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Durante séculos, os mares atraíram o espírito de marinheiros e aventureiros do mundo todo. No poema “Febre de Mar”, John Masefield afirma que tudo que ele precisava era “de um navio alto e uma estrela-guia” para se sentir completo. Entrar no mundo da navegação pode ser um desafio, mas aqui você aprenderá sobre os “aqui e acolás” desse universo único. É importante ressaltar que esse texto o ajudará a iniciar no assunto e não deve ser superestimado, portanto, peça a um marinheiro experiente que mostre a você os aparelhos fixos e de labor (partes, funcionamento, etc.) antes mesmo de se aventurar sozinho em mar aberto.

Parte 1
Parte 1 de 5:

Conhecendo o básico da navegação

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  1. Saber cada parte do barco é importante, tanto por questões de segurança quanto para ser capaz de comandá-lo da melhor forma possível. [1] Imagine você nele, e o problema que seria, não saber o que fazer quando alguém da tripulação grita “preparar para bordejar!” ou “cuidado com a retranca!”. A seguir, as partes principais: [2]
    • Poleame: é o grupo de todas as peças destinadas à passagem ou ao retorno de cabos em geral, ocupados na fixação e no manuseio das velas (moitões, cadernais, patescas, bigotas, etc.).
    • Retranca: suporte horizontal para o pé da vela mestra, que se estende em direção à proa do mastro. Esse é a parte que se deve cuidar quando for mudar de lado em um barco à vela, pois você pode tomar uma bela pancada na cabeça.
    • Proa: é a parte da metade para a frente do barco.
    • Bolina: trata-se de uma placa (normalmente de fibra de vidro) que gira na parte debaixo da quilha em alguns barcos. É usada para equilibrar o barco quando as velas estão içadas.
    • Cunho: é aqui onde são prendidas as linhas ou cordas para que fiquem apertadas.
    • Adriça: cabo que iça ou baixa as velas, juntamente com a escota.
    • Casco: é o corpo do barco, representado por tudo que está abaixo da linha do convés.
    • Vela de Estai: é uma das velas que fica na proa e ajuda a impulsionar o barco para frente.
    • Vela de Genoa ou Genoa: maior que a vela de estai, trata-se de um traquete (vela grande e redonda do mastro da proa) posicionado exatamente à frente do mastro vertical de vante (metade dianteira da proa).
    • Quilha: ela estabiliza o barco, evitando que ele saia do curso reto quando o vento soprar de qualquer direção.
    • Cabos: são as cordas que estão por todo o barco. Na verdade, só há uma “corda” de fato, a tralha, que percorre todo o pé da vela mestra e costura o contorno das velas para reforçá-las.
    • Vela grande ou vela mestra: como o nome já diz, é a vela principal do barco que está anexada à parte traseira do mastro.
    • Mastro: é uma haste comprida e vertical que sustenta as velas. Alguns barcos têm mais de um mastro.
    • Proiz: cabo que fica posicionado na parte da frente de barcos menores e é usado para atracar o barco a uma doca ou amarrá-lo à outra embarcação.
    • Leme: é o instrumento que dirige o barco. Ele é móvel justamente para guiar o barco à direção que você quer quando girar ele ou a cana de leme (dependendo do barco).
    • Escotas: são os cabos que controlam as velas.
    • Vela de balão, balão ou spi: vela geralmente colorida e que é usada quando o barco está navegando a favor do vento ou em ventos laterais.
    • Brandais e estais: são cabos grossos presos às laterais do casco que sustentam o mastro, mesmo em ventos muito fortes. Os brandais também podem ser chamados de “ovéns”, mas este termo é mais usado em grandes veleiros.
    • Popa: é a parte da metade para trás do barco.
    • Cana de leme: é a haste que se conecta à quilha para controlá-la (mais comum em barcos menores).
    • Espelho de popa: é a extremidade traseira do barco, perpendicular à linha central, e conecta os dois lados do casco.
    • Timão: também serve para controlar a quilha e o barco (mais comum em barcos maiores).
    • Molinete: ele ajuda a firmar as escotas e adriças. Quando os cabos estão enrolados em um molinete no sentido horário, um marinheiro pode girá-lo com uma manivela para ter uma vantagem mecânica e facilitar a tração dos cabos.
