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Embora a tradição da narrativa oral — também conhecida como contação de histórias ou mesmo storytelling — faça parte da trajetória da humanidade, ela parece estar em vias de extinção na era da comunicação digital. Por sorte, existem algumas oportunidades legais para quem quer aprender a contar histórias incríveis por aí!

Parte 1
Parte 1 de 4:

Dando os primeiros passos

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  1. Muitas pessoas que estão ingressando na área da contação de histórias profissional começam participando de certos eventos na condição de voluntários. Você pode, por exemplo, se apresentar em uma biblioteca, escola ou outro ambiente do tipo. Isso vai contribuir bastante com a sua experiência, afinal a prática leva mesmo à perfeição.
  2. Se você não conseguir encontrar tantos eventos ou oportunidades para contar histórias na sua cidade, que tal criar algo por conta própria? Por exemplo: sugira a ideia aos responsáveis pela biblioteca pública local. Pense em um tema, como "romance", "aventuras em alto mar" ou "problemas com tecnologias". [1]
    • Não pense em temas muito específicos. Por exemplo: algo como "meu primeiro encontro" pode não inspirar as pessoas a contar histórias parecidas e acabar sendo chato para o público.
    • Defina um tempo máximo para contar as suas histórias. Geralmente, dez minutos são uma boa média.
    • Se você preferir, junte os seus amigos mais próximos em casa em uma noite de sexta-feira ou sábado e troque histórias mais ou menos estruturadas com eles! Vocês podem escolher um tema específico ou deixar a criatividade rolar solta.
    • Existem podcasts feitos especificamente para quem quer contar (e ouvir) histórias interessantes das outras pessoas. Faça uma pesquisa no Spotify ou em outra plataforma do tipo e veja se você encontra algo legal, nem que seja em outra língua. [2] [3]
  3. Como você provavelmente já sabe, podcasts são programas radiofônicos que podem ter formatos variados e abordar praticamente qualquer assunto. A maioria deles é disponibilizada em plataformas como Spotify. Que tal produzir algo próprio? Basta ter criatividade, um microfone de qualidade e um espaço sem barulho ou eco. Dá para falar de temas mais específicos (como histórias sobre astronomia) ou gerais (como curiosidades sobre o mundo), além de incorporar uma trilha sonora legal.
    • Produzir podcasts não é necessariamente fácil. Se possível, peça ajuda a alguém mais habituado ao formato no momento da gravação e da edição.
    • Conforme o seu podcast atrai um público fiel, passe a buscar apoio e retorno financeiro. Você pode vender espaço publicitário para empresas, por exemplo. [4]
    • Embora seja possível produzir um podcast simples em casa com um microfone e um bom programa de edição, é claro que os resultados são melhores com equipamentos mais profissionais. [5] Por exemplo: se você pretende fazer e gravar entrevistas via Skype, baixe o Pamela (para Windows) ou o Ecamm Call Recorder (para Mac). O Adobe Audition é um ótimo editor, enquanto o Audacity é uma alternativa gratuita viável.
  4. Não é tão difícil assim encontrar festivais de contação de histórias! Busque oportunidades do tipo, seja para se apresentar ou ver apresentações de outras pessoas. De um jeito ou de outro, você vai conseguir aprimorar as suas habilidades e se inspirar. E aproveite também para fazer contatos profissionais.
    • Faça uma busca por festivais e clubes de contação de histórias na internet e veja se você encontra algo interessante. [6]
    • Descubra se há eventos interessantes nos centros culturais da sua cidade!
  5. Leia obras de ficção e não ficção e tente pensar no que as torna memoráveis. Experimente fazer um exercício com autobiografias, que vão ajudar você a pensar em formas diferentes de contar as suas histórias pessoais de um jeito interessante. E leia também guias de storytelling para se familiarizar com as minúcias dessa arte (ritmo, pausas etc.).
    • Mesmo que tenha uma boa noção prévia desses elementos básicos da contação de histórias, ainda é bom entender como eles colaboram uns com os outros para otimizar as suas habilidades práticas.
    • É bem provável que você tenha uma série de dúvidas e incertezas em relação à contação de histórias profissional. Eis outro bom motivo para ler guias e outros textos de pessoas mais experientes no assunto.
  6. Não busque feedback de pessoas aleatórias e que não entendam do assunto, e sim de oradores, atores, escritores e outros contadores de histórias profissionais. Pergunte o que eles acharam bom nos seus relatos e o que precisa melhorar. Se essas críticas forem construtivas, incorpore-as às suas habilidades para ficar cada vez mais craque na narração.
    • Além de pedir feedback de pessoas que entendam de contação de histórias, você pode buscar uma espécie de mentor que tenha experiência prática no assunto e acompanhe de perto o seu progresso. Ele vai ter dicas mais específicas para o seu caso. [7]
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Parte 2
Parte 2 de 4:

Aprimorando as suas habilidades

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  1. Quando disser algo engraçado, pare por um instante enquanto as pessoas riem; quando disser alguma coisa que deveria arrancar risadas, mas não o fizer, dê prosseguimento ao conto. [8] Use esses intervalos para dar um ritmo natural à história. Nunca fale rápido demais, ou o público vai se perder. E lembre-se de que você não está correndo contra o tempo: crie um pouco de suspense antes de fazer revelações importantes.
    • Se pretende contar uma história e sabe que tem um tempo limitado à disposição, escolha um conto que caiba nesse período. Não adianta tentar enfiar uma história de 15 minutos em oito!
    • Repita certos eventos ou ações para criar um padrão que você vai quebrar em seguida ou pegar o público de surpresa. Por exemplo: se você está contando uma história sobre a vida sem graça de uma pessoa, não diga que ela "vai para casa sozinha todo santo dia"; é melhor dizer "Ela vai para casa. Sozinha. Todo. Santo. Dia" para enfatizar a natureza monótona e solitária dela.
    • Fale rápido na hora de descrever uma ação ou um evento que aconteceu de repente. Só tome cuidado para não se apressar demais a ponto de o público não acompanhar.
    • Aprimore o seu timing não só em cada história, mas também entre histórias diferentes. Se você pretende contar várias narrativas em sequência, comece com uma mais curta e passe para uma mais longa (ou vice-versa). Assim, as pessoas vão conseguir descansar a mente um pouco de vez em quando.
  2. Projete a sua voz e fale com extrema clareza para que todo mundo na plateia consiga ouvir. Além disso, use um tom animado e memorável. [9] Evite interjeições e expressões vazias de sentido, como "ah...", "é...", "...sabe?" e afins. Quanto à postura, olhe para frente o tempo todo — e, se você quiser, concentre o olhar em um ponto específico que fique acima do público, mais para o fundo do salão (nunca para uma pessoa em particular).
    • Seja autêntico na hora de contar a sua história. Mesmo que você esteja relatando uma experiência ficcional, mostre entusiasmo total com relação aos personagens e eventos.
    • Não tenha medo de usar vozes diferentes com cada personagem. [10] Por exemplo: se a história que você está contando inclui um monstro, use um tom mais grave e medonho; se o personagem estiver com medo, fale mais baixo ou sussurre. Isso vai deixar toda a narrativa mais imersiva.
  3. [11] No geral, uma boa história tem uma ideia, um assunto ou um tema bem definido. [12] Quando você criar e ensaiar a sua, pense: do que ela trata? Se não conseguir responder a essa pergunta de forma precisa e concisa, revise toda a narrativa e faça os devidos cortes.
    • O público também deve ser capaz de resumir o tema ou os eventos principais da história em poucas palavras. Se as pessoas que a lerem ou ouvirem ficarem confusas, talvez você precise fazer ajustes.
    • Por exemplo: se você ensaiar a história na frente de um grupo de amigos ou familiares, mas cada um ficar com ideias contraditórias em relação ao tema dela, é melhor revisar os detalhes.
    • Reflita sobre como cada parte da história contribui com o fluxo narrativo. Os eventos dela devem ser claros e estar conectados uns aos outros de maneira lógica.
    • Ouça o feedback das pessoas quando você estiver desenvolvendo a história. É muito importante entender como o público percebe e vê a sua narrativa, já que é isso que dita se ela vai ser eficaz e memorável.
  4. Sempre que for contar uma história, você precisa incluir elementos físicos e mentais à narrativa. [13] Os aspectos físicos, em particular, dependem do conteúdo e do estilo. De modo geral, eles deixam a experiência mais interessante para quem ouve e vê.
    • Por exemplo: se você estiver contando uma história sobre uma coruja, diga "Aí a coruja mergulhou céu abaixo" enquanto levanta a mão por cima da cabeça e dobra o pulso em 90º; em seguida, mexa a mão em volta do seu corpo em 45º e estenda o "o" em "mergulhou" ("mergulhoooou..."). Isso traz à narrativa uma dimensão física interessante, com a qual o público vai conseguir visualizar o movimento da coruja.
    • Não exagere nessa teatralidade. Lembre-se de que você é contador de histórias, não ator. [14] Use uma linguagem corporal que seja adequada e relevante para o estilo e o tom da narrativa.
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Parte 3
Parte 3 de 4:

Entrando no mercado

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  1. [15] Viver como contador de histórias é difícil: há poucas oportunidades de trabalho fixo e, muitas vezes, o que surge é temporário. A menos que você estoure e faça muito sucesso da noite para o dia, continue no seu emprego atual e só se apresente de vez em quando. Também é legal pensar em uma meta que você precise alcançar para finalmente mudar o rumo da sua carreira.
    • Por exemplo: você pode decidir que só vai se dedicar à contação de histórias em tempo integral quando conseguir ganhar pelo menos R$3.500,00 por mês com as suas apresentações.
    • Talvez seja mais fácil ingressar no mercado se você tiver apoio financeiro ou alguém com quem consiga dividir as despesas do dia a dia, como sua esposa (ou seu esposo) ou seus pais.
    • Junte dinheiro para ter uma reserva nas épocas de vacas magras. O ideal é guardar pelo menos o equivalente a seis meses de salário.
  2. Comece criando um perfil nas principais plataformas digitais, como Facebook, Twitter e Instagram. Conforme você ganha mais experiência e passa a fazer contatos, contrate os serviços de um web designer para criar um site profissional. Isso é essencial, já que dá mais controle sobre o estilo e a apresentação do seu trabalho — algo que as mídias sociais não dão.
    • Poste áudios ou vídeos de histórias completas ou em trechos.
    • Escreva um textinho de apresentação falando de quando você entrou na área e por que gosta dela. Ele já serve como uma primeira história!
    • Inclua informações de contato para as pessoas que quiserem contratar os seus serviços para algum evento.
    • Busque diretórios virtuais de contadores de histórias. Pode ser que você conheça outros profissionais que ajudem a alavancar a sua carreira.
  3. Descubra o que você precisa fazer legalmente antes de começar a se apresentar como contador de histórias. Assim como acontece com qualquer profissão, contadores precisam cuidar de uma série de processos burocráticos envolvendo impostos e aspectos financeiros. Por outro lado, como a atividade não é regulamentada, talvez o mais interessante seja se registrar como um microempreendedor individual (MEI) para ter algum respaldo jurídico.
  4. Um bom profissional sabe se comportar com decoro e dignidade, além de impor respeito ao público e aos organizadores de qualquer evento. Sempre se prepare antes de qualquer apresentação: descubra onde fica o salão (ou outro tipo de espaço), onde você vai estacionar (se for de carro), quantas pessoas vão participar etc. Se possível, visite esse local antes do grande dia e tire todas as suas dúvidas com os responsáveis em relação ao equipamento e outros detalhes.
    • Se for se apresentar em um salão espaçoso, mas com acústica ruim, sugira (ou mesmo insista) que os organizadores arranjem um microfone. Lembre-se de que é a sua reputação que está em jogo!
    • Caso você vá se apresentar para crianças, peça para os adultos responsáveis (pais, professores etc.) ficarem por perto o tempo todo.
    • Sempre tente superar as expectativas dos clientes e deixar um gosto de quero mais.
  5. Essa parte é mais delicada, já que a profissão de contador de histórias não é tão popular no Brasil. Mesmo assim, tente encontrar organizações que reúnam pessoas que também se apresentem. O mais importante é contar com algum tipo de apoio para quem faz o que você faz.
    • Dependendo da organização, você pode até ter direito a alguns benefícios. Familiarize-se também com os deveres e direitos dos membros de qualquer instituição a que você decida se agremiar. [16]
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Parte 4
Parte 4 de 4:

Escolhendo a sua profissão

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  1. Muitos contadores de histórias profissionais fazem mais sucesso quando delimitam um público-alvo específico. Pense que tipo de histórias você gostaria de contar e a quem elas interessariam. Por exemplo: se você gosta de fábulas com animais antropomorfizados ou contos absurdos e sem pé na realidade, talvez seja melhor investir em um público mais jovem.
  2. Muitos contadores de histórias profissionais se concentram diretamente no público que mais gosta de ouvir esses relatos: crianças. Nesse sentido, talvez você tenha mais facilidade para achar trabalho como animador infantil — pelo menos em um primeiro momento. Não se feche a nenhum tipo de oportunidade do tipo!
    • Muitos intelectuais e leitores ávidos também são contadores de histórias. [17] Se você gosta mesmo de narrativas, esse é um caminho legal para a sua carreira.
  3. [18] Basicamente, os contadores de história que mais têm retorno financeiro são os que fazem stand-up para públicos adultos. Faz sentido, uma vez que comediantes têm um ótimo timing e sabem arrancar risadas das pessoas. Se é o seu caso, experimente montar um set de piadas e participar de eventos locais em bares e outros espaços do tipo.
  4. [19] O cinema é um meio muito potente, já que envolve imagem e som. Quase nada se compara à sua capacidade de inspirar, animar e convencer o ser humano a deixar a realidade de lado por um tempo. Geralmente, os cineastas mais talentosos por aí estudam bastante para produzir obras de diversos gêneros: dramas, comédias, ficções científicas, documentários etc.
    • Se você entrar mesmo no ramo do audiovisual, tenha sempre diálogos abertos com roteiristas para saber mais sobre a visão deles para a história e os personagens. Como será que essas pessoas imaginam o diálogo na boca dos atores? Como visualizam os cenários? E assim por diante. O roteiro é um dos documentos mais importantes no cinema, já que praticamente toda produção começa nessa forma.
    • Comece com produções mais curtas enquanto você se familiariza com o audiovisual. Hoje em dia, qualquer smartphone tem uma câmera que quebra um tremendo galho nas mãos de aspirantes a cineasta.
    • Busque oportunidades de estágio em produção para entender ainda mais como a indústria funciona. Continue desenvolvendo as suas habilidades com projetos diferentes, além de fazer contato com atores, produtores e executivos.
  5. Cantores e compositores nada mais fazem do que cantar histórias seguindo um ritmo específico. Portanto, você pode tentar trabalhar nesse ramo ou até incorporar efeitos sonoros às suas apresentações, como na forma de um violão ou outro instrumento.
    • Existem diversos contadores de histórias que incorporam violão, bateria e outros instrumentos às suas apresentações, mas também dá para optar por recursos mais simples. [20] Que tal você pedir para o público cantar ou bater palmas no seu ritmo? Isso é ainda mais legal se esse público for composto por crianças, que estão em fase de aprendizagem e gostam de certos tipos de estímulo.
    • Experimente recitar as suas histórias. Você não precisa de acompanhamento instrumental, mas deve ter boa noção de timing, ritmo e rima (embora esta nem sempre seja essencial). Apresente-se para alguns amigos e familiares antes de expor essa habilidade ao mundo.
  6. Se você é uma pessoa religiosa, pode experimentar contar histórias na igreja ou em outro tipo de lugar de adoração que frequenta. Todo líder religioso está acostumado a dar verdadeiras palestras com lições importantes sobre a crença que segue — ou seja, acaba sendo um contador de histórias naturalmente. [21]
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