Existem várias formas de se jogar RPG por texto, desde o PbF (jogado por meio de fóruns na internet) e o Pbem (através de trocas de e-mails) até a forma mais recente, que faz uso do WhatsApp ou de outros aplicativos de mensagens instantâneas. Embora essa pareça ser uma modalidade menos formal de RPG, não se engane, pois, para se tornar um bom jogador, será necessário se esquecer da linguagem habitual da internet e se concentrar no uso correto da gramática e da ortografia. Os jogadores que escrevem bem, na maioria das vezes, também jogam bem e interpretam bem seus papéis, portanto, não são “noobs” no RPG. Independentemente do meio escolhido para jogar, os textos de um bom escritor possuem, pelo menos, 60 palavras. Aprenda neste Artigo como se tornar um bom jogador de RPG por texto.
Passos
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Entenda o que é o RPG. Do inglês, roleplaying (RP) significa brincar de interpretar um personagem. O “G” da sigla vem de “game” (jogo), que começa quando duas pessoas ou mais se encontram para interpretar uma história. No jogo, os jogadores podem criar uma história ou alterar uma existente, cujo gênero pode variar de acordo com o gosto dos envolvidos – de Harry Potter a Pretty Little Liers. Novos mundos também podem ser criados, misturando histórias, como My Little Pony e Senhor dos Anéis, por exemplo – o limite é a própria imaginação. O melhor de tudo é que, além da diversão, o jogo ajuda a desenvolver a habilidade de escrever do jogador.
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Descubra qual é a sua categoria.
- Iniciante. Trata-se de um jogador novo no mundo do RPG por texto. Ele, normalmente, escreve uma linha de texto e, raramente, completa um parágrafo. Todos começam nesse nível, então, não há nada de errado em ser um iniciante. Estar nesse nível não significa ser analfabeto.
- Mediano. Aqui, o jogador já é capaz de digitar de um a dois parágrafos sem maiores dificuldades. A maioria dos jogadores se enquadra nesse nível e essa, certamente, não é uma má posição para se ocupar. Embora haja qualidade e boa quantidade de escrita no nível mediano, a carga de intensidade não é tão alta quanto à do próximo nível.
- Avançado. Esse é o tipo de jogador que domina a arte da escrita e é capaz de criar textos com, no mínimo, quatro parágrafos cada (e o tamanho total de um livro). A pressão que os jogadores avançados sofrem é bem maior, porque espera-se deles altíssima qualidade e, ao mesmo tempo, grande quantidade.
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Crie o personagem. Sopre a vida em suas narinas.
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Torne-o real. É possível passar horas e horas trabalhando em cada aspecto da vida e da personalidade de um personagem, entretanto, saiba que você só precisa saber o suficiente para torná-lo real. Crie uma imagem objetiva e clara dele em sua mente e passe-a para os outros jogadores.
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Siga os passos dos mestres. Aprenda o processo de criação de personagens, os passos que os jogadores avançados seguem e preste atenção nos conselhos que eles dão. Embora os passos que serão apresentados aqui possam ser aplicados para qualquer tipo de personagem, eles foram criados, originalmente, para vilões. Não será preciso segui-los na mesma ordem nem implementar todos eles. Use-os como um guia para facilitar a sua vida durante o processo de criação de personagens que pareçam mais reais. Por exemplo, muitos jogadores começam criando o nome, a raça, a classe e o sexo do personagem (itens que nem serão listados).
- Profissão;
- Meta;
- Motivação;
- Personalidade;
- Atitudes e comportamentos;
- Gostos e preferências;
- Meio em que vive;
- História;
- Contatos profissionais;
- Aparência;
- Habilidades e alianças.
- Profissão. Uma das perguntas mais estranhamente simples, mas que os iniciantes costumam se esquecer de fazer é: o que o personagem faz para viver? Por exemplo, em tempos de paz, qual seria a profissão de um guerreiro (fabricante de redes, quem sabe)? A resposta fará com que o personagem se torne muito mais realista.
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Meta. Outra pergunta que, geralmente, é desprezada, mas que é de importância fundamental para quem pretende se tornar um bom jogador de RPG por texto, é: o que o personagem está tentando conquistar na vida? Qual é a meta suprema da vida dele? O que ele responderia se alguém o perguntasse filosoficamente: “o que você quer da vida”? A resposta não precisa ser, necessariamente, papável. Por exemplo, um personagem sedento por poder pode ter a ambição secreta de ser tornar um deus. É claro que, embora seja algo não exequível, o personagem pode se esforçar e trabalhar a vida toda para alcançá-lo. Quando se sabe onde o personagem pretende chegar, consequentemente, torna-se mais fácil criar os passos para que ele chegue lá (ou para que ele, pelo menos, tente chegar).
