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Você desconfia que um amigo ou parente seu tem o hábito de se autolesionar? Quer saber se ele está se cortando ou se machucando de alguma outra forma — e ajudar a acabar com o problema? Leia este artigo para descobrir formas de colocar um fim nessa prática tão nociva e perigosa.

Parte 1
Parte 1 de 3:

Entendendo a automutilação

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  1. A automutilação é descrita como qualquer "lesão intencional nos tecidos do corpo provocada pela própria pessoa, muitas vezes usada como uma forma de lidar com ou expressar problemas emocionais." [1] Trata-se de um sintoma, não um diagnóstico. Algumas pessoas podem se automutilar porque apresentam um ou mais quadros de ordem mental, como depressão, ansiedade, transtornos alimentares ou psicose. O hábito nem sempre indica um transtorno do tipo, e sim a falta de mecanismos saudáveis para enfrentar certas situações. São métodos comuns de autolesão: [2] [3]
    • Cortar ou queimar a própria pele.
    • Dar socos e outros golpes no próprio corpo.
    • Tentar se envenenar.
    • Comer em excesso ou pouco.
    • Morder a própria pele.
    • Praticar exercícios em excesso.
    • Arrancar o próprio cabelo (tricotilomania).
    • Arrancar cascas da pele.
  2. A automutilação é algo complexo, e muitas pessoas não sabem especificamente por que fazem isso. [4] O hábito nem sempre é causado por grandes problemas — às vezes, até as pequenas coisas levam a ele. São motivos comuns: [5]
    • Pressão em relação aos estudos ou ao trabalho.
    • Bullying.
    • Preocupações envolvendo dinheiro.
    • Abuso (físico, sexual ou emocional).
    • Perdas e luto.
    • Confusão em relação ao gênero ou à sexualidade.
    • Problemas de relacionamento.
    • Perda de emprego.
    • Problemas de saúde (física ou mental).
    • Baixa autoestima.
    • Estresse.
    • Sentimentos complexos.
  3. Nem toda pessoa que se automutila tem a intenção de cometer suicídio. No entanto, quem possui esse hábito apresenta mais riscos de tentar acabar com a própria vida. Alguns tipos de automutilação podem ser fatais, mesmo quando não há objetivo real de morte. [6]
    • Há aqueles que consideram tentativas de suicídio uma forma de automutilação. [7]
  4. Embora qualquer pessoa possa se fazer isso — independentemente de gênero, raça, sexualidade, idade ou status social —, algumas são mais vulneráveis que as outras. [8]
    • Pessoas com quadros de saúde mental.
    • Jovens que não têm o apoio ou amor dos pais.
    • Membros da comunidade LGBTQIAP+.
    • Pessoas cujos entes queridos cometeram suicídio.
  5. Existem muitos mitos e estigmas em torno da autolesão. Veja exemplos comuns: [9]
    • "Somente mulheres se autolesionam": estudos apontam que não é bem assim. Homens também podem se autolesionar, muitas vezes usando métodos diferentes. De todo modo, o problema continua sério.
    • "Quem se automutila quer chamar atenção": no geral, as pessoas que se automutilam tentam esconder esse hábito. Em alguns casos, a prática pode até ser um pedido de ajuda inconsciente — e continua sendo coisa séria.
    • "As pessoas que se automutilam são suicidas em potencial": algumas pessoas veem a autolesão como um mecanismo para lidar com dores e transtornos. Há aqueles que a praticam com pensamentos suicidas em mente, mas não são todos.
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Parte 2
Parte 2 de 3:

