Como Criar um ARG (Jogo de Realidade Alternativa)

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Um guia completo para criar o seu próprio jogo de realidade alternativa do zero.
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E se você pudesse criar um jogo que fosse além do tabuleiro, da TV ou do videogame? Que tipo de história você contaria se os jogadores estivessem jogando em tempo real, no mundo real? Os jogos de realidade alternativa são um gênero fascinante e único de jogar e contar histórias, sendo uma novidade entre as mídias de vanguarda. Há muito para se desmistificar sobre eles, mas é por isso que estamos aqui! Continue lendo e nós vamos guiar você na criação de um jogo de realidade alternativa do zero.

O que você precisa saber

  • Construa o jogo de cima para baixo, focando no enredo e ritmo primeiro e deixando os detalhes menores para o final.
  • Use qualquer meio que quiser para construir seu jogo. Não há regras, então você pode escrever, filmar, gravar ou criar o que quiser.
  • Você pode colocar a quantidade de história e narrativa que quiser. Alguns jogos de realidade alternativa, como geocaching ou Pokémon Go não tem enredo nenhum!
  • Os jogos de realidade alternativa costumam ser bem leves no componente “jogo”. Então, contanto que seus jogadores estejam curiosos, você está fazendo um bom trabalho como escritor.
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Familiarize-se com o que torna os jogos de realidade alternativa únicos.

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  1. Quer saber o que um jogo de realidade alternativa é? Também conhecidos como jogos de não ficção, eles são uma narrativa interativa que conta com a experiência que o jogador tem no mundo real como ponto de partida para as coisas que vão acontecer. É como se o jogo se passasse no mundo real.
    • Os jogos de realidade alternativa, muitas vezes, têm diversas formas de mídia, como textos, sites, objetos, vídeos e afins para fazer os jogadores mergulharem na história ou experiência (ao contrário dos jogos tradicionais ou obras de literatura).
    • Escape rooms, mistérios de assassinato e caças ao tesouro feitas em espaços físicos são exemplos simplificados do que seria um jogo de realidade alternativa. Porém, a maioria deles costuma ser mais complexo e misterioso.
    • Junko Junsui é um exemplo famoso de jogo de realidade alternativa. Depois de assistir a um vídeo estranho, os jogadores precisam ir para “174.133.240.117”, encontrar “o inimigo” e adicionar várias contas falsas do Facebook para resolver um mistério enigmático e derrotar um culto fictício.
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Faça um esboço do enredo.

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  1. Você não precisa escrever um livro se não quiser, mas, pelo menos, defina um começo, meio e um fim. Qual é o conflito? Por que os jogadores têm que agir? Onde a história acontece? Não tem problema algum se as respostas para essas perguntas forem simples, mas a história principal deve direcionar o que você escreve e o visual do jogo. [1]
    • Seu jogo não precisa de um enredo complicado para ser interessante. O Geocaching é um jogo de realidade alternativa e não tem enredo nenhum.
    • Por exemplo, o seu enredo pode ser sobre uma organização secreta que quer verificar o trabalho de detetives que pretende contratar fazendo-os resolver problemas muito complexos.
    • Você também pode criar uma vertente da narrativa onde as decisões ou os acertos e erros dos jogadores mudem a história.
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Mantenha a linha do tempo em mente.

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  1. Não tem como apertar um botão de “pausa” na realidade, então pense em quanto tempo o jogo demorará para ser finalizado. O Cicada 3301, o famoso jogo de criptograma e mistérios, levava três anos para ser terminado pelos jogadores. É bem difícil manter a atenção de um jogador por tanto tempo, então tente manter o seu jogo entre seis a 10 horas, se for possível. [2]
    • Alguns jogos de realidade alternativa não têm limites. Fica a critério do usuário definir quando a história começa e termina. O Pokémon Go é um exemplo famoso deste tipo de jogo.
    • Muitos jogos de realidade alternativa são jogados como projetos arqueológicos: cada elemento do jogo é apresentado desde o começo e é tarefa do jogador resolver o mistério com as peças ou montá-las para solucioná-lo.
    • Se optar por uma narrativa não linear, leve a complexidade de cada tarefa em conta quando for monitorar a linha do tempo.
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Invente algo que prenda os jogadores.