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Invente objetivos difíceis de se atingir. Quanto mais difícil for o objetivo do personagem, mais interessante ficará o jogo. O segredo de qualquer boa história é o conflito gerado pelas dificuldades. A dificuldade é o combustível que mantém acesa a chama do RPG. Quanto maior a luta, maior a diversão; quanto maior o risco, maior o suspense. Contudo, tome cuidado para não criar objetivos estritamente filosóficos, pelos quais o personagem não tenha condições de lutar. O propósito de se ter um objetivo é possuir algo para guiar as ações do personagem.
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Conheça algumas categorias de objetivos. Note que algumas são características de vilões.
- Imortalidade;
- Fortuna;
- Superioridade bélica;
- Influência política;
- Mágica;
- Poderes divinos;
- Vingança;
- Exibicionismo;
- Amor;
- Paz;
- Segurança;
- Família;
- Nacionalismo.
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Motivação. Lado a lado com a pergunta anterior, vem a próxima, que é: por que o personagem está tentando alcançar aquilo que tanto almeja? O que o motiva a seguir adiante? Por que razão ele se esforça de tal maneira? O bom jogador deve estar constantemente atento à motivação do personagem, pois ela é essencial para que ele se torne mais real. O personagem possui uma necessidade intrínseca e inabalável por aquilo que deseja, esteja ele ciente disso ou não. Que necessidade é essa? Existem muitos tipos de necessidades que podem servir de motivação para as pessoas.
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Realização. Um personagem que é motivado pela realização, procura objetivos difíceis de alcançar. Além disso, mantém altos padrões e trabalha para chegar longe. Ele gosta de competição e se esforça muito para ser o melhor no que faz.
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Pertencimento. Alguém com tal necessidade gosta de estar cercado por outras pessoas, ele tem muitos amigos e não precisa se esforçar para aceitar novas pessoas no seu círculo de amizades. Ele fará de tudo para construir novos amigos e manter suas alianças.
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Agressividade. Alguns personagens precisam de um pouco de agressividade na vida, pois gostam de estar em discussões e em combates. Eles são facilmente tirados do sério e não pensam duas vezes antes de quebrar o nariz de alguém. Trata-se do típico personagem que dá o troco e conclui com: “agora estamos quites”.
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Autonomia. Essa é a necessidade que obriga o personagem a se livrar de certas restrições, do confinamento ou de qualquer outro tipo de limitação. Eles procuram não manter vínculos com outras pessoas, lugares ou responsabilidades, o que os torna rebeldes quando se encontram sob qualquer tipo de imposição.
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Exibicionismo. Se o personagem não for o centro das atenções, ele fará de tudo para satisfazer essa necessidade. Como ele gosta de ter um público cativo, adotará determinados comportamentos que o garantam lugar sob os holofotes. Ele é, geralmente, divertido e dramático.
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Segurança. Quem tem a necessidade de se sentir seguro jamais se sentirá bem praticando atividades muito emocionantes, principalmente, se forem perigosas. O personagem fará o máximo para evitar se machucar fisicamente e tentará sempre maximizar sua segurança pessoal.
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Cuidar de alguém. A necessidade de cuidar de outra pessoa leva o personagem a querer dar carinho, conforto e abrigo para quem quer que esteja em necessidade. Ele se interessa em ajudar as crianças, os deficientes e os doentes. Está sempre pronto para estender sua mão amiga e distribuir favores.
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Organização. A maior necessidade desse tipo de personagem é manter suas posses e arredores limpos e na mais perfeita ordem. Eles não gostam de confusão e falta de organização. São aficionados por criar novos métodos de manter tudo em ordem.
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Poder. Influenciar, dirigir e controlar pessoas e o ambiente, é isso que a necessidade por poder faz com uma pessoa. Esse é um personagem que gosta de impor suas opiniões e liderar – atitudes tais que ele demonstra espontaneamente.
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Socorro. Esse personagem não tem a necessidade de socorrer, mas, sim, de ser socorrido. Por isso, ele tende a ter que contar sempre com a empatia dos outros, bem como com a proteção, o amor, os conselhos e a motivação. Se não conseguir o que quer, ele ficará inseguro e terá que correr para alguém e contar suas dificuldades.
