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Se você tem idade suficiente para entender quadros neurológicos complexos, como o autismo, então quer dizer que tem idade para falar sobre qualquer assunto com seus pais. Por mais que a conversa seja difícil, ela é importante e vale muito a pena. Siga nosso guia e tudo vai ficar mais simples!

Método 1
Método 1 de 2:

Pesquisando sobre o assunto

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O autismo é um quadro multifacetado e que precisa de bastante pesquisa.

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    Aprenda o que você puder sobre o autismo. Por ser um quadro tão complexo e incompreendido, o autismo pede bastante pesquisa. Consulte listas de traços de comportamento e textos escritos por pessoas autistas. Elas costumam ser as melhores fontes de informação, uma vez que sabem em primeira mão como o próprio cérebro funciona — sem contar que alguns estereótipos estão muito distantes da realidade. Veja alguns sinais do autismo:
    • Comportamento social incomum, como dizer coisas grosseiras por acidente ou sorrir em momentos inadequados.
    • Não querer trocar carinho e carícias com alguém.
    • Habilidades físicas ou verbais instáveis. Por exemplo: não conseguir escrever bem à mão ou ter problemas de coordenação.
    • Evitar fazer contato visual ou ficar "vidrado" nas pessoas.
    • Precisar passar muito tempo sozinho.
    • Ter um hiperfoco e uma memória muito boa, principalmente quando se trata de estudar; muitos autistas também se lembram bem da infância.
    • Dificuldade para formar ou entender palavras faladas. Muitos autistas têm impasses para formar frases coerentes, preferindo escrever, usar a linguagem de sinais, digitar ou outros tipos de comunicação.
    • Padrões de interesse em assuntos específicos.
    • Preferência por rotinas e estabilidade.
    • Apresentar uma honestidade e uma lealdade incomuns.
    • Falas idiossincráticas: repetir palavras ou frases, usar tons de voz monótonos ou "cantados" ou adotar uma linguagem artística e abstrata. [1]
    • Reações exageradas ou insuficientes a sons, luzes, cheiros, sabores etc.
    • Interesse em como as coisas funcionam.
    • Comportamentos repetitivos, como tamborilar os dedos, abraçar o próprio corpo, bater palmas, pular, girar o corpo etc.
    • Um forte senso de justiça e moralidade.
    • Dificuldade para interpretar rostos e interagir com as pessoas.
    • Dificuldade para apresentar habilidades sociais.
    • Dificuldade para entender relações sociais.
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    Faça uma pesquisa detalhada antes de tirar qualquer conclusão precipitada. Ler um único artigo sobre o autismo não é suficiente para ter uma boa noção do assunto. Pesquise sobre os critérios para o diagnóstico, interaja com a comunidade de autistas na internet e veja como eles próprios descrevem o quadro. Enquanto faz tudo, reflita: será que isso vale para você?
    • Pesquise quadros parecidos ou concorrentes. É possível que você tenha algum dos quadros listados abaixo com ou em vez de autismo?
    • Lembre-se de que o autismo ainda não foi 100% desvendado. Existe muita desinformação circulando por aí, assim como estudos com conclusões contraditórias ou pouco claras. E mais: algumas fontes de informação são elaboradas por pessoas que não têm autismo e nunca consultaram quem tem o quadro — ou seja, podem conter dados errados.

    Dica: ainda que você ache que tem autismo, não se prenda tanto ao diagnóstico a ponto de ignorar a realidade. Por exemplo: quem tem o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e o transtorno de aprendizagem não-verbal (TANV) pode apresentar características típicas do autismo. Você tem que chegar a um diagnóstico preciso.

