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Você já se deparou com um mistério que gostaria de poder solucionar? Tem o hábito de analisar crimes e deduzir o culpado, como nos livros de Sherlock Holmes? A arte da investigação é difícil — nada tem de "elementar", como costuma dizer o próprio detetive Holmes. Se exercitar a atenção aos detalhes, a memória e a lógica, você estará bem encaminhado na carreira de detetive amador.

Parte 1
Parte 1 de 3:

Tornando-se mais atento aos detalhes

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  1. Sherlock Holmes talvez não fosse muito dado a jogos, mas eles podem ser úteis. Certos jogos exercitam a capacidade de observação e a memória. Encontre algum do qual goste para se desafiar e manter o cérebro sempre em dia.
    • Jogue o jogo dos sete erros e similares. Esses jogos consistem em um par de figuras aparentemente idênticas, mas dotadas de diferenças sutis, que só podem ser encontradas com um cotejo cuidadoso das figuras. [1]
    • Jogos da memória também ajudam a reter detalhes. O jogo da memória é um baralho que se deve espalhar virado para baixo. O jogador desvira as cartas um par de cada vez, tentando escolher pares idênticos de cartas numa mesma jogada. Para se sair bem, o jogador deve ser capaz de memorizar onde está cada figura.
  2. Você tem uma mente dispersa? Não se preocupe: quase metade dos adultos empregados costuma realizar tarefas com os pensamentos em outro lugar. [2] Ser um bom detetive também passa por focar a mente em determinado assunto de maneira firme e ininterrupta. Para ser mais detalhista, você precisa aumentar o seu poder de concentração.
    • Livre-se de distrações. As distrações desviam a nossa atenção dos nossos objetivos. Deixe o telefone de lado e desligue o computador.
    • Seja mais disciplinado. Quando a sua mente se dispersar, faça um esforço deliberado para colocá-la de volta nos eixos. Obrigue-a a se deter onde você quer.
    • Evite o multitasking . À primeira vista, parece óbvio que quem faz tudo ao mesmo tempo produz mais, mas estudos comprovaram que isso faz com que as tarefas demorem mais para se concluir e ocorra um número maior de erros. [3] E, quando se é detetive, não há margem para o mínimo erro. Evite!
    • Pratique a meditação. Segundo um estudo, as pessoas que meditam têm menos atividade na parte posterior do giro do cíngulo, região do cérebro responsável por dispersar ou concentrar os pensamentos. Indivíduos com mais controle sobre essa região concentram-se melhor. [4]
  3. Cientistas, seja em campo ou em laboratório, precisam ter uma capacidade de atenção invejável, que eles exercitam tomando notas. Escrever lembretes força-o a distinguir o relevante do irrelevante e, com o tempo, deixa o seu olhar mais aguçado aos detalhes. [5] Ao reler as notas mais adiante, conexões que você não identificara lhe saltarão aos olhos.
    • Escreva as notas num bloco ou num caderno. Tenha-o consigo o tempo todo para fazer as anotações conforme se deparar com novos fatos. [6]
    • Quando tiver tempo, você pode reler as anotações e tentar transformá-las num texto coerente. Revisar, reformular e reescrever as notas vai ajudá-lo a fixar as informações que elas contêm.
  4. Toda informação apreendida pelo cérebro é, de início, alojada numa unidade de armazenamento temporária, por assim dizer. Para que continue disponível, precisa ser transferida para a memória de longo prazo, onde se degrada num ritmo bem menor. Assim, caso ela venha a se mostrar necessária à solução do caso, você poderá ter acesso a ela e usá-la eficientemente.
    • Estabeleça relações entre informações novas e antigas. Para decorá-las, use analogias, invente acrônimos, rimas, trocadilhos, canções.
    • Crie associações imagéticas. A técnica, conhecida como palácio da memória ou método de loci, consiste num "armazém" (que poderia ser, por exemplo, uma casa com vários cômodos) que o indivíduo mentaliza e percorre mentalmente para guardar e recuperar informações. O próprio Sherlock Holmes era adepto da técnica. [7]
    • Estude de maneira mais ativa. Faça-se perguntas acerca do conteúdo e tente respondê-las. Releia informações, inclusive as suas anotações de campo, regularmente.
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Parte 2
Parte 2 de 3:

Afiando o pensamento lógico

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  1. Os dons investigativos do detetive advêm da sua capacidade de fazer inferências — ou, noutras palavras, de observar um conjunto de fatos e extrair dele uma conclusão sensata. É a lógica que ajuda a verificar a viabilidade desses argumentos e conclusões. Pense nela como uma maneira de se condicionar a pensar com mais rigor. [8]
    • Um argumento lógico básico é composto por premissas e uma conclusão, sendo esta última dependente das primeiras.
    • Para que possa ser aceito, um argumento precisa ser válido (ou seja, partir de premissas verdadeiras) e sólido (culminar numa conclusão verdadeira). [9]
    • Considere este argumento muito conhecido: "Sócrates é um homem. Todo homem é mortal. Logo, Sócrates é mortal". Ele exemplifica um argumento válido e sólido — tem duas premissas e uma conclusão verdadeiras, sendo esta última resultado direto das duas primeiras.
    • Considere agora: "Sócrates é um homem. Sócrates é mortal. Logo, todo homem come cereais". O argumento é inválido porque as suas premissas são verdadeiras, mas não existe relação entre elas e a conclusão.
    • Outro exemplo: "Todos os gatos são voadores. Sócrates é um gato. Logo, Sócrates pode voar". Temos aqui um exemplo de argumento válido mas não sólido — porque, apesar de lógico, se baseia em premissas falsas.
  2. Erros de lógica geram incoerências conhecidas como falácias. Ter certa familiaridade com os tipos mais comuns de falácia vai ajudá-lo a evitar conclusões inconsistentes. Não se preocupe, elas costumam ser bem óbvias.
    • A falácia petitio principii é um argumento cuja conclusão tão somente reitera a sua premissa: "Amianto é cancerígeno porque causa câncer".
    • O exemplo acima enquadra-se também na falácia do raciocínio circular, que se funda por completo em afirmações autorreferentes: "Uma pessoa boa realiza boas ações. Eu realizo boas ações. Logo, sou bom".
    • A falácia da falsa causalidade, em que se supõe uma relação de causa e efeito entre dois fatos concorrentes mas não relacionados, é outro tipo comum: "O assassinato ocorreu na noite da passagem do cometa Halley, tendo sido, portanto, causado pela passagem do cometa".
    • Estude falácias mais a fundo em livros de lógica e sites que tratem do assunto.
  3. Se estudar lógica parece complicado demais, você talvez se divirta mais com jogos. Alguns jogos de lógica lidam com situações; outros, com palavras. Procure jogos variados para exercitar uma gama ampla de habilidades.
    • Em jogos verbais, são oferecidas duas ou mais premissas a partir das quais se deve chegar a uma conclusão válida e sólida.
    • No jogo "cavaleiro e valete", o objetivo é solucionar um mistério fazendo-se uma série de perguntas a duas personagens, o cavaleiro (que sempre diz a verdade) e o valete (que sempre mente), sem que se saiba qual é qual.
    • Existem ainda jogos que lidam com números, como o sudoku.
    • O xadrez é provavelmente o jogo de lógica mais famoso de todos os tempos. Ele obriga os dois jogadores a usar o raciocínio lógico um contra o outro e a prever um número considerável de jogadas.
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Parte 3
Parte 3 de 3:

Fazendo deduções holmesianas

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  1. Agora que tem o olhar aguçado para detalhes e é um mestre da lógica, você está pronto para ingressar na carreira investigativa. Ponha o seu chapéu de detetive e vá resolver mistérios!
    • Você não precisa solucionar crimes para exercitar as suas habilidades — e frequentar cenas de crimes seria, aliás, uma péssima ideia. Além de se colocar em perigo, você poderia ganhar a inimizade das forças policiais locais.
    • Melhor seria começar por mistérios pequenos. Pergunte a amigos e familiares se eles estão intrigados por algum enigma: algum objeto pessoal que desapareceu ou um pote de biscoitos que se esvaziou misteriosamente, muito embora todos os habitantes da casa jurem não ter comido nenhum. Ponha as mãos à obra.
  2. Comece a reunir evidências acerca do caso, o que pode ser feito com varreduras na cena do crime, interrogatórios a testemunhas e envolvidos, etc. Seja atento e tente distinguir dados relevantes dos irrelevantes.
    • Faça perguntas. Interrogue pessoas que possam ajudar a esclarecer o mistério. Foi sua tia que assou a fornada biscoitos? Quando ela os preparou? Quando tirou a forma do forno? Quando notou que eles haviam desaparecido? Quem estava por perto? Aconteceu algo fora do normal?
    • Anote os dados e as impressões que obtiver em interrogatórios e varreduras a fim de que seja possível analisá-los e concatená-los melhor.
  3. Use as informações obtidas para começar a montar o quebra-cabeça, cujas peças são as pessoas — os envolvidos, os suspeitos, entre outros —, a hora, a possível motivação do crime etc.
    • Pode ser útil escrever os acontecimentos em sequência para visualizar melhor a linha temporal: "A titia colocou a fornada para assar às 16:30. Tirou-a do forno às 16:45 e foi descansar no quintal. Quando voltou, às 17:30, os biscoitos haviam desaparecido".
    • Suponha que estivessem na casa também o titio, o primo Roberto, a prima Gina e o amigo dela, Mário, bem como o cão da família. Interrogue todos que puder e anote os passos de todos eles no dia do crime.
    • Anote detalhes relevantes: "O titio e a prima Gina adoram biscoitos. Roberto, não. Não se sabe o quanto Mário gosta de biscoitos. O cão sempre anda livremente pela casa. Foi encontrado um fio de cabelo longo na cena do crime".
  4. Quando se começa a montar o quebra-cabeças, um número considerável de cenários plausíveis se apresenta. O seu trabalho é usar a lógica para cravar o cenário mais provável dentre esses e identificar o culpado.
    • Retomando o exemplo do roubo dos biscoitos, considere estes cenários: é possível que tenham sido roubados pelo titio, que tem um fraco por eles — característica que partilha com Gina, que é portanto suspeita em igual medida. A probabilidade de Roberto ser o perpetrador é menor, já que ele prefere doces. Não se podem riscar Mário e o cão da lista de suspeitos, embora os seus movimentos no dia do crime sejam desconhecidos. Por fim, é possível que a titia tenha mentido.
  5. Monte os cenários possíveis. Examine e reexamine evidências. Conforme os acontecimentos são analisados à luz da lógica, uma pista deverá surgir. Você talvez nunca chegue à solução, mas pelo menos poderá conseguir uma explicação plausível.
    • Uma evidência crucial ao nosso caso é o longo fio de cabelo encontrado na forma de biscoitos. Ele é a única evidência física, e sugere que o culpado tem cabelos longos.
    • O tio é careca, e Roberto e Mário têm cabelos curtos. A titia, a prima Gina e o cão têm cabelos longos.
    • Com isso em mente, a lista de suspeito reduz-se a três nomes. Examine as informações do caso com mais atenção, inclusive a prova física: compare a cor, textura e comprimento do cabelo com o dos suspeitos, e você achará o culpado.
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