  2. No geral, um marinheiro iniciante muito provavelmente não vai começar navegando com uma escuna. A tendência é começar com barcos menores, como os descritos abaixo: [3]
    • Chalupa : as chalupas são o tipo de barco mais comum (talvez essa seja primeira imagem que surge na sua cabeça quando pensa em um barco à vela). Normalmente têm apenas um mastro, que é composto por uma vela de estai na frente e uma vela grande atrás. Elas podem variar de tamanho e são ideais para navegar contra o vento.
    • Catboat : este barco de vela única possui um mastro perto da ponta da proa. É uma embarcação pequena (ou grande, dependendo de quem vê) e é facilmente operada por uma ou duas pessoas.
    • Cúter : ele tem um mastro com duas velas na frente e uma vela grande atrás. É um barco para pequenas tripulações e pode ser conduzido com bastante facilidade.
    • Queche : barco de dois mastros, o mastro principal e o menor, conhecido como mastro de mezena, que fica na frente do timão.
    • Iole ou Yawl : ele se parece com um queche, mas a diferença é que o mastro de mezena fica atrás do timão para manter o equilíbrio do barco, em vez de movê-lo para frente como no queche.
    • Escuna : é um barco à vela um pouco maior que os anteriores, composto de dois ou mais mastros. O mastro na popa chega a ser maior ou igual ao mastro da proa em tamanho e é uma embarcação que costuma ser usada para pesca comercial, transportar mercadorias e também como navio de guerra (relativamente raro hoje em dia).
  3. Além dos termos usados para as várias partes do barco, também existem alguns termos técnicos que os marinheiros normalmente usam para se direcionar enquanto estão em alto mar ou indo para lá. Você pode criar estratégias ou macetes para gravar o significado desses termos se tiver dificuldade de associá-los ao uso na prática, mas o importante é nunca se confundir para evitar problemas de navegação. Abaixo, alguns dos termos: [4]
    • Bombordo: é o lado esquerdo do barco quando estiver olhando para a proa (frente do barco).
    • Estibordo ou boreste: é o lado direito do barco quando estiver olhando para a proa.
    • Barlavento: é a direção de onde o vento está vindo (contra o vento).
    • Sota-vento: é a direção para onde o vento está indo (a favor do vento).
    • Bordejo: movimento feito ao virar a proa através do vento para que ele passe de um lado para o outro do barco. Esse é o momento onde os marinheiros próximos da retranca devem ficar atentos, pois ela balançará para o outro lado na hora da manobra e acertará em cheio quem estiver no caminho.
    • Dar um jaibe: aqui acontece o contrário do bordejo. Em outras palavras, é quando o marinheiro vira a popa (traseira do barco) através da linha do vento para que ele passe para o outro lado da embarcação e altere o rumo. Em uma brisa mais forte, torna-se uma manobra mais perigosa do que o bordejo, porque as velas do barco são sempre totalmente impulsionadas pelo vento e podem reagir de forma violenta com uma mudança de orientação como essa. É preciso ter muito cuidado ao controlar a retranca durante essa manobra, pois alguém sairá gravemente ferido se ela atravessar o convés sem controle.
    • Navegar (ir) a barlavento ou à bolina: conduzir o barco a uma distância satisfatória da direção do vento (contravento), ou arrear as velas soltando um pouco as escotas. Costuma ser usado para navegar (normalmente em zigue-zague) em locais com vento desfavorável ou diminuir a velocidade do barco para controlá-lo em dias de muito vento.
  4. É importante prestar atenção nelas e respeitá-las, pois são elas que marcam os locais seguros no mar. Em todo o mundo, as sinalizações náuticas variam conforme o sistema específico definido legalmente pelo lugar de navegação. No Brasil, há o Decreto nº 92.267/86, que aprovou o Sistema de Balizamento, Região “B” da Associação Internacional de Sinalização Marítima para utilização no balizamento marítimo e das águas interiores do Brasil. [5] [6]
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Parte 2
Parte 2 de 5:

Preparando o barco

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  1. Inspecione tudo no aparelho fixo (cabos e cordas que sustentam o mastro), assim como os tensores e contrapinos que prendem o cordame ao casco. Os mastros de vários barcos à vela já quebraram por causa de um contrapino perdido!
    • Verifique os cabos no aparelho de labor que içam e controlam as velas, respectivamente, as adriças e escotas. Veja se estão separadas, não enroladas uma na outra ou enleadas em alguma coisa, e também se todas elas têm um nó em oito na ponta para evitar que escapem do mastro ou das roldanas.
    • Retire todos os cabos dos cunhos e molinetes. Nenhum dos cabos pode ficar preso, ou seja, eles precisam estar sem problemas e livres para fazer os movimentos.
    • Caso o barco tenha um amantilho (pequeno cabo que levanta, e sustenta, a parte traseira da retranca para cima para tirá-la do caminho quando a vela não está em uso), solte-o até que a retranca desça sozinha e amarre-o no molinete ou cunho novamente. Tome cuidado com a retranca nessa hora, pois ela estará balançando e uma pancada dela doerá muito se atingir alguém da tripulação. Ela retornará à posição normal (na horizontal) quando a vela mestra for completamente içada.
    • O barco tem cana de leme? Nesse caso, veja se ela está conectada adequadamente ao leme e se consegue controlá-lo normalmente. A partir daqui as velas poderão ser içadas.
  2. Quando o barco não tiver um indicador de vento no topo do mastro, você pode amarrar nos brandais (os cabos do aparelho fixo que sustentam o mastro) um par de pedaços de 23 cm de fita cassete velha, fita VHS ou fio oleado (fio de sisal). Eles mostrarão de que direção o vento está soprando, mas alguns marinheiros acham a fita cassete muito leve para essa função. Portanto, se esse for o seu caso, prefira usar a fita de VHS ou o fio oleado.
    • Coloque-os nos dois lados do barco, mais ou menos a 1,20 m acima do convés.
    • Sempre será necessário saber a direção do vento para navegar eficientemente.
  3. Ao içar a vela mestra, a intenção é que o barco tenha uma resistência mínima do vento, com a vela reta e para trás. Além disso, nessa posição, o tecido da vela não se enroscará nos brandais ou em outras partes do barco. Essa parte nem sempre é fácil, pois é difícil manobrar um barco parado. Dê o seu melhor, mas prepare-se para suar a camisa!
    • O barco tem motor? Bom, use-o para manter o barco alinhado com a direção do vento na hora de içar as velas.
    • Dica útil: nos locais com docas em águas rasas ou sem cais, saia do barco e ancore-o na areia. Ele se alinhará com a direção do vento sozinho!
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Parte 3
Parte 3 de 5:

Içando as velas

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  1. Prenda a parte inferior dianteira (punho da escota) da vela mestra e a vela de estai às manilhas da retranca e proa.
    • Há um cabo menor (bicha) que conecta o punho de vela (parte traseira da vela mestra) à ponta da retranca. Puxe-o até que a base da vela mestra fique bem esticada e segura. Esse ajuste deixará a vela mestra na posição perfeita para receber um fluxo de vento ainda maior.
    • Ice a vela mestra puxando a adriça para baixo até o fim. A vela vai barlaventear muito, mas não será um problema se for por pouco tempo (barlavento demais acaba com a vida útil e durabilidade de uma vela).
    • A testa (a parte dianteira da vela) deve estar apertada o suficiente para eliminar as dobras na vela, mas não aperte demais a ponto de deixá-la com vincos.
    • Há um cunho próximo da adriça, de onde ela desce do topo do mastro. Prenda-a nesse cunho. Em seguida, usando a adriça da vela de estai, ice a vela de proa (podendo ser a própria vela de estai ou genoa) e desamarre a adriça do cunho. Nesse momento, as duas velas estarão barlaventeando livremente. O velame de um barco é sempre içado começando pela vela mestra, depois a de estai, pois assim é mais fácil colocar o barco na direção do vento.
  2. Os barcos à vela não conseguem navegar diretamente no vento. Na imagem acima, você vê o no-sail Zone (zona não vélica), que mostra o local onde é impossível navegar. Em um curso contra o vento, o barco deve marear entre 45º e 50º graus inclinado longe da linha do vento e mudar a direção bordejando (fazer zigue-zague). Isso se chama “navegar a bolina” ou “navegar a barlavento”.
    • Vire o barco a bombordo ou estibordo até ele ficar 90º graus inclinado em relação ao vento, movimento conhecido como “través”.
    • Puxe a escota da vela mestra até que ela fique a 45º graus em relação à linha central do barco. Dessa forma, a mestra estará segura enquanto você ajusta a vela de estai.
    • Em seguida, o barco começará a se mover, inclinando para um dos lados da linha do vento. Uma inclinação maior que 20º graus oferece risco à embarcação, mostrando que a propulsão do vento está forte. Nesse caso, solte a escota da vela mestra por um instante para diminuir a inclinação à um ângulo entre 10º e 15º graus, o que suavizará a navegação.
  3. Por mais que a vela mestra seja içada primeiro, a vela de estai é a primeira a ter ajuste no ângulo. Existem duas escotas para a de estai, uma em cada lado do barco. Puxe a escota que está no sota-vento, a ativa; a outra escota do outro lado é a passiva ou secundária.
    • A vela de estai ficará curvada, como um bolso, e você precisará ajustar o ângulo dela até que o testa (a parte da frente da vela) pare de barlaventear. Segure firme o leme e mantenha o curso!
  4. Solte a escota dela, até que a testa comece a barlaventear, e imediatamente puxe-a de volta até ela parar de barlaventear.
    • A menos que você ou o vento não tenham mudado de direção, esse é a posição de vela mais eficiente para navegar. Ajuste as velas novamente se houver qualquer mudança na direção do vento.
    • Visto tudo isso, você entrou no mundo de um marinheiro. É necessário aprender a fazer várias coisas de uma vez só e, se não conseguir, você terá muitos problemas!
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Parte 4
Parte 4 de 5:

Navegando com o barco

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  1. Quando uma delas começar a barlaventear, há duas opções: apertar a escota para firmar a vela até ela parar de se agitar ou arribar o barco para se afastar do vento (movimento chamado de “largo”). Quando a vela barlaventeia, significa que o barco está indo demais na direção do vento com a posição atual das velas. Ao arribar, as velas pararão de barlaventear. [7]
  2. Quando eles estiverem apontando para a linha central da proa, significa que o barco não está aproveitando bem o vento, por isso, deixe as velas perpendiculares a ele para velejar melhor. Como o vento nunca sopra para uma direção eternamente, um marinheiro deve sempre ficar de olho nos indicadores de vento e observar as velas para ajustá-las se ele mudar de direção.
    • Quando o barco está a 45º a favor do vento, a trajetória é chamada de “largo folgado”, a posição de navegação mais eficiente em que as duas velas estão com 100% de vento e impulsionando o barco na velocidade máxima.
    • Quando o vento vem por trás do barco, dizemos que ele está navegando em popa rasa, mas não é tão eficiente quanto navegar a largo, pois o vento que passa por cima das velas gera mais sustentação e uma força maior do que a gerada somente quando o vento empurra o barco — perdendo potência, consequentemente.
    • Ao navegar em popa rasa, puxe a vela de estai para o outro lado do barco, deixando-a oposta à vela mestra, para que ambas consigam mais vento. No entanto, é preciso segurar firme o timão para manter esse curso. Alguns veleiros têm o “pau de spi” — haste que está conectada ao punho do mastro e vai até o punho da vela de estai — que facilita muito o controle da própria vela de estai e a mantém cheia de vento. Como as duas velas tapam boa parte da sua visão, fique atento para não atingir obstáculos ou outros barcos no caminho.
    • CUIDADO: quando o barco estiver em popa rasa, as velas estarão muito para o lado e, como o vento basicamente está atrás de você, a retranca pode mudar de lado de repente, atravessando o convés com muita força e atingir qualquer um no caminho. Os avisos sobre retranca são feitos sempre para reforçar o perigo de ser atingido por ela.
    • Jamais navegue para uma direção em que indicador no topo do mastro aponte para a vela mestra (normalmente a favor do vento). O barco estará velejando com a retranca a barlavento e corre o risco de jaibar acidentalmente. Isso fará a retranca mudará muito rápido para o sota-vento e o atingirá com força o bastante para deixá-lo inconsciente ou mesmo jogá-lo para fora da embarcação.
    • Com relação a isso, é interessante instalar um preventer (cabo que vai da retranca à amurada inferior ou qualquer cunho disponível), uma espécie de freio que serve para reduzir a velocidade de movimento da retranca pelo convés se acontecer um jaibe acidentalmente.
  3. Vire o barco até que ele fique entre 60º e 75º em relação à linha do vento, puxando bem as escotas para que as velas fiquem mais alinhadas com o casco de proa. As velas atuarão como os aerofólios de um avião: o vento puxará o barco em vez de empurrá-lo. Essa forma de navegação leva esse nome por conduzir o barco a barlavento (contravento).
  4. Continue virando o barco, puxando bem as escotas, até que ele fique entre 45º e 60º em relação à linha do vento (esse é o ângulo máximo de ajuste, até porque a vela de estai nunca deve tocar nas cruzetas do mastro. Nos dias com muito vento, você vai se divertir bastante navegando assim!
