Baixe em PDF Baixe em PDF

Fazer a mamoplastia, seja para remover ou implantar mamas, é uma das principais decisões de qualquer pessoa que se identifica como trans. De modo geral, quem se entende como não-binário ou homem transgênero e está pensando em passar pelo procedimento tem a opção de remover ou reduzir o tamanho das mamas. Por outro lado, quem se entende como mulher transgênero pode fazer implantes para aumentar a região do busto. Apesar de o processo ser importante — afinal, faz parte da identidade de muitas pessoas —, é normal ele causar um pouco de medo e incerteza. Sendo assim, reflita bem sobre a ideia e converse com um ou mais médicos e pessoas de confiança para saber se você está preparado ou preparada.

Método 1
Método 1 de 2:

Preparando-se mental e emocionalmente

Baixe em PDF
  1. A disforia de gênero é caracterizada por um estado constante de insatisfação causada pela incompatibilidade entre a identidade de gênero e o sexo biológico de uma pessoa. [1] Pense se você se encaixa nesse parâmetro — e, principalmente, se isso gera um forte desejo de mudar a aparência dos seus seios. Veja exemplos: [2]
    • Uma pessoa que nasceu com o sexo feminino mas se identifica como não-binária ou homem transgênero pode ter vontade de esconder, atar ou mesmo remover as mamas.
    • Uma pessoa que nasceu com o sexo masculino mas se identifica como mulher transgênero pode ter vontade de acentuar a aparência das mamas, como por meio de sutiãs com enchimento.
    • Muitos cirurgiões e até alguns planos de saúde pedem que pacientes interessados em fazer a cirurgia de redesignação sexual comprovem, com laudos técnicos e psicológicos, que têm disforia de gênero. [4] Converse com um médico ou terapeuta (se você faz algum tratamento do tipo) sobre o que você sente em relação ao seu corpo.

    Você sabia? Nem todas as pessoas trans apresentam a disforia, e cada uma tem o direito de decidir até onde quer ir em termos de procedimentos cirúrgicos. A identidade de gênero não deixa de ser válida só porque não há intenção de passar por mudanças físicas. [3]