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Entendimento. Essa é a necessidade de ter que estudar a fundo diversas áreas do conhecimento. Esse personagem é guiado por um forte senso de curiosidade e valoriza tanto a síntese de ideias quanto o pensamento lógico.
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Entenda que nem sempre a escolha mais óbvia é a melhor. Não deixe se levar por estereótipos. Por exemplo, pode ser óbvio demais querer oferecer como motivação a um mago o conhecimento absoluto do universo e de todo o tipo de magia contida nele. No entanto, e se ele estivesse motivado a acabar com a fome de seu reino? Que tipo de mago, então, seria esse? Talvez um que quisesse transformar objetos ordinários em ouro para comprar alimentos. Por que razão ele teria optado pela magia para alcançar seus objetivos? Alguns jogadores procuram conferir mais profundidade ao personagem, dando a ele duas motivações – uma declarada e outra interna (talvez o mago queira matar a fome dos camponeses para, dessa forma, ganhar a simpatia do rei).
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Personalidade. Ao descrever uma pessoa para outra, costuma-se resumi-la em apenas dois aspectos de sua personalidade. Por exemplo, é possível descrever alguém como sendo arrogante e perspicaz ou gentil e tímido. Portanto, escolha duas características dominantes que possam servir como um cartão de visitas da personalidade geral do personagem. As duas características devem ser relacionadas e reforçarem-se entre si. Contudo, vá além, e torne o personagem mais interessante e inesquecível por meio de uma terceira característica que seja contraditória às outras duas. Isso o dará mais contraste e profundidade, transformando-o em muito mais do que uma simples máquina de matar – talvez uma máquina de matar com um coração.
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Use uma lista de traços de personalidade. Veja o exemplo e crie a sua própria lista:
- Traço dominante 1: praticidade;
- Traço dominante 2: perfeccionismo;
- Traço contraditório: preocupar-se com o próximo.
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Atitudes e comportamentos. Para entender como o personagem interagirá com outros personagens no jogo, será preciso determinar como ele os tratará e como ele os considerará. As atitudes nem sempre refletem os comportamentos de uma pessoa. Alguém, por exemplo, pode tratar todo mundo de maneira gentil e educada enquanto as recrimina por não serem muito inteligentes e elegantes. O fato é que todo mundo tem um jeito de tratar os outros dependendo da situação e do nível de intimidade. Defina com clareza como o personagem age em relação a outras pessoas e como ele se comporta em relação a outras pessoas. Pense em vários grupos diferentes de pessoas e defina a ação e o comportamento do personagem para com eles. Um soldado, por exemplo, exibe atitudes e comportamentos específicos para como seus superiores, subordinados e iguais.
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Gostos e preferências. São essas as características que tornam, de fato, o personagem único. Gostos incomuns, por exemplo, acentuam ainda mais a personalidade. Tente pensar em detalhes do personagem como: comida favorita, cor preferida, estilo de música que não vive sem, etc. Lembre-se de que os gostos, mesmo os mais comuns, destacam o personagem. O que o seu personagem pediria se entrasse em um bar acompanhado por um guerreiro e um clérigo? Responder a perguntas como essa de antemão podem ajudar a tomar melhores decisões mais tarde. Entretanto, é igualmente satisfatório ver o personagem crescer por meio de decisões feitas na hora. Por exemplo, e se você decidisse, no calor do momento, que o seu personagem, ao invés de sangue ardente de dragão, pediria um copo de leite ao barman? Não há, mesmo, a necessidade de definir cada detalhe do personagem antes de começar o jogo, só o suficiente.
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Meio em que vive. Mesmo que grande parte do cenário venha a ser definido pelo universo da história, vale a pena parar um pouco para pensar neste Tópico. Onde o personagem mora e como ele cuida de seu espaço? É uma casa bagunçada, precisamente organizada ou quase que desmobiliada? Por quê? Quais são seus bens materiais? Por que ele possui tais bens? Quando não está ocupado, como e onde ele passa o tempo? Para onde ele vai quando você não o está controlando? Alguns se trancam em casa, outros passam o dia da taverna, outros vão para a floresta caçar, muitos se dedicam ao treinamento, enquanto que os mais românticos vão passear na praia.
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Não se esqueça da gramática, da pontuação e da ortografia. Para se tornar um bom jogador de verdade, você deverá praticar o uso correto da língua portuguesa. Por exemplo, um bom jogador jamais escrevia algo como: “Ela andar pela práia procurando à pqna tatraruga kkk”. Escreva corretamente sempre, mesmo quando não estiver jogando. Quanto mais praticar, mais automático será o ato de escrever de forma correta.
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