Observando os indícios físicos

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  1. A aparência das cicatrizes depende de como a pessoa se machucou, mas no geral elas seguem um padrão simétrico ou em linha reta. Além disso, observe se esses traços estão próximos uns aos outros e costumam aparecer no mesmo lugar.
    • As cicatrizes da automutilação costumam ser paralelas e parecidas.
    • Algumas pessoas podem disfarçar dizendo que as cicatrizes foram acidentes.
  2. A maioria das pessoas que se automutila usa os pulsos. Veja se seu amigo ou parente tem curativos ou marcas na região. Pode ser que ele use blusas de manga longa ou coloque as mãos nos bolsos.
    • Também é possível que a pessoa cubra as lesões com relógios ou pulseiras.
    • É mais fácil notar cicatrizes nas épocas quentes do ano, quando as pessoas usam roupas de manga curta. Se seu amigo ou parente disfarçar até nesses dias, há motivo para suspeita. [10]
  3. Lembre-se de que as pessoas se automutilam em vários lugares: coxas, canelas, panturrilhas, tornozelos etc. Pode ser que elas usem calça, meias de cano alto ou afins para disfarçar as cicatrizes ou marcas.
    • Seja discreto na hora de olhar para as pernas da pessoa. Se ela perceber, pode ficar assustada ou incomodada.
  4. Algumas pessoas tentam se enforcar como forma de automutilação. No geral, elas usam algum acessório que disfarce o pescoço — como lenços e roupas de gola alta.
  5. Algumas pessoas que se autolesionam arrancam o próprio cabelo — a chamada tricotilomania. Elas podem ainda arrancar fios de outras regiões do corpo: barba, bigode, sobrancelhas, cílios etc. [11]
    • Quem faz isso pode comprar perucas, apliques, cílios postiços e afins para disfarçar a perda dos fios.
    • Veja se a pessoa está sempre de boné, chapéu, gorro ou outro acessório que cubra a cabeça.
      • Não se esqueça de que muitas pessoas cobrem o cabelo por motivos religiosos!
    • E é claro que as pessoas perdem cabelo por vários outros motivos, como: [12]
      • Tratamento de câncer.
      • Estresse.
      • Envelhecimento natural.
      • Doenças.
      • Perda de peso.
      • Deficiência em ferro.
    • Arrancar o cabelo também pode ser indício de um transtorno de ansiedade, como TOC.
  6. Muitas pessoas se queimam como forma de automutilação. Elas podem usar palitos de fósforo, isqueiros, cigarros ou qualquer objeto quente. Veja se há grupos de queimaduras próximas ou uma área que vive machucada assim. Fique de olho em pontos em que a pele esteja vermelha e descascada ou inchada. [13]
  7. Pode ser que a pessoa tente esconder o objeto que usa para se autolesionar, como lâminas (facas, lâminas de barbear, alfinetes etc.) ou isqueiros. É normal colocar esse item em uma sacola ou um espaço pequeno. Fique atento caso seu amigo ou parente leve algo ao banheiro ou outra área sozinho.
    • Fique de olho também em sinais de sangue em lenços, toalhas etc.
  8. Nadar é uma atividade que costuma expor os braços e pernas. Se a pessoa parecer relutante, pode ser que não queira mostrar a pele. Também é possível que ela use roupas que cubram boa parte do corpo, como uma roupa de mergulho ou camiseta de manga longa. Por fim, talvez até dê desculpas para não ir.
    • Não presuma que a pessoa está se autolesionando só porque ela não quer nadar. Ela pode ter mil e um motivos para recusar seu convite.
  9. Pergunte o que aconteceu: se ela ficar na defensiva, contar uma história mirabolante ou até evitar o assunto, então pode estar se autolesionando.
    • Dê um voto de confiança às pessoas! Às vezes, lesões inocentes acabam parecendo autoinfligidas.
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Parte 3
Parte 3 de 3:

Observando indícios comportamentais e emocionais

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  1. Pessoas que se autolesionam podem ficar sufocadas com sentimentos de culpa e isolamento — além de não terem nenhum amigo (nenhum que seja próximo, pelo menos). Por essas e outras, elas passam muito tempo sozinhas.
    • Pode ser que a pessoa não queira mais fazer atividades que gostava de fazer antes. Preste atenção se ela diz que "está ocupada" com frequência.
    • Havendo ou não automutilação, o isolamento pode ser sintoma de depressão.
  2. Embora seja comum trancar a porta na hora de trocar de roupa, tomar banho ou fazer as necessidades, algo provavelmente está errado se a pessoa se fechar no banheiro ou quarto por 30 minutos ou mais — sobretudo se ela se recusar a sair ou não responder.
    • É possível que a pessoa seja muito reservada ou fique na defensiva em relação ao que faz nesse intervalo de tempo.
    • Observe se a pessoa costuma se isolar quando está lidando com emoções complexas, mas voltar "normal" depois de um tempo. Isso pode indicar que ela fez algo para lidar com esses sentimentos.
    • Lembre-se de que a maioria dos adolescentes gosta de privacidade. É natural que eles queiram ficar longe da família — o que não quer dizer que estão se autolesionando. Respeite esses momentos e tente não interromper muito.
  3. Pessoas depressivas podem ficar letárgicas, indecisivas, carrancudas, apáticas e indiferentes. Além disso, podem se afastar de amigos e da família e perder o interesse em suas coisas favoritas. A depressão é um quadro sério e precisa de tratamento médico.
  4. Conheça a pessoa mais a fundo. Tente conversar com a pessoa e perguntar sobre o trabalho, os estudos e/ou as amizades dela. Faça-a se sentir amada e indique que você sempre vai estar à disposição. Aqueles que se autolesionam costumam ser solitários ou estão fragilizados de alguma forma.
    • Vale reforçar: nem todas as pessoas que se autolesionam aparentam tristeza. Elas podem muito bem passar a impressão de que estão felizes por fora. Não pense que alguém está saudável só porque parece estar.
      • Por outro lado, desconfie de pessoas depressivas ou tristes que pareçam felizes de repente. Se isso acontecer "do nada", pode ser que elas já tenham decidido cometer suicídio e estejam tranquilas porque não vão precisar mais lidar com seus problemas. Caso um amigo ou parente seu esteja passando pela situação, converse com ele, pergunte como está e o que causou essa alegria. [14]
  5. A pessoa pode tocar no assunto como se fosse brincadeira ou dizer que "não é nada". Muitas vezes, esse tipo de comportamento também é um pedido de ajuda. [15] Não tenha medo de perguntar o que ela quis dizer.
    • Pode ser que a pessoa faça piadas autodepreciativas com frequência, além de expressar um sentimento de desesperança ou falta de amor próprio. Às vezes, talvez ela até fale em "castigar" a si mesma. [16]
    • Aproveite todas as oportunidades em que a pessoa falar do assunto para perguntar sobre o que ela sente. Talvez ela se abra um pouco.
  6. [17] Comer em excesso ou pouco também é uma forma de se autolesionar. A pessoa pode tentar disfarçar os próprios hábitos alimentares, além de: [18] [19] [20]
    • Ficar acima ou abaixo do peso, passando por mudanças drásticas.
    • Deixar de fazer refeições ou comer pouco.
    • Comer compulsivamente.
    • Ficar fraca ou tonta.
    • Se forçar a vomitar, talvez tomando laxantes.
    • Comer rápido demais ou quando não está com fome.
    • Comer sozinha.
  7. Observe o consumo de álcool ou drogas. [21] Pessoas que se autolesionam têm mais riscos de apresentar problemas com álcool e drogas. Além disso, fumantes também estão em um grupo vulnerável.
  8. Pode ser que a pessoa fique mais autodestrutiva que o normal, incluindo se envolver em brigas e discussões frequentes e ser desprudente ao volante ou fazer sexo sem proteção. [22]
  9. [23] Quando uma pessoa fica irritada com facilidade, é possível que haja algum problema no ar. Pode ser que ela esteja de cabeça quente ou imprevisível, além de mais agressiva que o normal.
    • É claro que essas mudanças em humor também podem ser sinais da puberdade ou do início do ciclo menstrual. Não tire conclusões precipitadas.
  10. Busque formas ativas de ajudar a pessoa. Se ela estiver planejando se suicidar ou autolesionar de forma séria, acione os serviços de emergência imediatamente . No Brasil, o número dos bombeiros é 193 e do Centro de Valorização da Vida (CVV) é 188.
    • Não force a pessoa a parar ou confisque as "ferramentas" dela: isso pode gerar consequências ainda mais drásticas. O correto é incentivá-la a buscar ajuda profissional.
    • Não ameace ou assuste a pessoa dizendo que você vai "contar para os pais dela" (ou para outro alguém) se ela não parar de se automutilar.
    • A automutilação é um assunto muito amplo e de origens incertas. A palavra pode ter vários significados, e há uma diferença enorme entre se arranhar e se cortar com uma lâmina de barbear.
    • Dependendo da motivação por trás do comportamento da pessoa, é melhor buscar apoio emocional profissional.
    • Consultar um psicólogo especializado na terapia comportamental dialética pode ajudar a pessoa a entender e lidar melhor com os próprios gatilhos.
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Dicas

