PDF download Baixe em PDF PDF download Baixe em PDF

Ninguém quer ter um filho mimado. Em geral, isso acontece quando os pais dão tudo que a criança quer, não insistem para ela cumprir com suas obrigações e cedem a qualquer choro para evitar desgaste. Embora pareça difícil, é relativamente fácil reverter esse condicionamento; é necessário ensinar a criança a ser grata pelo que tem, se comportar e conquistar as coisas que quer, em vez de consegui-las de mão beijada. Interrompa esse ciclo sendo o adulto da relação e ensine seus filhos a serem responsáveis e gratos.

Parte 1
Parte 1 de 3:

Rompendo o ciclo

PDF download Baixe em PDF
  1. Ele faz birra ou é malvado para conseguir o que quer? Ele pede por favor e agradece quando ganha alguma coisa? É comum ele ficar atrás de você o dia inteiro, insistindo em coisas que você negou, ou se comporta como se tivesse direito a elas? Todos esses sinais indicam que ele está mimado.
  2. Existem muitos modos de chegar a essa situação:
    • Você tem medo de dizer não para seu filho? Por quê? Quando você nega algo, o que acontece?
    • Você cede nas situações em que deveria ter pulso firme?
    • Quando você estabelece uma regra e seu filho reage negativamente, você volta atrás?
    • É normal você comprar presentes fora de época e coisas das quais ele não precisa? Ele está acostumado a essa rotina?
    • Caso a resposta seja “sim” para todas essas perguntas, você contribuiu ativamente para esse comportamento. Seu filho aprendeu que você tem medo de dizer não, que abre exceções demais para as regras e agora acha que não precisa merecer as coisas que quer, nem mesmo se comportar.
  3. Embora isso seja simples, não é nada fácil se livrar desse hábito, já que é muito mais cômodo dar logo o que a criança quer para acabar com a birra. No entanto, assim ela aprende que quem manda é ela e não você.
    • Prepare-se para a grande comoção que os primeiros “nãos” causarão. Isso é normal, mas você deve lembrar que ceder agravará esse comportamento cada vez mais.
    • A verdade é que seu filho se acostumará. É um fato da vida de qualquer pessoa, não se pode ter tudo. Não ensinar isso agora dificultará a vida adulta dele.
    • Quando negar algo, não fique se explicando. Você é quem manda e não tem nada de errado em dar uma resposta sucinta. Seu filho achará que você está tentando convencê-lo de algo quando, na verdade, vocês não estão negociando.
      • Por exemplo, explicar detalhadamente porque sorvete não é jantar não o convencerá a desistir da ideia. É melhor nem tentar.
      • Ter convicção em suas decisões é o que fará com que ele respeite o que você tem a dizer. [1]
  4. Isso pode ser especialmente difícil para pais que trabalham fora e é importante saber quais são as regras e a rotina impostas pelos cuidadores da criança. Um relacionamento com pouco contato pessoal, sem limites saudáveis e papéis estabelecidos dificulta a educação; resolver essas questões é fundamental para reeducá-lo.
    • Você terá que trabalhar com os cuidadores se eles não estabelecem nenhuma norma quando estão com seus filhos. Você os contratou para que eles sejam a autoridade em sua ausência; isso demandará mais trabalho da parte deles, mas você não quer deixar seus filhos sob o cuidado de pessoas preguiçosas ou negligentes.
    • Isso também deve ser observado durante sua presença. Você sabe o que seu filho faz quando está sozinho no quarto? Você dá uma olhada de vez em quando? Ele tem uma TV e um videogame só para ele? Ele tem acesso irrestrito ao videogame e à internet? Talvez seja melhor deixar esses eletrônicos na sala de estar.
    • Seu filho brinca com os amigos na rua sem sua permissão? Caso a resposta seja “sim”, você deverá mudar isso o quanto antes, pois além de mostrar que ele não respeita sua autoridade, pode ser muito perigoso uma criança brincar na rua sozinha sem o consentimento dos pais. Como responsável, você precisa saber onde seu filho está o tempo todo. [2]
  5. Quando seu filho pedir alguma coisa, peça para ele fazer algo por você antes; se ele quer brincar na casa do vizinho, não o deixe ir de graça, peça para que ele arrume o quarto, lave a louça ou tire o lixo primeiro. [3]
  6. Os pais se sentem culpados por não terem tempo para os filhos e acabam dando tudo que eles querem para compensá-los. São muitos os fatores que impedem esse convívio: o trabalho dos pais, a escola, a escolinha de futebol, o curso de inglês, a vida social... às vezes nem jantar em família é possível.
    • Abra espaço na agenda para seu filho. Passem tempo juntos, compartilhem refeições, relaxem e batam papo. Outros familiares devem ser envolvidos, se possível. Lembre-se de que seu trabalho pode mudar, as amizades se transformam, mas a família é para sempre. [4]
    Publicidade
Parte 2
Parte 2 de 3:

Assumindo o papel de adulto

PDF download Baixe em PDF
  1. Apresente as normas para o convívio familiar: regras, deveres, direitos, etc.
    • Explique as razões para essas regras. Já que você é o adulto, você tem o dever de fazê-lo entender que as normas para o convívio familiar visam a harmonia. Elas ajudam todos a saberem o que podem e não podem fazer. Além disso, diga que ele pode não gostar delas, mas deve segui-las do mesmo jeito. [5]
  2. Não se esqueça de mencionar “quando” e “como” elas devem ser cumpridas. Por exemplo, “Eu quero que você jogue suas roupas sujas no cesto sempre que se trocar; não quero ver roupas jogadas no chão”; “Quando acabar de jogar videogame, eu quero que você o guarde antes de começar a fazer outras coisas”. Você precisa ser claro e específico. [6]
  3. Não mude de ideia quando as regras forem ditadas, ou a criança aprenderá que deve negociar, ignorar ou desafiar você para conseguir o que quer.
    • Não seja indeciso. Se você disse que seu filho só pode comer um biscoito, mesmo que reflita e ache que dois não seriam um problema, fique com a primeira ordem. Comer mais biscoitos pode não ser nada demais, mas a questão é que a criança abusará de sua indecisão no futuro.
    • Quando uma regra for quebrada, aplique as consequências sem discussão. Por exemplo, quando você mandar seu filho arrumar o quarto e ele não obedecer, dê um aviso; se ainda assim ele não cumprir com a obrigação dele, aplique a penalidade sem hesitar. [7]
  4. Não diga que vai castigá-lo com algo que claramente não fará. Um dia, ele simplesmente pagará para ver e passará a achar que o que você fala é “da boca para fora”.
    • Quando não souber qual castigo seria apropriado para a atitude dele, diga que vai pensar a respeito. A consequência deve ser equivalente ao mau comportamento. Por exemplo, se seu filho esquece de fazer a lição de casa frequentemente, mas passa muito tempo jogando no celular, pegue o celular e só o devolva quando ele tiver um bom rendimento nas lições de casa. [8]
  5. Quando você negar algo que a criança pediu, ou passar uma punição por mau comportamento, não mude de ideia. Fique tranquilo mesmo durante a clássica cena de birra no mercado. Depois de algumas vezes em que você não ceder, seu filho aprenderá que isso não funciona.
    • Embora a vergonha e o estresse que isso causa sejam grandes (principalmente em público), ainda é melhor do que incentivar um comportamento negativo e alimentar esse ciclo por mais tempo. Saia do local e leve-o para casa para resolver o problema se necessário, mas não arrede pé de sua decisão. [9]
  6. Você e seu parceiro devem ter a mesma postura e os avós, cuidadores e outros envolvidos devem estar a par das regras impostas. Essas pessoas devem ser aliadas na educação das crianças. Instrua-as a não cederem às birras, a não mimá-las com presentes excessivos e a não legitimarem o mal comportamento. [10]
    Publicidade
Parte 3
Parte 3 de 3:

Ensinando gratidão e responsabilidade

PDF download Baixe em PDF
  1. “Com licença”, “por favor” e “obrigado” são expressões que devem ser ensinadas no começo da educação verbal da criança. Nunca é tarde para começar, mesmo que seu filho ainda não as tenha aprendido. A melhor maneira de fazer isso é dar o exemplo.
    • Diga “Por favor, limpe seu quarto” em vez de “Limpe seu quarto agora!”.
    • Quando seu filho ganhar algo, diga imediatamente “O que você deve dizer?” e, se ele não souber o que falar, lembre-o. [11]
    • Peça a ajuda do seu cônjuge. Por exemplo, quando você fizer o jantar, combine com seu parceiro para ele falar “Obrigado por fazer essa comida, está deliciosa. O que vocês acharam do jantar, crianças?”
  2. É normal fazer as coisas pelas crianças enquanto são muito pequenas, mas assim que possível mostre que eles devem ser independentes e que todos devem contribuir para a harmonia familiar.
    • Uma boa forma de começar é ensinando a criança a guardar os brinquedos quando acabar de brincar e aumentar o grau da tarefa à medida em que ela crescer.
  3. Não é possível fazer uma criança entender que tem obrigações se você mesmo não cumpre com as suas. Ela deve vê-lo trabalhando e perceber que, mesmo querendo fazer outras coisas, você está cumprindo com suas obrigações.
    • Seja educado em público. Diga “por favor” e “obrigado” sempre que for atendido em estabelecimentos comerciais e restaurantes. Diga “com licença” quando esbarrar em alguém sem querer, ou se precisar interromper uma conversa. [12]
  4. As obrigações mais complicadas, como arrumar o quarto inteiro ou lavar a louça, podem ser muito difíceis para crianças pequenas. Ajude seu filho a fazê-las no começo. Assim, você poderá ensiná-lo a fazer as coisas direito e ele se sentirá seguro e capaz.
  5. Ter uma rotina consistente permite que as crianças cumpram suas obrigações com mais facilidade. Elas não resistem tanto à ideia se já sabem que devem arrumar o quarto todos os domingos à noite, por exemplo.
    • Além disso, ensine que o dever vem antes do lazer. Se seu filho tem uma obrigação a cumprir, mas o vizinho o chamou para jogar bola, diga que ele poderá sair depois de fazer o que deve. [13]
  6. É um fato que crianças não têm paciência, mas aprender desde cedo que precisam trabalhar e esperar pelo que querem as ajudará a ter uma vida adulta mais tranquila e bem sucedida. Explique que ninguém consegue as coisas na hora, nem o tempo todo.
    • Um bom recurso é incluir a criança no planejamento para conseguir algo que ela quer, como uma viagem por exemplo. Ensine que, para isso, é necessário ter dinheiro e isso leva algum tempo. Mostre para ela que a viagem será muito mais gostosa porque foi planejada e esperada.
    • Demonstre como você mesmo não consegue o que quer imediatamente. Quando saírem para fazer compras e você vir uma calça jeans que deseja, mas não pode comprar, diga “É melhor esperar e comprá-las quando estiverem em promoção, eu tenho outras calças que servem bem.” [14]
  7. Mesmo que você tenha dinheiro para comprar qualquer coisa, não recompense o bom comportamento de seu filho com presentes o tempo todo e não compre tudo que ele quer. Prefira passar mais tempo com ele fazendo coisas divertidas como forma de retribuição.
    • Incentive-o em vez de dar presentes. Quando seu filho tiver um ótimo desempenho em um jogo de futebol, diga como está orgulhoso e como o técnico da equipe ficou empolgado, em vez de comprar uma bugiganga. Quando ele mostrar um boletim cheio de notas azuis, diga que tem orgulho de ser pai/mãe dele, dê um abraço apertado e convide-o para irem juntos ao cinema, ou para fazerem um pique-nique em vez de dar algo. [15]
  8. Quando ele estiver vidrado por alguma coisa supérflua, aproveite para ensinar o valor do dinheiro. Ajude-o a levantar a quantia necessária através das tarefas e guardá-lo. Quando ele quiser algo mais caro, diga para ele juntar e guardar uma parte da quantia e você bancará o resto quando puder também. [16]
  9. Quando ele disser “Mas todos os meus amigos têm...” ou “Meus amigos não precisam fazer...”, diga que ele faz parte dessa família e deve seguir suas regras. Ressalte que está fazendo isso pelo bem dele e que ele deveria ser grato pelo que tem, pois muitas crianças vivem com bem menos. [17]
  10. Não existem motivos para pedir desculpas se você não tem dinheiro para comprar o que seu filho quer. Simplesmente diga “Eu adoraria dar esse carrinho para você, mas não posso. Quem sabe no seu aniversário”. Reforce a ideia de que ele pode comprar o que quer antes se trabalhar e juntar o dinheiro.
    • Não peça desculpas por aplicar o castigo para o mau comportamento. Consequências são parte da vida e seu filho precisa aprender que não pode fazer o quer quer, quando quiser. Aprender a obedecer as regras agora o ajudará a obedecer a lei quando chegar à idade adulta e, assim, ficar longe de encrencas. [18]
    • Deixe as desculpas para quando estiver realmente errado. Por exemplo, diga que sente muito se perder a cabeça e gritar com ele e se sentir mal depois. Você não nega as coisas porque é malvado, mas porque é isso que pais fazem.
  11. Isso não quer dizer que vocês devam fazer uma oração; famílias sem religião também podem falar em voz alta sobre as coisas pelas quais são gratas. No começo, é possível que seu filho fale somente sobre os brinquedos, mas encoraje-o a agradecer por terem um ao outro, pelo bicho de estimação, pela saúde, pela comida, pela casa, etc.
    • Seja voluntário para ajudar pessoas carentes. Dedique-se a ajudar ONG's que cuidam de animais ou abrigos para pessoas em situação de rua, participe de um sopão. Junte doações de itens de primeira necessidade pelo bairro e distribua-as para quem precisa. Assim, seus filhos se sentirão bem em ajudar o próximo e também entenderão como são afortunados por terem essa vida. [19]
    Publicidade

Dicas

  • Lembre-se de que a reeducação de uma criança mimada leva tempo. Assim como mimá-la foi todo um processo, ensinar os valores corretos também não acontecerá do dia para a noite. Além disso, tenha em mente que crianças não são mimadas, elas se tornam mimadas.
  • A maioria das crianças têm um um senso de compaixão e prestatividade inerente. Incentive esse instinto mostrando como é bom quando fazemos bem aos outros.
  • Peça ajuda. Talvez você precise de apoio, até um conselho simples de pais mais experientes serve. Converse com seus pais ou com seu parceiro, procure o conselho tutelar ou um terapeuta, pesquise grupos de apoio na internet. Não ache que está sozinho nessa batalha.
Publicidade

Sobre este guia wikiHow

Esta página foi acessada 92 112 vezes.

Este artigo foi útil?

Publicidade