  5. Será necessário conduzir o barco à bolina para ter uma boa velocidade em direção a um destino em barlavento. A bolina cerrada oferece uma trajetória menor, com uma navegação bem próxima à linha do contravento, mas como a vela mestra e o traquete têm que estar totalmente içados na linha central do barco, a velocidade de propulsão será menor. Na maioria dos veleiros, o ângulo fechado será de 45º em relação ao vento. [8]
    • Quando for a hora de bordejar o barco (mudar o bordo da mareação), solte a escota da vela de estai do cunho ou molinete quando a proa do barco estiver passando pelo vento.
    • A vela mestra e a retranca atravessarão o convés quando o barco mudar de bordo. A mestra se ajustará sozinha no outro lado, mas será necessário caçar imediatamente a escota da vela de estai (agora no sota-vento) e prendê-la no cunho ou molinete, manobrando o leme ao mesmo tempo para que a vela mestra se encha de vento e comece a levar o barco para frente.
    • Ao fazer essa manobra corretamente, o barco não perderá muita velocidade e navegará contra o vento para a outra direção. Não se desespere se tiver demorado muito para apertar a escota da vela de estai e o barco arribar demais, pois ele será empurrado um pouco para o lado até ganhar velocidade, corrigindo o curso.
    • Outro tipo de erro nessa manobra é deixar o barco perder completamente a velocidade a contravento por não conseguir inverter a mareação a tempo. Dito de outra forma, é um erro de bordejo a barlavento que faz o barco entrar na zona não vélica com as velas soltas e vento pela proa. É uma situação que deixa qualquer marinheiro envergonhado, mas todos eles já passaram por isso (alguns podem dizer que não, mas certamente têm vergonha de assumir). Apesar do problema, é fácil de resolver: enquanto o vento empurra o barco para trás, use o leme para guiá-lo, fazendo a proa sair da linha do vento para que as velas consigam uma inclinação adequada e o barco possa retomar o curso desejado.
    • A retomada do curso a barlavento é feita posicionando a cana de leme na direção que você quer ir e ajustando a escota da vela de estai para barlavento. O vento empurrará a proa para frente e, ao completar o bordejo, solte a escota do molinete no barlavento e puxe a escota do sota-vento para voltar ao ritmo original.
    • Como o bordejo facilita a perda de velocidade, essa manobra deve ser feita com bastante perícia e rapidez. Dito isso, continue navegando em zigue-zague até chegar a seu destino.
  6. Entenda que o melhor é treinar em dias de pouco vento e também aprender, por exemplo, a rizar as velas (amarrá-las para diminuir a superfície de exposição da vela ao vento). O enrizamento é uma técnica necessária para evitar que o barco tombe quando o vento estiver muito forte.
    • O enrizamento quase sempre tem que ser feito antes mesmo do marinheiro precisar dele (algo um tanto automático).
    • Além disso, os dias com pouco vento são importantes para treinar técnicas de emborcamento (capotamento), pois o marinheiro que se preze tem a obrigação de saber endireitar um barco.
  7. Lembre-se de que a âncora e as correntes, ou cabos, dela são partes importantes do equipamento de segurança de um barco e podem ser usadas para impedir o encalhamento da embarcação, ou até mesmo tirá-la de um, se ele tiver encalhado.
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Parte 5
Parte 5 de 5:

Guardando as velas

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  1. Quando tiver atracado em segurança na doca, amaine as velas soltando todos os cabos e escotas que as sustentam. Ao amainar a vela mestra, ela deve ser enrolada e amarrada à retranca, depois coberta. As velas devem ser dobradas com folga e guardadas na bolsa se for ficar sem usá-la por um bom tempo, principalmente as velas mestra e de estai. Retire todas as talas dos bolsos antes de dobrar a vela mestra e nunca dobre as velas toda vida do mesmo jeito, senão aparecerão vincos fundos no tecido e eles não balançarão quando o vento soprar na vela. Além disso, elas devem ser guardadas secas e sem muito sal do mar, pois a umidade pode criar mofo no tecido.
  2. Prenda os cabos nos cunhos, enrole bem todos os cabos soltos e prenda-os com um nó simples, deixando-os longe da zona de circulação no convés. Lave o convés inteiro para tirar o sal, principalmente se for feito de teca, tipo de madeira que pode ficar manchada por causa do sódio da água.
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Dicas

  • Caso aconteça algo ruim (ventania, tripulante ao mar, etc.), lembre-se de que pode parar o barco imediatamente apenas soltando as três escotas dos cunhos ou molinetes. O barco pode não parar completamente, mas você terá mais tranquilidade para resolver o problema.
  • Aprenda tudo que puder sobre os equipamentos do barco que você usará (e também sobre os que não usará naquele momento). Dessa forma, você terá uma noção de como serão as coisas em alto mar.
  • Consiga um livro que tenha bastante informação sobre as mecânicas e técnicas de navegação do seu modelo de barco. Quanto mais souber sobre ele, melhor!
  • Conheça bem as marés da sua região, pois, em alguns lugares, isso pode ter um impacto muitas vezes maior no movimento do barco do que o vento propriamente dito.
  • Tem algum iate clube na sua região? Lá é possível ser um tripulante voluntário em corridas de barco. Você aprenderá muito mais em um ano de corrida naval do que em anos de navegação autônoma.
  • Aprenda, no mínimo, dois tipos de nós em corda . O nó em oito é feito nas pontas dos cabos para evitar que eles escapem do poleame (roldanas, bigotas, etc.). O nó de laço (malha) é usado para amarrar um cabo no outro ou em alguma coisa e, se feito do jeito certo, nunca escapa e é fácil de desamarrar, mesmo se tiver sofrido grande tensão por causa de algo muito pesado.
  • Aprenda a saber a direção do vento com suas orelhas. Vire de costas para o vento, vire a cabeça devagar de um lado para o outro até sentir uma equalização nas orelhas. Esse ponto de equilíbrio nos ouvidos mostra a direção do vento e, usando isso, será possível saber a direção dele sem ficar tão dependente dos olhos. [9]
  • Aprenda a entender o comportamento das nuvens e como sinalizam mudanças no clima. É um método útil, muitas vezes, e materiais sobre meteorologia costumam ter informações sobre o assunto. [10]
  • A maioria das velas tem indicadores de sota-vento e barlavento (pequenos pedaços de fita colorida fixadas na testa da vela). Um sinal de que as velas estão ajustadas no ângulo correto é quando os indicadores estão tremulando paralelos ao tecido da vela.
  • Veja se há um motor no barco que esteja funcionando bem e você saiba como usá-lo. É algo essencial, pois quebrará um galho enorme quando o barco não puder usar as velas.
  • A sua primeira experiência com navegação deve ser em um pequeno lago ou em alguma baía com pouco vento. Escolha um dia que tenha um vento tranquilo e sem tempo ruim.
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Avisos

  • Cair da embarcação é algo sério, principalmente se estiver sozinho. Existem vários perigos, como a água fria, corrente marítimas e outros barcos transitando por perto. Ainda, se seu barco estiver com velas totalmente içadas, ele pode derivar para longe e deixá-lo em uma posição bem ruim. Outra situação é que muitos barcos navegam tão perto da superfície da água que acaba sendo bem difícil (para não dizer “impossível”) subir no barco ou resgatar alguém na água sem ajuda. Ao velejar à noite, sempre use uma lanterna de ombro e um sinalizador de emergência, o que facilita o trabalho da guarda costeira para achá-lo e resgatá-lo.
  • Antecipar os acontecimentos ao velejar pode facilitar sua vida no mar. Portanto, não espere até que algo aconteça para fazê-lo ou contorná-lo, pois pode ser tarde demais ou muito difícil de resolver. Siga seus instintos.
  • Há um velho ditado que diz: “é melhor estar em terra firme querendo estar no mar, do que estar em alto mar e querer estar em terra firme”. Não deixe o entusiasmo cegar a razão em um dia ruim para navegar. O vento que sopra no barco atracado na doca pode ser muito diferente no meio do mar. Muitos novatos, e até mesmo os marinheiros mais experientes, enfrentam dificuldades ao se aventurar com um barco no mar quando o vento vem como louco.
  • É extremamente recomendado que você conheça bem os nomes dos instrumentos em um barco à vela, e tenha lido muito sobre o assunto, antes de tentar navegar sozinho. Dois ótimos livros são “Aprender a Velejar”, de Steve Sleight, e “Todas as Manobras dum Barco à Vela”, de François Chevalier.
  • É interessante aprender a usar um rádio marítimo VHF para emitir uma mensagem de emergência ( mayday ). É a forma mais rápida e pedir ajuda em uma situação de emergência. Você pode usar um celular para isso, mas esse rádio é mais rápido e eficiente em alto mar. [11]
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Materiais Necessários

  • Coletes salva-vidas. É muito importante tê-los em todos barcos e para todos os tripulantes (e colocar um apito em cada um será ainda melhor!). O ideal é usar um sempre e, se houver crianças, elas também devem usá-los, mesmo que estejam fora do barco, em uma doca ou qualquer ambiente de navegação ou com água funda nas proximidades.
  • Todo barco, independentemente do tamanho, tem que ter todos os equipamentos de segurança a bordo, desde a âncora com amarras suficientes, sinalizadores e outros equipamentos obrigatórios pela lei marinha. Segurança é coisa séria e deve ser respeitada.

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