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    Estude os quadros que costumam ser confundidos com autismo. TDAH, transtorno de apego reativo, fobia social, transtorno de personalidade esquiva, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e esquizofrenia são exemplos de quados que podem ser parecidos com o autismo. [2]
    • É possível que uma pessoa tenha autismo e um desses outros quadros. Por exemplo: muitos autistas têm TDAH.
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    Reflita sobre tudo que você leu. Pense na sua infância, nas suas peculiaridades e necessidades, bem como nas acomodações que teve que fazer (ou que os outros fizeram). As coisas fazem mais sentido diante da perspectiva do autismo? Ou não combinam tanto?
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    Pense na sua infância e nas suas lembranças mais antigas. Você andava em círculos, alinhava seus brinquedos ou fazia movimentos repetitivos considerados incomuns? Alcançava grandes feitos em uma ordem atípica? Isso vale para para todas as fases da infância, incluindo aquela em que é comum aprender a andar de bicicleta ou nadar. Reflita sobre seus primeiros anos e veja se o autismo explica alguns dos seus traços.
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    Converse com pessoas autistas de verdade. Leia postagens em blogs, acesse sites, use hashtags ou entre em contato com associações ligadas ao autismo. Você pode até falar sobre os traços que notou em si mesmo e perguntar o que as pessoas acham.
    • Algumas pessoas com autismo criam listas de traços que podem indicar que o quadro não foi diagnosticado. [3] [4]
    • Tome cuidado ao "anunciar" nas mídias sociais que você tem autismo se isso não for certeza.
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Método 2
Método 2 de 2:

Falando com seus pais

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    Escolha um momento calmo e tranquilo para a conversa. É melhor falar do assunto quando ninguém estiver muito estressado ou distraído. São exemplos de bons momentos: quando vocês estiverem fazendo tarefas simples juntos, andando de carro ou arrumando a mesa após o jantar.
    • Se seus pais estiverem com pressa, falarem mais alto que o normal ou parecerem impacientes, provavelmente estão estressados — e não é hora de falar sobre o tema.
    • Evite momentos muito estressantes, como quando alguém estiver doente, a família estiver passando por uma grande transição (logo antes de uma viagem, por exemplo) ou algum parente estiver visitando. É bem possível que seus pais não tenham foco para ouvir o que você quer dizer.
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    "Adiante" que o assunto é delicado. Você pode dizer algo como "Tenho uma coisa importante para contar a vocês, e queria saber se agora é um bom momento."
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    Explique que você acredita na possibilidade de ter autismo. Dê alguns exemplos de comportamentos e experiências incomuns. Diga que vem pensando e pesquisado sobre o assunto com cuidado, e que encontrar respostas é importante para você.
    • Por exemplo: "Acho que sou autista. Passei o último mês pesquisando, e muitas qualidades me descrevem bem — sensibilidade a sons, dificuldade para entender o que os outros pensam e sentem, ficar agitado e apresentar comportamentos repetitivos, por exemplo. Refleti bastante sobre o assunto, e isso me ajudou a me entender melhor."
    • Descreva os traços mais evidentes em você, principalmente os que os outros também notam. Por exemplo: pode ser que as pessoas tenham mais facilidade para enxergar seu hábito de organizar as coisas do que sua dificuldade para interpretar emoções. Comece pelos pontos mais óbvios.

    Dica: você não precisa convencer seus pais de que tem autismo logo de cara. Basta mostrar a eles que vale a pena consultar um especialista no assunto.

