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Os tiques nervosos são movimentos involuntários e repetitivos muito difíceis ou impossíveis de se controlar. Eles normalmente envolvem o rosto, o pescoço e os membros, sendo muito comuns na infância e muitas vezes diagnosticados como síndrome de Tourette ou transtorno de tiques, dependendo da gravidade e duração dos sintomas. [1] A causa exata dos tiques é difícil de ser diagnosticada, mas normalmente eles são relacionados ao nervosismo, à ansiedade ou aos efeitos colaterais de medicamentos. Aprender a lidar com os tiques é importante, principalmente durante a infância, quando há mais chances de resolver o problema, apesar de essa não ser uma ciência exata.

Parte 1
Parte 1 de 2:

Lidando com tiques nervosos

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  1. Caso seu filho esteja com tiques repetidos, não acredite logo de cara que isso se tornará um comportamento permanente. Seja paciente e apoie-o, tentando entender como o estresse em casa, na escola ou no trabalho (se ele já for adulto) está influenciando esse comportamento. Na maioria dos casos, os tiques na infância desaparecem dentro de alguns meses. [2] Por outro lado, um tique nervoso que se desenvolve na vida adulta provavelmente não se resolverá por conta própria.
    • Caso a pessoa apresente um tique por um ano ou mais, a síndrome de Tourette é um possível diagnóstico. Se os sintomas forem leves e controlados, talvez o problema desapareça.
    • Estresses emocionais, psicológicos e físicos têm relação com grande parte dos transtornos neuróticos. Portanto, observe a rotina do pequeno para entender as fontes de estresse dele e aliviá-las quando possível.
  2. Não existem exames laboratoriais para diagnosticar tiques nervosos, portanto, a causa do problema normalmente é um mistério. Não fique preocupado demais e nem frustrado com a situação, principalmente se o problema estiver no seu filho, pois trata-se de algo comum e que desaparece em poucos meses. [3] Pesquise o assunto na internet (obviamente, apenas em fontes respeitáveis) para entender a condição e o quanto ela é comum entre os pequenos.
    • Alguns transtornos sérios que podem causar tiques nervosos precisam ser descartados pelo médico, como é o caso do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), movimentos incontroláveis causados por um problema neurológico (mioclonia), transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e epilepsia. [4]
  3. A maioria dos médicos e psiquiatras recomenda que os parentes e amigos não chamem muita atenção para os tiques, pelo menos no começo. [5] Acredita-se que atentar para o problema possa causar mais estresse e piorar a situação. É muito difícil encontrar o equilíbrio entre se interessar pelo problema sem alimentá-lo, mas você consegue.
    • Não imite os tiques, nem de brincadeira, pois isso pode deixar a pessoa mais nervosa e incomodada.
    • Caso o problema não desapareça dentro de algumas semanas, pergunte à pessoa o que a incomoda. Movimentos repetitivos, como tossir ou fungar, também podem ser causados por alergias, infecções crônicas ou outras doenças.
    • Escolher um tratamento depende do quanto os tiques atrapalham a vida da pessoa, não do quanto você tem vergonha da situação.
  4. Se os tiques são graves a ponto de causar problemas sociais na escola (no caso de uma criança) ou no trabalho (no caso de um adulto), a terapia pode ajudar bastante, principalmente se o tratamento for focado em psicoterapia e intervenções cognitivo-comportamentais. [6] Nas sessões, a pessoa deve ser acompanhada por um parente próximo ou amigo para apoiá-la.
    • A terapia cognitivo-comportamental inclui treinamentos de reversão de hábitos, que ajuda a identificar a necessidade dos tiques e dos comportamentos repetitivos, ensinando o paciente a combatê-los voluntariamente. Os tiques normalmente são movimentos "parcialmente voluntários", pois podem ser suprimidos por um período de tempo, o que resulta em desconforto acumulado até a execução do tique. [7]
    • A psicoterapia envolve mais uma conversa com o paciente e ajuda com problemas comportamentais associados, como TDAH e TOC.
    • A depressão e a ansiedade também são problemas comuns entre pessoas com tiques nervosos.
    • Os tiques dificilmente são contornados completamente com a terapia, mas o processo pode reduzir a intensidade deles.
  5. Existem certos remédios que ajudam a controlar os tiques nervosos e reduzir os efeitos dos problemas comportamentais associados, mas isso depende do fato da condição ser considerada de curto ou longo prazo e do fato do paciente ser adulto ou criança. [8] Os medicamentos não podem ser receitados para crianças com tiques temporários, mas podem nos casos de síndrome de Tourette grave. Eles alteram os sintomas e os comportamentos, mas muitas vezes vêm acompanhados de efeitos colaterais sérios que devem ser avaliados junto de um profissional de saúde.
    • Os medicamentos que agem bloqueando a dopamina no cérebro incluem: flufenazina, haloperidol e pimozida. Apesar de paradoxal, os efeitos colaterais incluem um aumento nos tiques involuntários e repetitivos.
    • Injeções de botox paralisam os tecidos musculares e são úteis para se controlar casos leves e isolados de tiques no rosto e no pescoço.
    • Medicamentos para TDAH, como metilfenidato (Ritalina) e dextroanfetamina (Adderal), podem reduzir os tiques nervosos, mas também podem piorar o problema.
    • Os inibidores adrenérgicos centrais, como clonidina e guanfacina, podem aumentar o controle dos impulsos nas crianças, reduzindo o nervosismo.
    • Anticonvulsivantes usados para epilepsia, como o topiramato, também podem ajudar a eliminar os tiques no caso de pessoas com Síndrome de Tourette. [9]
    • Infelizmente, não há garantia de que os medicamentos reduzem os sintomas dos tiques nervosos. Para controlar a incidência dos efeitos colaterais indesejados associados aos medicamentos, as doses começam pequenas e aumentam gradualmente até que os efeitos apareçam; depois, deve se manter a dosagem ou reduzi-la. [10]
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Parte 2
Parte 2 de 2:

Diferenciando a síndrome de Tourette do transtorno de tiques

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  1. Os tiques nervosos causados pela síndrome de Tourette normalmente começam entre os 2 e 15 anos de idade, sendo que a média fica nos 6 anos. [11] A síndrome normalmente dura até a vida adulta, mas começa na infância. O transtorno de tiques também costuma aparecer antes da vida adulta, mas dura menos de um ano. [12]
    • Existem muitas similaridades entre as duas condições, incluindo a idade de início, mas a síndrome de Tourette normalmente aparece um pouco antes devido à relação genética forte.
    • Os tiques nervosos que começam na vida adulta raramente são diagnosticados como Tourette ou transtorno de tiques, pois o começo na infância faz parte do diagnóstico dessas condições.
    • Os homens têm cerca de três vezes mais chances de desenvolver os problemas, apesar das mulheres apresentarem incidências maiores de outros problemas psicológicos e de comportamento.
    • A síndrome de Tourette é hereditária e normalmente há uma relação genética entre a maioria dos casos.
  2. Esse é um dos principais fatores que ajudam a diferenciar as duas condições. [13] Para ser diagnosticada com transtorno de tiques, a criança deve apresentar os sintomas diariamente por pelo menos quatro semanas, mas menos do que um ano. [14] Por outro lado, para se diagnosticar a síndrome de Tourette, os tiques devem ocorrer por mais de um ano. Ou seja, é preciso de tempo e paciência para se conseguir um diagnóstico preciso.
    • A maioria dos transtornos de tique se resolve em questão de semanas ou meses.
    • Os tiques que duram mais de um ano são considerados crônicos, até que passe tempo suficiente para oficializar o diagnóstico como Tourette.
    • O transtorno de tiques é mais comum do que a Tourette — um estudo realizado nos Estados Unidos revelou que 10% das crianças americanas desenvolve o transtorno, ao passo que 1% dos americanos (adultos e crianças) são diagnosticados com Tourette. [15] Por outro lado, cerca de 1% dos americanos apresenta a síndrome de Tourette moderada.
    • Estima-se que existam cerca de 200 mil casos de síndrome de Tourette grave (crianças e adultos). [16]
  3. Para que haja um diagnóstico de Tourette, a pessoa deve apresentar pelo menos dois tiques motores e um tique vocal por mais de um ano. Os tiques motores incluem piscar excessivo, mexer o nariz, caretas, morder os lábios, virar a cabeça ou dar de ombros. As vocalizações incluem grunhidos simples, limpar a garganta repetitivamente e gritar palavras ou frases. No caso da síndrome, vários tiques motores e vocais podem aparecer na mesma criança.
    • Por outro lado, as crianças com transtorno de tiques normalmente apresentam um único tique motor ou vocal; raramente há mais de um ao mesmo tempo.
    • Caso a criança apresente algum tique nervoso, é bem provável que o problema seja o transtorno e que ele passe em algumas semanas ou meses.
    • Frases e palavras repetitivas são consideradas uma forma complexa de vocalização.
  4. A síndrome de Tourette varia de moderada a severa de acordo com a repetitividade dos tiques e costuma envolver movimentos mais complexos com várias partes do corpo e movimentos rítmicos como chacoalhar a cabeça com a língua para fora, por exemplo. [17] Por outro lado, quem tem transtorno de tique apresenta alguns movimentos complexos, mas com menos frequência.
    • Os sintomas iniciais dos dois problemas são os tiques faciais como piscar os olhos, levantar as sobrancelhas, mexer o nariz, fazer caretas e mostrar a língua.
    • Os tiques faciais iniciais normalmente são substituídos ou somados a movimentos rápidos do pescoço, tronco ou membros. Os movimentos do pescoço normalmente jogam a cabeça para um único lado.
    • Os tiques das duas condições normalmente acontecem várias vezes ao dia (em surtos) praticamente todos os dias. Às vezes acontecem pausas de algumas horas e os tiques não acontecem durante o sono.
    • Os tiques nervosos realmente se parecem com comportamentos nervosos (daí o nome) e podem piorar quando há estresse ou melhorar quando a pessoa está tranquila.
  5. Um previsor confiável de possíveis tiques nervosos é o fato da pessoa ter outros transtornos, como TDAH, TOC, autismo ou depressão. [18] Problemas sérios na escola relacionados a leitura, escrita ou matemática também podem ser fatores de risco para desenvolver os tiques nervosos.
    • Os comportamentos de TOC incluem pensamentos intrusivos combinados com ansiedade e ações repetitivas. Por exemplo, preocupações excessivas sobre germes e sujeira podem ser combinados com a pessoa lavando a mão várias vezes durante o dia.
    • Cerca de 86% das crianças com síndrome de Tourette também apresentam alguma outra condição mental, comportamental ou de desenvolvimento, normalmente TDAH ou TOC. [19]
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Dicas

  • Os tiques nervosos normalmente desaparecem com o tempo e não ocorrem durante o sono. [20]
  • A síndrome de Tourette tem uma conexão genética forte, ao passo que o transtorno de tiques tem mais a ver com fatores ambientais (estresse, abuso, alimentação, etc.).
  • Segundo pesquisas, a síndrome de Tourette pode envolver anomalias cerebrais e quantidades irregulares de neurotransmissores — principalmente a dopamina e a serotonina. [21]
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