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  1. Você pode atrair os jogadores compartilhando um texto assustador que se conecta a um aplicativo, criando um código QR com um link para um site misterioso ou colocando pôsteres com instruções de como jogar. É preciso deixá-los curiosos, mas, ao mesmo tempo, dar contexto suficiente sobre a história para que eles saibam tudo que precisam. [3] Veja abaixo bons exemplos de precursores para este tipo de jogo:
    • “Eles estão se comunicando conosco pelo rádio. Baixe o aplicativo e encontre a frequência certa. Depois, você receberá mais instruções. Juntos, nós podemos combatê-los.”
    • “Ao seu redor existem várias mensagens escondidas. São sinais de que estamos sendo invadidos por ladrões de corpos que têm a mesma aparência que a minha e a sua. Você vai lutar para salvar a humanidade?”
    • Os jogadores recebem uma imagem estranha de um polvo apontando para um sinal de “pare” na sua cidade. Se eles forem até o lugar onde a placa está, encontrarão um anúncio procurando exploradores marítimos com papéis que contém uma URL que leva ao jogo.
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Escolha os meios.

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  1. Você pode criar um jogo de realidade alternativa com qualquer coisa, então escolha meios com os quais você goste de trabalhar. Você pode criar um jogo só com textos ou usar ilustrações para contar a história sem escrever nenhuma instrução. [4] As opções mais usadas são:
    • Criar um site. Faça uma página simples na internet para compartilhar partes da narrativa, mistérios para resolver ou dicas.
    • Gravar arquivos de áudio . Você pode criptografar arquivos de áudio com dicas e mistérios a serem solucionados ou usar trechos para contar a história.
    • Fazer objetos na vida real. Você pode esconder objetos feitos de origami para agirem como dicas ou fazer artefatos falsos de uma civilização perdida para os jogadores encontrarem.
    • Escrever documentos falsos. Os documentos falsos compõem uma grande parte de muitos jogos de realidade alternativa. Podem ser cartas, extratos bancários, documentos jurídicos e outros materiais escritos que vêm de personagens fictícios.
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Defina como o jogador vai colaborar.

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  1. Não existe jogo sem que os jogadores participem da narrativa. Eles terão que decifrar palavras ocultas? Encontrar dicas? Traduzir código morse? Mantenha os jogadores ativos e engajados deixando que eles façam escolhas durante o jogo. [5]
    • Se a história é sobre derrotar um demônio de outro planeta, os jogadores podem ter que encontrar runas na área e colocá-las na ordem certa para salvar o mundo.
      • Neste exemplo, os jogadores estão criando a história com você encontrando o que precisam e resolvendo os mistérios ou falhando e deixando a humanidade se acabar.
    • Mesmo que alguns jogos de realidade alternativa sejam pensados como uma experiência para um só jogador, a maioria é feita para ser jogada com outras pessoas, se o jogador quiser. Eles podem resolver os mistérios sozinhos ou compartilhar as provas que encontrarem.
    • Por exemplo, The Backrooms é um jogo de realidade alternativa de narrativa sobre um mundo escondido para onde as pessoas podem ir por acidente. Os jogadores participam como personagens online compartilhando novas descobertas e fingindo que estão presos lá.
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Mantenha as coisas simples.

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  1. Não há problema nenhum em inventar mistérios complicados que precisem de pensamento crítico para resolver, mas os elementos do jogo em si não devem ser difíceis de analisar ou entender. Em outras palavras, não ponha um mistério dentro de uma dica que se refere a outro quebra-cabeças. Dê uma tarefa por vez e tente deixá-las intuitivas. [6]
    • Quando for testar o jogo, peça para seu irmão menor jogá-lo (se tiver irmãos pequenos). Eles mostrarão se o jogo está complicado demais ou não.
    • Já que você não estará ao lado do jogador para responder perguntas ou dar dicas, não terá como ajudá-lo se ele ficar travado em alguma parte.
    • Por exemplo, você pode fazer os jogadores resolverem equações para descobrir a senha para entrar em um site onde há arquivos secretos.
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Desenvolva os personagens.

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  1. Os personagens nativos do jogo podem aparecer em vídeos, fotos ou na forma escrita. Já que os jogadores não podem interagir diretamente com eles (a menos que seu jogo de realidade alternativa seja um videogame), os personagens que você desenvolver terão maior impacto. Deixe-os mais vívidos para reforçar o tom do jogo ou para dar tarefas, dicas e instruções para os jogadores e manter o jogo rolando. [7]
    • Por exemplo, se o clima do seu jogo for cyberpunk, peça para alguns amigos se vestirem com esse estilo para tirar fotos ou gravar vídeos e incorpore este material no seu jogo.
    • O seu jogo de realidade alternativa pode ter um vilão. Se tiver, o que ele quer? Por que ele está em conflito com o jogador?
    • É muito raro os jogos de realidade alternativa terem personagens tradicionais. O jogador geralmente entra como ele mesmo.
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Conecte o jogo com a história.