  2. Viver com um quadro de disforia de gênero pode ser extremamente complicado. Reflita se você sente ou tem sintomas de estresse, ansiedade ou depressão em função da aparência das suas mamas. Se sim, talvez esteja na hora de considerar a cirurgia — ainda mais se outros métodos de combater a disforia, como o uso de binders ou injeções de estrógeno, não surtem o efeito esperado. [5]
    • Tente montar uma lista de formas específicas como você imagina que a cirurgia vai melhorar a sua vida. Por exemplo: inclua itens como "Minha autoestima vai melhorar" e "Eu não vou ter mais que usar binders ".
  3. Sempre que você decidir fazer qualquer procedimento cirúrgico mais drástico, seja qual for, é importante contar com o apoio emocional (e até prático) de pessoas importantes na sua vida. Pense nos familiares e amigos a quem dê para recorrer nos seus momentos de necessidade antes da cirurgia. [6] Depois, converse com eles e descubra o que cada um está disposto a fazer.
    • Por exemplo: pergunte ao seu irmão ou à sua irmã se um deles poderia tomar as suas decisões por você durante a sua internação, além de recorrer a um amigo que se disponha a ouvir os seus desabafos sobre o procedimento.
    • Se você não tem familiares ou amigos com quem possa contar, converse com um médico de confiança ou o seu terapeuta e peça indicações de grupos de apoio para pessoas trans ou que têm disforia de gênero.
  4. Passar pela mamoplastia é uma decisão muito pessoal. Sendo assim, talvez valha a pena conversar com um terapeuta para discutir os aspectos mentais, emocionais e até físicos do procedimento. Isso pode conter parte do estresse ligado à cirurgia, além de ajudar você a tomar uma decisão mais informada em relação ao assunto. [7] Se for preciso, converse com o seu médico de confiança e pergunte se ele tem indicações de psicólogos.
    • A transgeneridade e a disforia de gênero não são distúrbios mentais. [8] No entanto, muitas pessoas trans desenvolvem quadros como depressão e ansiedade por causa do preconceito que sofrem no dia a dia e à confusão que acabam sentindo. [9] Se isso acontecer, lembre-se de que você não está sozinho ou sozinha e de que sempre há opções de tratamento para quadros mentais.
    • Um terapeuta é a pessoa mais indicada para ajudar você a definir metas positivas e realistas em termos de transição, além de falar dos aspectos emocionais ligados à cirurgia e ao processo de recuperação.
  5. A mamoplastia é um passo e tanto, já que altera o corpo permanentemente. Se você descobrir que tem disforia, explore a sua expressão de gênero e busque formas de fazer as pazes com essa realidade. Isso tudo vai facilitar a sua tomada de decisão. Sendo assim, antes de optar pela cirurgia de fato, pense bem se você quer mesmo passar pelo procedimento. Ainda que ele pareça o caminho ideal, sempre é melhor ter certeza — mesmo que, para isso, você precise refletir por um tempo a mais.
    • Alguns cirurgiões e planos de saúde impõem certos requisitos a pacientes que pretendem passar pela mamoplastia, como viver com o gênero com o qual se identificam por um período específico. Entretanto, isso é mais comum com quem pretende fazer a redesignação sexual. [10]
    • Esperar, mesmo que seja um tempinho, pode ser uma verdadeira tortura para quem tem um quadro muito sério de disforia de gênero. Se for o seu caso, converse com o seu terapeuta, médico de confiança e familiares e amigos e explique o que está acontecendo com você.
  6. Se você conhece uma pessoa que já passou pela mamoplastia, ela pode ser uma valiosa fonte de informações nesse seu processo de tomada de decisão. [11] Se não conhece ninguém em particular, busque contatos em grupos de apoio ou faça uma pesquisa na internet (nas mídias sociais, por exemplo). Veja algumas perguntas interessantes:
    • "O que você acha que seria importante saber antes da cirurgia?".
    • "Como foi o seu período de cicatrização e recuperação?".
    • "Você ficou satisfeito (ou satisfeita) com o resultado da cirurgia?".
    • "Você sofreu discriminação ou foi vítima de qualquer ataque por causa da cirurgia?".
  7. Antes de poder fazer a cirurgia (pelo seu plano de saúde, por exemplo), você precisa de um laudo do psicólogo que indique plenas condições de passar pelo procedimento. É por isso que o acompanhamento terapêutico é tão importante, já que esse profissional auxilia até no tratamento de uma série de problemas de ansiedade, estresse e afins. [12] O laudo pode incluir, entre outros:
    • Informações sobre a sua disforia, incluindo há quanto tempo você apresenta o quadro.
    • Detalhes sobre outros possíveis quadros de saúde mental, além de como você os trata.
    • Um parecer do psicólogo em relação à sua compreensão dos riscos e benefícios do procedimento, bem como as formas como ele vai melhorar a sua qualidade de vida.
    • Informações sobre o seu sistema de apoio.
  8. Como dito, fazer a mamoplastia é uma decisão complexa e que costuma ser influenciada por fatores como disforia ou, no mínimo, desconforto ligado às mamas. No entanto, pode ser que você precise levar outros fatores em consideração, como esperar uma vaga no SUS, tirar férias do trabalho para se recuperar em casa etc.
    • Alguns planos de saúde cobrem todos (ou quase todos) os gastos com a cirurgia.
  9. Você pode buscar dicas e conselhos de médicos, profissionais da saúde mental, amigos e familiares, mas no fim das contas a decisão é 100% sua. Só dê continuidade ao processo se ele parecer o melhor para a sua vida. [13]
    • Repetindo: a decisão de fazer ou não a cirurgia é 100% sua — e você tem o direito de mudar de ideia. Pense bastante e não se deixe influenciar pelo que os outros acham que é certo.
    Publicidade
Método 2
Método 2 de 2:

Cuidando de toda a parte médica

Baixe em PDF
  1. Antes de você passar pela mamoplastia, marque uma consulta com o médico ou cirurgião e discuta os detalhes do procedimento. Ele pode explicar os passos da cirurgia, o período de cicatrização e recuperação, como funciona o pós-operatório e quais são as possíveis complicações, além de mostrar quais são os resultados realistas. [14]
    • O procedimento é sério e apresenta uma série de riscos e possíveis complicações, como hemorragias, infecções, surgimento de cicatrizes permanentes e acúmulo de sangue e outros fluidos no local do procedimento. [15] A mamoplastia de aumento traz esses mesmos riscos, mas também pode gerar assimetria nas mamas ou até vazamento e deslocamento dos implantes. [16]
    • Procure um médico que tenha experiência nesse tipo específico de cirurgia.
  2. Durante a consulta, o médico vai indicar qual é o melhor procedimento para o seu tipo físico e seus objetivos de pós-operatório. Cada tipo de incisão tem prós e contras, e há vários fatores que determinam qual deles é ideal: o tamanho final das suas mamas, o nível de elasticidade e firmeza e a sensibilidade dos mamilos etc.
    • Fale especificamente sobre os tipos de incisão que o médico pode usar durante a cirurgia.
  3. Antes da cirurgia propriamente dita, o médico vai querer confirmar que você está em um estado de saúde adequado. Por isso, faça um check-up e todos os exames que ele recomendar. [17]
    • Converse com o médico se você tem qualquer problema de saúde mais sério ou se a sua família tem um histórico de quadros como cardiopatias, hemofilia ou câncer de mama.
    • Se você tem algum problema sério, trate-o (ou, no mínimo, amenize os sintomas) antes do procedimento.
    • Explique ao médico que medicamentos, vitaminas ou suplementos você toma — pois eles podem gerar efeitos na mamoplastia. [18]
  4. Além do check-up físico, o médico pode pedir exames para descartar outros possíveis problemas. Apesar disso, nem todo cirurgião tem esse requisito com pacientes mais jovens e saudáveis. Se acontecer com você, prepare-se para fazer um ou mais dos seguintes exemplos: [19]
    • Exame de sangue.
    • Painel metabólico básico.
    • Hemograma.
    • Exame das enzimas hepáticas.
  5. Pare de fumar . Se você fuma, corte todo o consumo de nicotina, seja qual for a forma, por pelo menos três semanas antes e seis semanas depois da mamoplastia. [20] Se for necessário, converse com o médico e peça dicas de estratégias que ajudem a controlar o seu vício a tempo.
    • Evite também consumir álcool e qualquer droga recreativa, seja ela legal ou ilegal, nas semanas anteriores e posteriores à cirurgia. Coisas do tipo podem afetar a reação do corpo à anestesia e aumentar o risco de complicações sérias. [21]
  6. Estar acima do peso ou ter um índice de massa corporal (IMC) alto podem gerar riscos não apenas anestesia e na recuperação pós-cirúrgica, mas também em todo o resultado do procedimento. [22] Converse com o médico ou consulte um nutricionista que ajude você a definir metas saudáveis antes da cirurgia.
    • Fazer refeições saudáveis e praticar exercícios com frequência antes da cirurgia são duas estratégias que facilitam o período de cicatrização e recuperação.
  7. No geral, somente maiores de 18 anos têm competência legal para decidir sobre a mamoplastia e outros tipos de procedimentos. [23] Se não é o seu caso, você vai precisar da autorização dos seus pais ou responsáveis para qualquer coisa do tipo.
    • Além do mais, há cirurgiões que preferem não fazer cirurgias tão radicais em menores de idade mesmo quando há autorização dos pais ou responsáveis. [24]
    Publicidade

Dicas

  • É pouco provável que o seu plano de saúde cubra todas as despesas do processo e da cirurgia. Prepare-se para investir bastante nessa jornada — e, se possível, faça todo o planejamento financeiro de antemão para não se assustar.
  • Você não precisa se tratar com hormônios antes de fazer a mamoplastia, mas eles podem otimizar os resultados do procedimento (principalmente no caso de quem está fazendo a transição para não-binário ou homem transgênero). [25] De todo modo, discuta a sua decisão com o médico antes. [26]
Publicidade
  1. http://www.childrenshospital.org/centers-and-services/programs/a-_-e/center-for-gender-surgery-program/eligibility-for-surgery
  2. https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/top-surgery-for-transgender-men/about/pac-20469462
  3. http://www.childrenshospital.org/centers-and-services/programs/a-_-e/center-for-gender-surgery-program/eligibility-for-surgery
  4. https://www.amsa.org/advocacy/action-committees/gender-sexuality/transgender-health/
  5. https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/top-surgery-for-transgender-men/about/pac-20469462
  6. https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/top-surgery-for-transgender-men/about/pac-20469462
  7. https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/top-surgery-for-transgender-women/about/pac-20470693
  8. https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/top-surgery-for-transgender-men/about/pac-20469462
  9. https://www.asahq.org/whensecondscount/preparing-for-surgery/prep/preparing-for-surgery-checklist/
  10. https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/top-surgery-for-transgender-men/about/pac-20469462
  11. https://transcare.ucsf.edu/masculinizing-chest-reconstruction-top-surgery
  12. https://www.asahq.org/whensecondscount/preparing-for-surgery/prep/preparing-for-surgery-checklist/
  13. https://transcare.ucsf.edu/masculinizing-chest-reconstruction-top-surgery
  14. https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/top-surgery-for-transgender-men/about/pac-20469462
  15. http://www.childrenshospital.org/centers-and-services/programs/a-_-e/center-for-gender-surgery-program/eligibility-for-surgery
  16. https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/top-surgery-for-transgender-men/about/pac-20469462
  17. http://www.childrenshospital.org/centers-and-services/programs/a-_-e/center-for-gender-surgery-program/eligibility-for-surgery

Sobre este guia wikiHow

Esta página foi acessada 2 181 vezes.

Este artigo foi útil?

Publicidade