  • Se uma pessoa vive arranhando a mesma área da pele, pode ser que haja feridas abertas na região.
  • Não é porque uma pessoa está triste ou abatida que ela se autolesiona.
  • As pessoas que se autolesionam nem sempre abrem cortes na pele: elas podem dar socos no próprio corpo, se queimar, arrancar o cabelo etc.
  • Algumas pessoas não se cortam porque os efeitos são óbvios. Nesse caso, elas recorrem a outras "estratégias" de automutilação.
  • Muitas pessoas que se automutilam são solitárias. Elas não falam com (quase) ninguém e podem viver infelizes.
  • Se você conhece um jovem que já se automutilou, não tenha medo de contar aos pais, professores ou outros adultos.
  • Observe o desempenho acadêmico da pessoa. Se as notas dela estiverem caindo drasticamente, pode ser sinal de que algo está errado. [24]
  • Preste atenção se a pessoa parece mais quieta ou reservada que o normal. [25]
  • Descubra que sites da internet ela está visitando. Algumas pessoas acessam páginas que falam sobre o assunto — muitas vezes, incentivando o comportamento através de instruções e imagens gráficas. [26]
  • Observe os mecanismos que a pessoa tem para lidar com os problemas emocionais. Muitos mecanismos são saudáveis, enquanto outros não. Por exemplo: usar um saco de pancadas nos momentos de raiva é uma forma positiva de enfrentar o que está acontecendo, mas bater a cabeça na parede não é.
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Avisos

  • Não diga à pessoa que você vai deixá-la de lado por causa das lesões. Esteja presente e demonstre seu apoio, dizendo que há outras formas de lidar com tudo.
  • Não julgue as pessoas que se machucam. Ponha-se no lugar delas.
  • A automutilação nem sempre é um comportamento suicida: pode ser uma forma de lidar com problemas emocionais. Não tire conclusões precipitadas.
  • Não pegue os pulsos de ninguém à força só porque você está desconfiado. Isso pode ser doloroso e desconfortável para a pessoa.
  • Seja educado se a pessoa não quiser falar sobre determinado assunto com você.
  • Não force ninguém a revelar o que está acontecendo na própria vida.
  • Se você achar que a pessoa tem tendências suicidas, chame os serviços de emergência ou ligue para o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo número 188.
  • Não prometa manter o comportamento da pessoa em segredo.
  • Não tente confiscar as "ferramentas" que a pessoa usa para se autolesionar logo de cara! Ela pode ficar ainda mais reclusa e autodestrutiva. É melhor ajudá-la a perceber que ela não precisa disso e convencê-la a entregar tudo aos poucos.
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