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  1. Enquanto estiver construindo o seu jogo, procure fazer com que as ações do jogador façam sentido com relação à mensagem da história. Se as tarefas do jogador não fizerem sentido no contexto da história, ele perderá o interesse. [8]
    • Por exemplo, se os seus jogadores estiverem lutando contra um vírus pandêmico, você pode fazer com que os mistérios que ele tem que desvendar fiquem cada vez mais confusos ou difíceis de resolver à medida que ele vai ficando mais doente.
    • É por isso que os escape rooms são jogos de realidade alternativa tão populares. O tempo limitado junto com o fato de que estar em um lugar fechado criam a sensação de que você está preso.
    • Quando o jogo e o tema de história não combinam, cria-se uma dissonância ludo narrativa: uma sensação de estar “perdido” ou de que algo está “errado” quando as coisas não fazem sentido.
      • Um bom exemplo disso é o Michael de Grand Theft Auto 5 . O personagem deveria tentar se tornar um pai de família, mas mata pessoas em todas as missões.
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Inclua uma sensação de vitória.

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  1. Você pode dar como prêmio um texto explicando que ele salvou o mundo, resgatou a filha do presidente ou qualquer que seja o objetivo da sua história. Se preferir, pode dar ao jogador um token para demonstrar que ele completou o jogo. [9]
    • Em muitos jogos de realidade alternativa, a sensação de perda vem de não saber como a história termina.
    • Não tem problema nenhum em não ter vitória ou derrota se o seu jogo não tiver limite de tempo ou se o arco da história puder ser repetido infinitamente.
    • Voltando para a ressonância narrativa por um momento, se o seu jogo for, em sua maioria, narrativo, a vitória deve se expressar com narração. Se for sobre solucionar mistérios, a última tarefa deve ser resolver um que entretenha bastante o jogador.
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Tente deixar o seu jogo sem cara de jogo.

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  1. Coloque a construção do seu universo e a história em primeiro plano. Existe até uma frase popular entre os designers de jogos de realidade alternativa: “isto não é um jogo”. Lembre-se de que você não está fazendo um videogame ou um jogo de tabuleiro. O objetivo é dar aos seus jogadores uma experiência única, que eles nunca vão esquecer, então não faça jogo parecer um jogo. [10]
    • Em outras palavras, se você tem uma ótima ideia para o enredo e não sabe como convertê-la em tarefas para os jogadores, nem tente. Dê o material ao jogador, seja em texto, vídeo ou algum formato digital e siga em frente. Eles não precisam estar sempre fazendo alguma coisa.
    • Muitos jogos de realidade alternativa não fazem os jogadores sentirem que estão jogando. Eles parecem mais como uma comunidade de compartilhamento de histórias ou experimentos com mistérios para resolver. Murder , por exemplo, é uma história onde você tem que escolher a sua própria aventura e que envolve fazer algumas coisas em casa.
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Dicas

  • Se estiver procurando inspirações, alguns dos jogos de realidade alternativa mais famosos são: Oxenfree, The White Door, Magiczny Świat Ani, Sombra e Hello Neighbor.
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Referências

  1. ↑ https://docs.lib.purdue.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1975&context=iatul
  2. ↑ https://www.theringer.com/2016/8/25/16038806/video-game-length-playtimes-f7b8e38f949f
  3. ↑ https://talkingobjects.files.wordpress.com/2011/08/book-2-robert-pratten.pdf
  4. ↑ https://talkingobjects.files.wordpress.com/2011/08/book-2-robert-pratten.pdf
  5. ↑ https://talkingobjects.files.wordpress.com/2011/08/book-2-robert-pratten.pdf
  6. ↑ https://talkingobjects.files.wordpress.com/2011/08/book-2-robert-pratten.pdf
  7. ↑ https://talkingobjects.files.wordpress.com/2011/08/book-2-robert-pratten.pdf
  8. ↑ https://www.fredericseraphine.com/index.php/2016/09/02/ludonarrative-dissonance-is-storytelling-about-reaching-harmony/
  9. ↑ https://ludogogy.co.uk/article/designing-win-states-in-games-to-keep-players-playing/
  1. ↑ https://www.argn.com/2005/04/this_is_not_a_game/

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