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    Não use uma linguagem definitiva. Se você mostrar que tem a mente aberta sobre várias possibilidades, seus pais podem ter a mesma reação. Em vez de dizer que sabe que é autista, diga que você acha isso possível .
    • Mesmo que você tenha passado semanas ou meses fazendo sua pesquisa, seus pais provavelmente nunca falaram sobre o assunto. Se você não passar a impressão de que tem certeza, a chance de eles terem uma reação negativa automaticamente é menor.
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    Concentre-se nos benefícios e pesquise sobre eles. Descreva como o diagnóstico e o apoio da sua família podem ajudar. Seus pais querem o melhor para você! Sendo assim, concentre-se em como consultar um especialista pode fazer bem. Veja alguns benefícios de receber o diagnóstico:
    • Você poderia aprender técnicas específicas para reduzir o estresse na vida e ficar mais calmo e confortável.
    • Você poderia ter um desempenho acadêmico melhor e mais acomodado, passando a entender a matéria e reduzindo o estresse.
    • Você poderia fazer terapias voltadas para suas dificuldades específicas (como a terapia de integração sensorial).
    • Você e seus pais teriam acesso a uma comunidade de pessoas que vivem situações parecidas e suas respectivas famílias.
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    Prepare-se para corrigir algumas ideias erradas. Muitas pessoas não sabem tanto sobre o autismo, acreditando em estereótipos que não condizem com a realidade.
    • Muitas pessoas com autismo falam normalmente.
    • Pessoas com autismo se importam com os outros sim (e muito). Elas têm empatia, embora nem sempre saibam mostrar isso de forma que os demais entendam.
    • O autismo não afeta somente crianças: ele vale para a vida inteira e não tem "cura".
    • O autismo não está limitado a homens brancos. Ele pode acometer pessoas de todos os gêneros, etnias e idades.
    • O autismo não é uma epidemia. Não se trata de um quadro contagioso, e muitas pessoas com ele têm grandes dons.
    • Cada pessoa com autismo é diferente. Algumas precisam de muito apoio, enquanto outras passam décadas sem saber que são diferentes. O grau dos sintomas pode variar.
    • Pessoas com autismo não têm ou não querem ter amigos.
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    Se seus pais são mais fechados, explique como você consultar um especialista faria bem a eles . Buscar atendimento para um transtorno como o autismo pode ser difícil se seus pais são abusivos, negligentes ou ruins de modo geral. Nesse caso, concentre-se em como a vida deles pode melhorar depois do seu diagnóstico.
    • Se seus pais ficam irritados com traços específicos da sua personalidade, diga o seguinte: "Um terapeuta me ajudaria a diminuir esses traços e não chorar com tanta frequência."
    • Se seus pais são egocêntricos: "Contar com os pais é muito importante no processo de diagnóstico. Aposto que o terapeuta iria querer conversar com vocês, já que ninguém me conheceu melhor na infância."
    • Se seus pais estão cansados de ouvir você falar sobre autismo: "Se recebermos respostas definitivas, eu não vou mais questionar por que sou diferente."

    Dica: caso eles não acreditem em você depois de um tempo, há outras opções. Consulte um terapeuta na escola ou faculdade ou fale com um adulto de confiança. Quem sabe eles não intercedem por você? Na hora de consultar um médico para fazer exames de rotina, você também pode explicar que acha que tem autismo.

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    Dê tempo para seus pais processarem tudo. O assunto é sério, então seus pais podem precisar de tempo para absorver tudo. Além disso, talvez não entendam tanto de autismo. Tenha paciência se eles não reagirem tão bem. Não é nada pessoal: só estão confusos.
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    Peça para consultar um médico ou especialista. Talvez seu plano de saúde cubra a consulta com um especialista em autismo que possa avaliar o seu quadro.
    • Se seus pais ainda estiverem com o pé atrás, explique que consultar um especialista facilitaria tudo.
    • O processo de diagnóstico não é perfeito, podendo depender da sua capacidade de explicar certos traços que tem ou não tem. Estar preparado para a consulta deixa tudo mais preciso.
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Dicas

  • Se seus pais não costumam ser receptivos a certos assuntos, imprima alguns artigos sobre autismo e entregue a eles.
  • Caso um dos seus pais seja mais compreensivo que o outro, fale com ele primeiro. Vocês dois podem conversar com o segundo depois.
  • Busque sites na internet que falem sobre autismo e temas relacionados.
  • A comunidade de pessoas com autismo é receptiva e compreensiva. Tente encontrar grupos que tenham passado pelo que você está passando.
  • Não se preocupe tanto! Ter autismo pode ser complicado às vezes, mas você é forte e tem uma bela vida à frente.
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Avisos

  • Tome cuidado com sites, organizações e afins que espalhem informações falsas sobre o autismo. Existem muitas pessoas maldosas no mundo. Não acredite nelas!
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