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Uma pesquisa de mapeamento tem por objetivo pesquisar todas as emissoras de rádio de determinada região de interesse. O mapeamento prevê visitas técnicas às rádios e entrevistas com os profissionais, buscando uma melhor compreensão da comunicação radiofônica em determinado campo de abrangência.

  1. Num primeiro momento é preciso definir o que se pretende mapear. A seleção do campo de abrangência pode ser feita a partir de critérios geográficos (mapear emissoras localizadas em determinada cidade, região, estado, país, etc.) e/ou por outras categorias (mapear rádios educativas, radiadoras, rádios livres, emissoras vinculadas a instituições religiosas, rádios all news, web rádios, etc.). Vários critérios também podem ser combinados, como por exemplo: “mapear emissoras que possuem concessões comunitárias, educativas e comerciais na região metropolitana do Cariri – Ceará, Brasil”.
  2. O questionário que irá direcionar o mapeamento só pode ser elaborado depois de definida a zona de abrangência da pesquisa e depois de estabelecidos os itens específicos que interessam para o estudo. Tente responder a seguinte pergunta: o que se pretende pesquisar nestas rádios? Enumere cada um dos subtemas relacionados aos propósitos da pesquisa. Por exemplo, numa pesquisa em emissoras comerciais pode ser interessante saber sobre o histórico da rádio, a programação, a produção jornalística, a estrutura física, o corpo de profissionais, a relação com o público, etc.
  3. Definidos os eixos temáticos, o passo seguinte é desenvolver cada um deles com a formulação de perguntas. Para saber, por exemplo, sobre o tópico “histórico da emissora”, é preciso elaborar questões bem específicas, como “Quando a rádio foi inaugurada?”, “Quem foi(foram) o(s) fundador(es)?”, “Qual foi a motivação para a criação da emissora?”, etc. O questionário poderá conter perguntas abertas e/ou fechadas, dependendo do tipo de dados que se pretende coletar.
    • Para uma pesquisa quantitativa, priorize questões fechadas com respostas curtas e delimitadas. Por exemplo: “Qual é a categoria da concessão da emissora de rádio? ( ) Comunitária ( ) Educativa ( ) Comercial”. A vantagem de um questionário com este tipo de perguntas é a facilidade maior que se pode ter no cruzamento das respostas e a possibilidade de contabilização matemática dos dados.
    • Já numa pesquisa qualitativa, as questões são abertas, sem respostas pré-definidas. Por exemplo: “Como foi organizada a programação da emissora?” “Como é o processo de produção de notícias?” “Como a rádio se mantém financeiramente?” A vantagem dos dados qualitativos é permitir um aprofundamento maior na análise de fenômenos e processos.
  4. Busque os contatos das emissoras: endereço, telefone, e-mail, site, redes sociais, etc. Há muitos desses dados que podem ser obtidos na própria audição da programação, pois os locutores geralmente mencionam telefones para contato e, às vezes, logradouros e endereços eletrônicos.
    • Outra opção é fazer a pesquisa em sites de busca na internet. Selecione uma das emissoras para iniciar o trabalho de mapeamento. Faça o contato prioritariamente por telefone, pois a conversa é mais direta e a resposta imediata. Contatos online podem ser facilmente ignorados, o que pode atrasar o andamento da pesquisa. Ao entrar em contato, seja educado, apresente-se como pesquisador(a) e fale sobre a pesquisa. É importante mencionar a instituição, os objetivos e a metodologia da pesquisa.
    • Peça para falar com algum responsável pela emissora se já não for o caso. Solicite o agendamento de uma visita técnica e entrevista com um profissional da emissora (ou mais de um, se for o caso) que esteja ligado à administração, gerência, diretoria de programação e/ou departamento de jornalismo, dependendo dos propósitos da pesquisa. Marque dia, horário, confirme o endereço, o(s) nome(s) e função(ões) do(s) entrevistado(s), e não se esqueça de agradecer ao final.
  5. Tente sintonizar a frequência da emissora em um receptor de rádio ou busque pelo endereço da emissora na internet caso haja transmissão online. Na fase de audição da programação, o pesquisador já pode identificar alguns itens importantes do questionário: se a rádio veicula conteúdo musical, religioso, jornalístico, publicitário, se retransmite programação de outras emissoras, se há participação do público na programação, etc. Além disso, pode-se também conferir o horário de funcionamento da emissora: se é 24h, se inicia a programação mais tarde e encerra mais cedo, se tem menos horas de programação nos fins de semana, etc. Esta fase é importante na preparação dos pesquisadores, pois é melhor chegar para as entrevistas técnicas já demonstrando algum conhecimento sobre a emissora.
  6. É importante também fazer uma pesquisa prévia na internet sobre as emissoras de rádio que serão mapeadas. Sites como Anatel, Donos da Mídia e Ministério das Comunicações (ou outro departamento ao qual a comunicação esteja vinculada no governo vigente) fornecem dados técnicos importantes sobre a radiodifusão no Brasil. Investigue itens como: proprietário da concessão, frequência e categoria da emissora, vinculação a algum grupo político ou religioso, filiação a algum conglomerado de comunicação, etc. Pesquise o que a legislação do país fala sobre o funcionamento de emissoras de rádio, quais são as exigências burocráticas, técnicas e de programação. Esta investigação é importante para posteriormente confrontar os dados oficiais com as informações que forem fornecidas nas entrevistas com os profissionais das emissoras.
  7. Revise o questionário com atenção e estude cada um dos itens. Separe e confira todo o material necessário para a visita técnica. Assuma uma postura profissional e científica.
