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O vício em jogo, também conhecido como ludomania, é caracterizado por uma compulsão incontrolável por bets e outros jogos de azar — a qual pode levar a problemas psicológicos, financeiros, profissionais e até legais. É um problema epidêmico no Brasil após a popularização das bets e dos cassinos online (como o popular Jogo do Tigrinho). [1] É difícil combater a situação, visto que ela ativa o sistema de recompensa do cérebro (assim como qualquer outro vício). [2] Por outro lado, o primeiro passo em direção à recuperação é admitir que o problema existe. A partir de então, basta lidar com a situação e os fatores que a trazem à tona e, finalmente, buscar ajuda e apoio.

Método 1
Método 1 de 3:

Reconhecendo e admitindo o vício

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  1. Admitir que você tem um problema é o primeiro passo para resolver a situação e começar a modificar o seu comportamento.
    • Os principais sinais e sintomas de vício em jogo são: ficar empolgado com os riscos de jogo, encarar situações cada vez mais incertas, ficar preocupado com apostas, reviver experiências do passado (seja na imaginação ou contando as histórias a outras pessoas), usar o jogo como válvula de escape, sentir remorso e culpa após participar de partidas e ser incapaz de mudar sozinho.
    • Além disso, o vício em jogo leva a outros problemas sociais: afastar-se da família e do trabalho, mentir sobre a situação ou pedir dinheiro emprestado para apostar.
    DICA DE ESPECIALISTA

    Tiffany Douglass, MA

    Fundadora da Welness Retreat Recovery Center
    Tiffany Douglass é Fundadora da Wellness Retreat Recovery Center, uma Organização Licenciada pela JCAHO (sigla para Comissão pela Credenciação de Organizações de Saúde) especialista no tratamento do vício em álcool e drogas em San Jose, California. Ela é Diretora Executiva da JourneyPure em Midland, Tennesee. Tem mais de dez anos de experiência no tratamento de abuso de substâncias e foi eleita Embaixadora Global da Boa Vontade em 2019 por seus esforços no tratamento de dependências químicas. Tiffany se formou em Psicologia pela Emory University em 2004 e concluiu seu Mestrado em Psicologia com ênfase em Coomportamento de Organização e Avaliação de Programas pela Claremont Graduate University em 2006.
    Tiffany Douglass, MA
    Fundadora da Welness Retreat Recovery Center

    Nossa especialista afirma: Se prestar atenção, você vai conseguir ouvir uma voz na sua cabeça por trás de todas as suas tentativas de racionalização ou distorções que usa para justificar o comportamento. Essa voz diz a verdade. Se ela contar que você tem um problema de vício em jogo, vale a pena buscar ajuda profissional o quanto antes.

  2. Jogar e apostar em excesso podem causar uma série de problemas: em relacionamentos, na vida financeira, com a justiça, no trabalho, com o uso de substâncias químicas, de saúde física e até de saúde mental (depressão, por exemplo).
    • Você deixa de trabalhar para jogar? Aposta usando dinheiro que estava guardado na poupança ou para contas? Estoura o limite do cartão de crédito? Não quer contar à sua família como gasta o dinheiro? Se você respondeu "sim" a qualquer uma dessas questões, é porque tem um vício.
    • Faça uma lista de todas as consequências do vício na sua vida e tente identificar quem você mais magoou com esse comportamento, como amigos e familiares.
  3. Pode ser que você comece a enxergar melhor as consequências do vício se souber os riscos que ele envolve.
    • O vício em jogo pode causar depressão, ansiedade, agressividade e problemas de relacionamento, além de aumentar o risco de suicídio. [3]
    • O vício também aumenta os níveis de estresse (pelo hormônio cortisol) e a frequência cardíaca, os quais são perigosos. [4]
    • O vício em jogo reduz as habilidades de tomada de decisão e impede que a pessoa enxergue as consequências dos próprios atos. [5]
  4. Não tente manter as suas finanças e o seu vício em segredo. Seja honesto consigo mesmo e com os outros sobre a situação.
    • Pague todas as contas em dia e reserve dinheiro para emergências.
    • Some as quantias que você já gastou com o vício em jogo e pense no que daria para comprar e nas contas que poderia pagar com esse valor.
    • Sempre que você tiver uma recaída, avise isso para pessoas amadas. Você e sua rede de apoio precisam de sua honestidade.
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Método 2
Método 2 de 3:

Combatendo os gatilhos do vício

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  1. Vai ser mais fácil lidar com os seus impulsos em jogo se você souber o que os traz à tona. Isso vale para pensamentos, sentimentos, situações e comportamentos. Por exemplo: você tem vontade de jogar quando está com amigos que também jogam?
    • Comece a relatar tudo o que pensa em um diário. Pare por um instante sempre que tiver vontade de jogar e anote o que está passando pela sua cabeça (pensamentos intrusivos), o que você está sentindo (como tédio ou tristeza) e formas de lidar com a situação sem ceder.
    • Você fica com vontade de jogar quando sente emoções negativas, como estresse e tristeza? Se sim, talvez seja hora de buscar formas mais saudáveis de lidar com elas.
    • Você joga quando quer sentir algum semblante de emoção? Se sim, talvez o seu maior gatilho seja o tédio. Nesse caso, pense em outras formas de ocupar o seu tempo sem ter que ceder ao vício.
    • Ouça música. Ouvir música pode ajudar a relaxar o corpo e, de quebra, reduzir o impulso de jogar. [6]
  2. Uma pessoa viciada em jogo é incapaz de apostar de forma controlada, já que fica presa à sensação de adrenalina quando está colocando o vício em prática. Nesses casos, é melhor nem arriscar.
    • Desinstale todos os aplicativos de apostas do seu celular. Utilize aplicativos que bloqueiem ou restrinjam seu acesso a sites de bets. A forma que você encara o uso do celular e os gatilhos que o levam a apostar podem ser tratados com terapia cognitivo-comportamental. [7]
    • Se os seus amigos convidarem você para uma partida de truco, pôquer ou afins, seja honesto consigo mesmo e com eles e diga que não dá para abrir exceções. Tente sugerir outra atividade a todo mundo.
    • Você deve ficar longe de todos os gatilhos possíveis no início do processo de recuperação.
    • Não vá a lugares que incentivem o seu vício, como casas de jogos. Vai ser muito difícil (ou até impossível) resistir ao impulso por jogar nessas situações.
  3. Ter o hábito de pensar negativo — como alimentar crenças irracionais, a ilusão de controle e a falácia do apostador — pode aumentar o risco de comportamentos nocivos. [8] [9] Aprenda a identificar e modificar esses pensamentos para mudar de fato.
    • Muitas pessoas viciadas em jogo têm a ilusão de que são capazes de controlar o resultado dos jogos. Você precisa entender que isso não é possível, independentemente do tipo de jogo (de cartas, pôquer on-line, apostas em partidas de esportes, máquinas caça-níqueis etc.). Cada lançar de dados é independente e aleatório.
    • A falácia do apostador acontece quando alguém acredita que um evento aleatório tem menos chances de acontecer devido a um evento anterior. Por exemplo: imagine uma pessoa que acredita que tem menos chances de perder em uma partida de cartas porque já perdeu antes; portanto, ela acredita que vai ganhar da vez seguinte, mesmo que suas chances sejam estatisticamente as mesmas.
    • Muitas pessoas viciadas em jogos também adotam uma postura supersticiosa e acham que incidentes aleatórios têm significados reais. Por exemplo: imagine uma pessoa que sempre aposta nos mesmos números na loteria porque acredita que são os seus "números da sorte". Na verdade, esse tipo de superstição também é fruto de eventos aleatórios e não tem fundamento na realidade.
    • Aprenda a pensar de forma lógica sobre as consequências e os resultados das situações em que você cede ao vício em jogo. [10] Pense no dinheiro perdido toda vez que sentir vontade de apostar.
  4. Você vai ter mais chances de limitar ou até acabar com o seu vício se formar uma espécie de mantra para os momentos em que a vontade bater.
    • Comece pensando "É arriscado demais. Eu sei que não vou conseguir parar se começar. Preciso evitar essa situação a todo custo".
    • Experimente mantras e ideias diferentes até achar algo que seja eficaz de fato. Você pode anotar tudo em cartões de consulta e reler em voz alta nos momentos de tensão.
  5. O consumo de substâncias químicas, como álcool e outras drogas, está ligado a um aumento no vício em jogos. [11] Isso acontece porque essas substâncias (que podem levar a um quadro ainda mais sério: a dependência química em si) reduzem as inibições e a capacidade de tomar decisões lógicas.
    • Evite consumir muito álcool. Beber um pouco não gera tanto problema (dependendo da sua tolerância e do seu peso), mas ficar embriagado é um fator de risco enorme para o vício em jogo. Você vai ter muito mais dificuldade de resistir às tentações se estiver fora de si.
  6. Algumas pessoas ficam viciadas em jogos porque não conseguem controlar os próprios impulsos. [12] Eles funcionam como aqueles desejos que muitas grávidas têm: vontades enormes e automáticas de alguma coisa (no caso, de jogar).
    • Pare e respire fundo sempre que você sentir um impulso para jogar.
    • Reflita sobre o que você está pensando e sentindo. O que está passando pela sua cabeça? E pelo seu coração?
    • Busque formas de lidar com a situação ou atividades alternativas e coloque-as em prática.
  7. Certos humores, sobretudo depressão e ansiedade, podem ter uma ligação direta com o vício em jogo. [13] Se é o seu caso, busque formas mais saudáveis de lidar com emoções negativas.
    • Tente relatar as suas emoções em um diário, se expressar por meio das artes e da dança ou até desabafar com um amigo ou familiar de confiança.
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Método 3
Método 3 de 3:

Buscando ajuda e apoio

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  1. O apoio social é parte indispensável do processo de recuperação de qualquer vício.
    • Revele o que está vivendo à sua família (se é que ela ainda não sabe). Diga algo como "Eu estou com problemas para lidar com a vontade de jogar. Sei que isso só trouxe coisas ruins à minha vida e quero parar. Gostaria de contar com o apoio de vocês".
    • Converse com amigos sobre o que está acontecendo. Eles podem ajudar você a evitar os seus gatilhos. Diga "Talvez vocês não saibam, mas eu sou viciado em jogo e quero me recuperar. Preciso muito do seu apoio nesses momentos". Eles vão entender e, se for o caso, sugerir novas formas de sair e se divertir que não envolvam jogos e apostas.
  2. Grupos de apoio são espaços seguros para pessoas viciadas em jogo discutirem suas respectivas situações. Estar em meio a outros que passam por circunstâncias parecidas com a sua também pode ser reconfortante e até facilita o processo de recuperação.
    • O Jogadores Anônimos, por exemplo, é um programa parecido com o Alcoólicos Anônimos e que pode ajudar bastante. [14]
  3. O seu vício está fora de controle nas seguintes situações: se começar a afetar seus relacionamentos, suas finanças, seu trabalho, seus estudos etc.; se ocupar tempo e energia demais na sua vida; se você não conseguir parar sozinho; se tentar ocultar o problema das outras pessoas; se recorrer ao furto e outras atividades criminosas para apostar; ou se você pedir ajuda financeira a alguém para apostar de novo. Essas circunstâncias podem ser cumulativas e piorar muito a situação.
    • Entre em contato com o representante do seu plano de saúde e peça uma lista de psicólogos que aceitam o convênio. Se você não tem plano de saúde, busque um profissional cujos valores caibam no seu bolso ou mesmo algum serviço público e gratuito.
    • Comece perguntando ao terapeuta quais são as formas ideais de lidar com o seu vício e se você deve consultar um psiquiatra (no caso de precisar de medicação). [15]
  4. Você vai conseguir escolher melhor o tratamento ideal para o seu caso se estiver familiarizado com as opções.
    • A terapia comportamental é uma das formas mais comuns. Nela, o paciente é exposto sistematicamente ao comportamento que precisa combater (no caso, o vício) e aprende técnicas para reduzir esse impulso.
    • A terapia cognitivo-comportamental (TCC) também é bastante eficaz. Nela, o terapeuta ajuda o paciente a identificar crenças nocivas, irracionais e negativas e substituir tudo isso por alternativas saudáveis. [16]
  5. Tomar medicação é uma opção possível se você não conseguir controlar o vício de jeito nenhum. Antidepressivos e estabilizadores de humor ajudam a tratar quadros parecidos com o vício em jogo, mas não tratam o vício em si. [17] [18]
    • Converse com um clínico geral ou psiquiatra sobre essa possibilidade, pois a maioria dos medicamentos é vendida com receita.
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