pode se sentir melhor. Você pode dar uma listinha com todas as organizações que ela pode procurar.
    • Ela pode procurar Centros Especializado de Atendimento à Mulher, onde há acolhimento e orientação e encaminhamento jurídico para casos de violência. [8]
    • Além disso, a sua amiga também pode ir ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) mais próximo. [9]
  5. Depois de um episódio de violência sexual, a sua amiga pode sentir muitas emoções: ela pode ficar em choque, assustada, com raiva ou com vergonha. Um psicólogo pode ajudá-la a processar e lidar com tais emoções. Com tato, sugira que ela procure um terapeuta. [10]
    • Fale algo como: “Fazer terapia pode ajudar bastante. Você quer que eu entre em contato com psicólogos particulares para perguntar o preço das consultas e pedir informações?”
    • Se ela aceitar, encontre algumas opções para ela escolher. Se rejeitar, deixe quieto.
    • A sua amiga também pode procurar atendimento psicológico gratuito pelo SUS ou em uma faculdade de psicologia. Também há profissionais que oferecem consultas a preços populares.
  6. Se a sua amiga se sentir isolada, talvez seja uma boa que ela tenha contato com outras sobreviventes de violência sexual. Pergunte se ela gostaria da sua ajuda para achar um grupo de apoio. Caso ela concorde, procure uma opção na cidade de vocês ou online. A sua amiga pode se sentir apoiada e aliviada se souber que há várias formas de obter ajuda. [11]
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Método 3
Método 3 de 3:

Oferecendo ajuda em longo prazo

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  1. A violência sexual não é uma coisa que possa ser superada num piscar de olhos. O processo de recuperação é longo. É ótimo oferecer conforto na hora, mas não se esqueça de que você precisa continuar a apoiá-la. Entenda que, por um tempo, a sua amiga pode ficar mais irritadiça ou isolada, o que é normal. [12]
    • Evite falar: “Você ainda não melhorou?” ou “Nossa, ainda essa mesma questão?”
  2. Talvez a sua amiga não demonstre nenhum sinal de que ainda está às voltas com o trauma, mas nem sempre a falta de sinais significa que ela está 100% recuperada. De vez em quando, pergunte como ela está. Mande uma mensagem e fale: “Estava pensando em você. Me dá um toque se precisar conversar, ok?” [13]
    • Continue chamando a sua amiga para fazer coisas. Não pressuponha que ela não quer mais se divertir. Não pare de convidá-la para tomar um café, andar no parque ou ver um filme.
  3. Mostre que você se importa mandando lembretes para ela não se abandonar. Muitas vítimas de abuso sentem vergonha ou pensam que não são dignas de coisas boas. Incentive a sua amiga a fazer atividades que ela adore e até mesmo a se mimar um pouco. [14]
    • Por exemplo, sugira um brigadeiro da padaria favorita dela.
    • O autocuidado também envolve a alimentação saudável e exercícios físicos. Incentive a sua amiga a se tratar com carinho.
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    Convide-a para eventos sociais que não envolvam álcool ou drogas. Não exclua a sua amiga de eventos sociais em grupo, mas entenda que, por um tempo, ela pode não se sentir à vontade com mais pessoas. Deixe claro que você pode sair só com ela se for o caso. Algumas atividades legais que vocês podem fazer são:
    • Jogar boliche, cartas ou um jogo de tabuleiro com alguns amigos.
    • Tomar um café ou jantar em um restaurante legal.
    • Fazer uma caminhada ou andar de bicicleta.
    • Ir ao cinema.
  5. Dar apoio a uma amiga é muito importante, mas também é uma barra. Você também terá que lidar com as suas próprias emoções, como frustração e ansiedade, então lembre-se de pegar leve consigo. Saia com outros amigos, não deixe as suas necessidades de lado e faça terapia se precisar. [15]
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