  8. Chegue ao local na hora marcada. Apresente-se, apresente a pesquisa, a instituição, e mostre a documentação que autoriza a pesquisa. Comente sobre o horário agendado para entrevista com os profissionais da emissora. Observe a localização da emissora, o prédio em que está instalada, a estrutura interna e outras particularidades do ambiente.
  9. Converse previamente com o entrevistado, apresentando-se novamente e introduza o tema da entrevista. Pergunte se pode gravar a conversa em áudio, e esclareça que o material será utilizado na posterior elaboração de um relatório da visita técnica. Solicite alguns dados importantes como o nome completo e a função na emissora. Tenha o questionário em mãos e inicie a entrevista pelas questões que forem mais relacionadas à atividade exercida pelo profissional que está sendo entrevistado.
    • Por exemplo, se o entrevistado for do setor de jornalismo, não faz sentido fazer perguntas mais burocráticas; muito menos o oposto, questionar um entrevistado da parte administrativa sobre detalhes da programação da rádio. Conduza a entrevista tendo em mente o tempo disponível, o foco no tema estabelecido, o respeito e atenção ao entrevistado e, sobretudo, a busca de respostas claras e completas sobre as questões apresentadas, a fim de que a pesquisa avance.
    • Algumas dicas para entrevistas podem ser obtidas no capítulo “A entrevista” do Manual de Radiojornalismo de Heródoto Barbeiro e Paulo Rodolfo Lima. Lembre-se de agradecer ao profissional por ter concedido entrevista, mantendo um clima de cordialidade caso haja necessidade de um novo contato posteriormente.
  10. Ainda durante a visita técnica, peça autorização para fazer a captação de imagens da emissora. Fotografe os profissionais durante as entrevistas, sem posar para a câmera, mas com uma postura natural de quem está em meio a uma atividade (no caso, a entrevista). Fotografe os ambientes da emissora: a fachada, o estúdio e outros ambientes que possam ser convenientes para registro no relatório, como sala de transmissores, antena, sala de redação, etc.
  11. A tabela de programação contém dados importantes para a pesquisa, como nomes dos programas, dias e horários, nomes dos apresentadores, conteúdo da programação, programas da emissora, produções independentes, programas retransmitidos, etc. É importante solicitar este material atualizado para uma posterior tabulação dos dados, cruzamento de informações e elaboração de gráficos de programação.
  12. Não tenha pressa de encerrar a visita. Confira se obteve cada um dos dados necessários para a realização do relatório. Informações como nome fantasia e razão social da emissora, frequência, categoria, potência dos transmissores, proprietário da concessão, nomes completos e funções dos entrevistados podem ser obtidos ainda na própria sede da rádio. Lembre-se de anotar a data da visita técnica e os pesquisadores presentes, e de confirmar os contatos da emissora (telefone, e-mail, sites, etc.).
  13. A mesma estrutura de subtemas utilizada para compor a estrutura do questionário também pode ser utilizada na composição do relatório. Itens como “Histórico”, “Estrutura” e “Programação” podem ser alguns dos tópicos para organizar o conteúdo obtido nas visitas técnicas. Há muitos dados obtidos que acabam não se encaixando nas categorias pré-estabelecidas, mas que são igualmente importantes e merecem ser registrados. Para anotação destes dados dedique um novo item do relatório, a “Análise”. No mesmo espaço, o pesquisador também deverá aprofundar discussões que mereçam maior destaque, bem como realizará um cruzamento dos dados obtidos nas pesquisas anteriores à visita técnica (audição e investigação) com as informações cedidas na sede da emissora pelos próprios profissionais. Ainda no relatório devem ser anexados os melhores registros visuais (apenas um de cada ambiente/entrevistado) acompanhados de legendas explicativas.
  14. Com o relatório elaborado, os dados de cada emissora de rádio estão prontos para uma apresentação pública. Mas uma leitura do texto do relatório na íntegra é uma tarefa demorada e demasiadamente técnica. Desta forma, é importante reorganizar os dados, elencando os itens mais marcantes do relatório e elaborando uma apresentação mais direta e sucinta. Slides com fotografias e tópicos são uma alternativa positiva, mas não devem ser uma “camisa-de-força” para o pesquisador. O importante é não deixar de mencionar as principais problemáticas e particularidades que envolvem determinada (ou grupo de) emissora de rádio.
  15. Dominando este processo, o pesquisador estará pronto para prosseguir o mapeamento em tantas emissoras quantas forem necessárias, e até para promover outras categorias e regiões para mapeamento de emissoras de rádio.
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Materiais Necessários

  • Declaração da instituição que está realizando a pesquisa;
  • Declaração de pesquisador(a) vinculado à instituição ;
  • Questionário;
  • Gravador de voz;
  • Câmera fotográfica;
  • Papel;
  • Caneta;
  • Modelo de relatório;
  • Computador.

Referências

  1. BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo Rodolfo. A entrevista. In: Manual de radiojornalismo. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
  2. Dados do Projeto Donos da Mídia, projeto desenvolvido para determinar a concentração dos veículos de comunicação no Brasil, reunindo dados públicos oficiais e informações fornecidas pelos próprios grupos de mídia para montar um panorama completo da mídia brasileira.
  3. Site da Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel. Disponível em: < http://sistemas.anatel.gov.br/easp/Novo/Consulta/Tela.asp?OP=E >
  4. Site do Ministério das Comunicações. Disponível em: < http://www.mc.gov.br/ >

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