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O pé de trincheira, também conhecido como pé de imersão , acontece quando os pés são expostos à água fria e insalubre por longos períodos de tempo — muitas horas ou dias. [1] O termo foi cunhado durante a Primeira Guerra Mundial, quando milhares de soldados desenvolveram esse problema doloroso enquanto combatiam os inimigos nas trincheiras. Ele é caracterizado por um inchaço nos pés, bem como dormência, dores e, por fim, pela morte do tecido e pela gangrena, que podem ser fatais. O pé de trincheira ainda acontece nas zonas de guerra modernas, áreas de desastres naturais e locais afetados por chuvas torrenciais e enchentes. Felizmente, é fácil tratar e evitar a situação.

Parte 1
Parte 1 de 2:

Tratando o pé de trincheira

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  1. O pé de trincheira acontece quando os pés ficam molhados por muito tempo, como quando a pessoa usa sapatos e meias úmidos ou fica em poças ou corpos d'água ou lama. Se começar a notar os indícios, busque atendimento médico assim que possível. Fique de olho nos seguintes sinais:
    • Coceira ou formigamento nos pés;
    • Dores nos pés;
    • Inchaços nos pés;
    • Pontos frios e manchados na pele;
    • Dormência, peso anormal ou sensação de comichão nos pés;
    • Vermelhidão e temperaturas altas;
    • Pele seca;
    • Bolhas seguidas da morte do tecido (estágios mais avançados).
  2. Apesar de o "pé de trincheira" ter surgido mais de cem anos atrás e parecer coisa do passado, ele ainda ocorre em pessoas que passam muito tempo em condições frias e molhadas. Uma das melhores formas de evitar ou tratar a condição é sempre deixar os pés secos e limpos. [2] Se ficar dentro de corpos d'água por muitas horas, por exemplo, limpe-os e seque-os sempre que possível, além de trocar as meias molhadas por meias secas.
    • O pé de trincheira se desenvolve porque os vasos sanguíneos dos pés se contraem para manter o resto do corpo aquecido, o que reduz a quantidade de oxigênio e nutrientes enviados aos tecidos do local.
    • Sem o oxigênio e os nutrientes necessários, os tecidos dos pés incham e, com o tempo, morrem. Além disso, as bactérias da água também podem provocar infecções quando há cortes ou abrasões nos membros.
    • Se tiver algum ferimento aberto nos pés, passe alguma pomada antibacteriana ou um desinfetante à base de álcool depois de secá-los, mas antes de voltar a calçar os sapatos ou as botas.
  3. Se tiver que ficar em corpos d'água frios por muito tempo de uma vez, é essencial não só secar os pés, mas também aquecê-los gradualmente. [3] O calor pode abrir (dilatar) os vasos sanguíneos e aumentar a circulação no local, o que impede a progressão do problema. Ponha compressas quentes ou mergulhe os membros em água quente por 5-10 minutos. Por fim, não use água quente demais, ou pode queimá-los e piorar a situação.
    • Se lavar seus pés com água morna, acrescente uma solução de permanganato de potássio (encontrada em qualquer drogaria) à água — ela pode ajudar a extrair os fluidos do tecido inchado.
    • O pé de trincheira é semelhante ao congelamento/enregelamento, embora não envolva necessariamente temperaturas negativas. Além disso, o problema acontece em temperaturas de até 15,6° C, mesmo em ambientes fechados. [4]
    • O pé de trincheira pode se desenvolver até quando a pessoa passa menos de um dia (até 12 horas) exposta à água.
  4. Depois de aquecer seus pés, não calce meias enquanto ficar na cama. [5] Pode parecer contraintuitivo quando estiver frio, mas usar esses acessórios reduz a circulação e piora a situação. Depois de alguns dias de recuperação, passe a vestir meias folgadas, feitas de algum material arejado, como algodão.
    • Em vez de usar meias, aqueça seus pés cobrindo-os com uma manta de lã.
    • Não eleve seus pés quando estiver sentado no sofá, ou vai diminuir a circulação nas pernas.
    • Quando estiver deitado, ponha mais uma manta na cama para manter seus pés aquecidos. Tente não cruzar as pernas para não reduzir a circulação.
  5. O pé de trincheira é caracterizado pelo inchaço dos tecidos e por dores que podem ficar muito intensas. Além disso, afeta os dedos dos pés, o calcanhar ou todo o membro, dependendo de que partes dele estão molhadas e do período de exposição às baixas temperaturas. [6] Assim, tome medicamentos que possam combater os sintomas, como anti-inflamatórios. Ibuprofeno (Advil, Motrin etc.) ou um naproxeno (Aleve) são opções de venda libre comuns e eficazes.
    • Anti-inflamatórios são as melhores opções quando tomados por períodos curtos, de poucas semanas.
    • Quando o pé de trincheira se desenvolve, pode precisar de semanas ou até meses para ser tratado, dependendo da intensidade e da saúde da pessoa.
  6. Os principais indícios de pé de trincheira (dor, inchaço, bolhas, mudanças de cor) não costumam ser causados por infecções, embora ficar em corpos d'água contaminados por bactérias fecais aumente o risco — ainda mais quando a pessoa tem algum corte ou abrasão nos pés. [7] Outros sinais incluem a produção de secreção com sangue, a formação de manchas vermelhas e/ou brancas nos pés, mal cheiro e febre moderada.
    • Se notar a formação de bolhas, as suas chances de estar desenvolvendo uma infecção ficam muito maiores.
    • Se estiver sob risco de desenvolver o pé de trincheira, passe alguma pomada antibiótica ou loção desinfetante nos cortes ou abrasões dos pés assim que possível.
    • O médico pode receitar alguns antibióticos para você evitar infecções ou até indicar uma antitetânica, caso seu cartão de vacinas esteja desatualizado.
  7. Esse tipo de descoloração da pele pode indicar que o tecido está morrendo por não receber oxigênio e nutrientes por períodos muito prolongados. [8] Essa necrose pode levar à gangrena, problema emergencial que só pode ser tratado com intervenção por meio de antibióticos ou cirurgias.
    • Além da descoloração e dos tons escuros, a gangrena inclui outros sinais: inchaço ainda mais grave, dores sérias e perda da sensibilidade, descascamento da pele, corrimentos de cheiro forte e desfiguração dos dedos dos pés.
    • Nos casos mais graves de pé de trincheira, quando a gangrena afeta os membros, pode ser necessário recorrer à amputação.
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Parte 2
Parte 2 de 2:

Evitando pé de trincheira

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  1. A maioria das pessoas não gosta de molhar os pés nessas condições, embora algumas profissões e certos passatempos (como determinadas formas de pescaria e eventos em ambientes abertos) aumentam bastante o risco de desenvolver o problema. [9] Preste atenção ao tempo e lembre-se de que a condição pode surgir em até 12 horas sob certas circunstâncias. Sempre que possível, volte aos locais secos.
    • Faça intervalos a cada duas horas ou menos se tiver que ficar em poças ou corpos d'água por causa do seu trabalho — ainda mais se trabalhar com algum tipo de serviço de emergência.
    • Mergulhar os pés em corpos d'água mornos e insalubres também é perigoso e causa outro tipo de pé de trincheira; portanto, deixe seus pés secos em qualquer temperatura.
  2. Se você tiver que passar muito tempo em condições molhadas ou úmidas por causa do trabalho, fique de olho nas suas meias para ver se elas também estão assim. Se estiverem, troque-as por um par limpo e seco para evitar ou diminuir as chances de desenvolver o pé de trincheira. [10] Se precisar andar em locais com essas condições, leve sempre consigo um par extra dos acessórios.
    • Em condições molhadas, use meias de polipropileno, feitas especificamente para repelir a umidade dos pés.
    • Meias feitas com fibras naturais, como algodão e lã, são melhores para evitar o pé de trincheira que aquelas feitas de materiais artificiais.
  3. Além das meias, use calçados que sejam adequados caso vá passar por um local com condições úmidas ou molhadas. O ideal é usar botas impermeáveis e que cubram seus tornozelos, mas você só deve escolher algo que seja do tamanho certo (nem folgado, nem muito apertado), independente do tipo. [11] Opte por produtos de couro tratado e evite tudo o que for sintético, como borracha e vinil, por exemplo. O couro é mais caro, mas repele a umidade sem afetar a ventilação.
    • Dependendo da situação, pode ser melhor trocar de calçado algumas vezes por dia e deixar os pares molhados secando por algumas horas.
    • Botas de borracha e afins são excelentes para quem precisa ficar algumas horas na água (para pescar, por exemplo), mas também podem deixar a pessoa suscetível ao pé de trincheira após muito tempo — ainda mais se a borracha não tiver revestimento isolante.
  4. Já na época da Primeira Guerra Mundial, os soldados usavam esse truque para evitar o pé de trincheira: passavam muito óleo de baleia nos pés para afastar a umidade e combater as baixas temperaturas. [12] Hoje, é mais fácil e prático usar vaselina, já que os efeitos são os mesmos.
    • Você também pode polvilhar um pouco de talco infantil nos pés. Esse produto ajuda a absorver a umidade, em vez de repeli-la.
    • O talco é ainda mais recomendado para as pessoas que suam muito. Agentes como cloreto de alumínio ajudam a controlar a perspiração excessiva.
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Dicas

  • O pé de trincheira é muito comum em pessoas que: trabalham em obras, com segurança ou em situações de desastres naturais; fazem trilha e acampamentos; gostam de esportes radicais; e gostam de participar de festivais de música abertos.
  • Quem não cuida bem da alimentação e do sono também pode estar predisposto a desenvolver o problema.
  • A nicotina contida nos cigarros (tabaco) reduz a circulação; portanto, evite fumar durante o período de recuperação do pé de trincheira.
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