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Os relacionamentos humanos são marcados pelas expectativas criadas em cima do outro e pelo resultado muitas vezes frustrante dessa idealização. Justamente por serem comuns, as decepções devem ser encaradas de maneira adulta e saudável. O primeiro passo é controlar as emoções logo que a situação ocorre e, depois de se acalmar, conversar sobre seus problemas com a pessoa. Resolvendo conflitos, seu relacionamento ficará mais forte.

Parte 1
Parte 1 de 3:

Sobrevivendo ao momento

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  1. Quando o momento imediato da decepção passar, permita-se sentir o que vier. Para não pirar você terá que processar tanto as emoções boas, quanto as ruins.
    • Quando uma situação difícil surgir, dê um tempo para digerir as coisas. Um ou dois dias é uma boa medida. Não tome nenhuma atitude precipitada. Passe esses dias na sua, tentando compreender por que está se sentindo assim. Está bravo? Sente-se confuso ou com medo? Escreva sobre isso. Escrever à mão é uma maneira de absorver a informação e chegar a conclusões produtivas. Anote o que aconteceu, como está se sentindo e por quê. [1]
    • Passe pela emoção, sinta-a. Uma das funções das emoções é justamente regular o que nos afeta e a intensidade com que nos importamos com algo (racionalmente, tendemos a não dar importância para nada que não seja prático). Sendo assim, preste atenção se a sua chateação é mesmo direcionada a um evento específico ou se é um sintoma de algo maior, mas até então ignorado; ficar um pouco desapontada porque seu namorado cancelou o encontro de última hora é normal. No entanto, passar um dia inteiro remoendo isso pode ser sinal de um problema mais profundo. [2]
  2. Decepções nos machucam por dentro, mas procure evitar remoer o assunto. Apesar de ser afetado diretamente, tente perceber que a pessoa provavelmente não quis magoá-lo.
    • É muito comum achar que as mazelas da vida acontecem porque as merecemos ou atraímos de alguma forma. Talvez você acredite que isso não teria acontecido com você se tivesse sido uma pessoa melhor. [3]
    • Não caia nessa história. Existem muitos fatores envolvidos em uma desilusão. A pessoa provavelmente não fez o que fez com a intenção de magoá-lo. Isso é pura negatividade, não entre nessa. Antes de se ofender, considere todos os fatos. [4]
    • Lembre-se de que não sabe de todos os pormenores da história. Antes de se sentir menosprezado porque seu amigo cancelou o almoço, descubra a razão do cancelamento. Talvez ele tenha passado por alguma coisa que acabou com o dia dele. Problemas profissionais ou familiares (ou até os banais) podem acabar com o dia de alguém. Sentir-se frustrado pode ser normal, mas você tem que se lembrar de que não sabe de toda a verdade. [5]
  3. Uma das primeiras coisas que pensamos quando alguém nos dá um cano é “Eu jamais faria isso com um amigo”. Mas será que isso é verdade? A realidade é que todo mundo dá mancada o tempo todo, de propósito ou não. Coloque-se no lugar da pessoa e veja se não faria (ou já fez) a mesma coisa em uma situação similar. [6]
    • Digamos que você e uma amiga tivessem marcado de ficar em casa e assistir um filme essa noite, mas uma colega de trabalho que ela precisa conhecer melhor a chamou para irem a uma balada; ainda por cima, você não foi convidado. É claro que é desagradável, você pode até acabar pensando que isso não se faz. [7]
    • Agora que já teve esse pensamento, coloque-se no lugar de sua amiga. Imagine que a colega de trabalho é nova na cidade e não consegue fazer amigos por aqui, por isso se sente sozinha. Talvez, na situação de sua amiga, você achasse que o melhor seria enturmar a garota e apresentá-la para as pessoas. Além disso, pense: você gosta de balada? Talvez ela tenha calculado isso e pensado que você não curtiria.
  4. Uma mancada de alguém querido pode doer bastante, por isso é importante se cuidar. O ressentimento, a raiva e a tristeza são típicos desses momentos. Cuide-se para que essas emoções não o sobrecarreguem. Faça algo de que gosta, assista um filme, tome um banho relaxante ou peça uma pizza. Dê um presente para si mesmo para lembrar que coisas boas existem. [8]
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Parte 2
Parte 2 de 3:

Conversando sobre o problema

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  1. Se depois de algum tempo o ressentimento não passar, é melhor conversar com a pessoa sobre isso. Como esse tipo de situação pode ser estressante, escreva o que está sentindo antes de sair falando qualquer coisa. Assim, quando chegar a hora da conversa, você estará pensando com clareza sobre o que sente. [9]
    • Escreva seus sentimentos. Depois de jogar todos os seus pensamentos no papel, desenvolva como eles podem ser expressados. Tente formulá-los de modo que outra pessoa entenda. [10]
    • Além de tudo isso, mas não menos importante: o que você quer afinal? Um pedido formal de desculpas? Que a pessoa admita que deu mancada e se explique? Quer que ela faça algo diferente no futuro? Essas respostas podem dar uma direção aos seus sentimentos. [11]
  2. Quando estiver prestes a ter a tal conversa, tente ter empatia pela pessoa. Abaixar a guarda para entrar no papo mostrará que a sua intenção não é brigar. Tente ver as coisas pela perspectiva do outro o máximo que puder. Ouça o lado dele de verdade e pense em qual é a intenção dessa conversa — ter razão? Lembre-se de que todas as histórias têm três lados: o lado do fulano A, o lado do fulano B e a verdade. Veja essa conversa toda pelo lado de seu amigo, além do seu próprio. [12]
  3. Chegando a hora do papo, não vá achando ou esperando nada para não se decepcionar novamente. Deixe que a conversa desenrole naturalmente; você não sabe como a pessoa reagirá ao que você tem em mente. Ficar adivinhando o resultado é uma perda de tempo. [13]
  4. Isso faz com que o foco seja o seu sentimento e não a verdade absoluta; a intenção não é apontar o dedo na cara dele e chamá-lo de amigo da onça, é dizer como você se sentiu quando tal coisa aconteceu e por quê.
    • Divida a frase tem três partes: “Eu sinto”, seguido pela emoção e a explicação do que a causou. Encerre dizendo por que se sentiu desse jeito. [14]
    • A ideia é se expressar de forma assertiva, sem fazer acusações ou julgamentos. Você não quer dizer que seu amigo está errado, mas que as ações dele fizeram você se sentir assim. No meio de uma discussão, é fácil falar algo como “Você sempre atrasa quando vamos sair e isso me irrita profundamente.” [15]
    • Essa frase pode ser transformada em algo como: “Eu fico muito frustrado quando nós não chegamos no horário aos eventos sociais, isso acontece com tanta frequência e parece que você não liga para o que é importante para mim.” Assim será mais fácil para ele se colocar no seu lugar e só então ele entenderá que o magoou. [16]
  5. Depois que tiver acabado sua parte, deixe seu amigo contar o lado dele. Ele pode ter razões para a mancada que talvez você não entenda, tenha boa vontade. A intenção de ter essa conversa é fortalecer essa relação, não destruí-la. [17]
    • No exemplo do namorado atrasado, talvez ele não enxergue o tempo com a mesma linearidade que você; se ele disser algo como “Nossa, eu nem me dei conta de que 19:00 queria dizer sete horas em ponto. Quando saio com meus amigos, 19:00 quer dizer entre 18:45 e 20:00.”
    • O maior problema nesse caso é um equívoco de comunicação e não falta de consideração por você. Na próxima ocasião social, seja específico sobre o horário e explique por que chegar no horário é importante.
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Parte 3
Parte 3 de 3:

Seguindo em frente

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  1. Às vezes, esperamos coisas irreais das pessoas e isso desenvolve um atrito constante. Perceba que isso não é culpa dos outros e reformule suas expectativas sobre eles. [18]
    • Muitas de nossas expectativas são formadas com base em relacionamentos passados. Digamos que sua última namorada se mudou de cidade para ficar com você. Você era a única pessoa que ela conhecia por um tempo e por isso passavam bastante tempo juntos. Já sua namorada atual é natural da cidade, tem rodas de amigos que tomam mais parte do tempo dela e não depende só de você para se divertir. Assim, você se sente ressentido com a atitude de sua nova namorada porque o seu relacionamento anterior estabeleceu expectativas antes mesmo de vocês se conhecerem. Pensando assertivamente, percebe-se que ela não fez nada de errado na realidade — sua idealização é sua responsabilidade, não dela. [19]
    • Digamos que sua nova namorada disse “talvez” quando você a chamou para sair. Na sua cabeça ela quis dizer “Claro!” ou “Provavelmente sim”, mas aí ela desmarcou o encontro e você ficou, sem nenhuma razão, ressentido. Algumas pessoas têm uma rotina tão apertada que não podem abrir mão de certos dias da semana. Aceite que essa é a vida dela e entenda que talvez quer dizer talvez. Vá fazer outra coisa nesses dias. [20]
  2. Quando se pegar idealizando uma pessoa, tente reimaginá-la de outro jeito. Aceite as diferenças de comportamento e atitude entre os indivíduos. Já sabemos que as pessoas são elas mesmas apesar dos outros.
    • Pense na namorada nova: está na cara que ela é uma mulher independente. Ela tem a própria vida profissional e social e talvez se comprometer não seja o sonho da vida dela.
    • Sendo assim, pense novamente no que espera de um namoro. Dessa vez, pense em algo que não envolva passar absolutamente todo o tempo livre juntos. Sua namorada sai com os amigos dela durante a semana. Isso é parte da personalidade dela e não é uma característica ruim. Entender que essa é ela ajudará você a não se ressentir quando tiver que passar a noite com seus próprios amigos depois do trabalho. [21]
  3. Assim que conseguir realinhar suas expectativas, siga com a vida, mas com uma atitude diferente. Comprometa-se a aceitar que as pessoas têm prioridades. Se um amigo, parente ou cônjuge faz as coisas do jeito dele, deixe-o ser como ele quiser. O relacionamento continuará e você terá uma nova visão dele e de como se comunicar sobre o que precisa e deseja. [22]
    DICA DE ESPECIALISTA

    Moshe Ratson, MFT, PCC

    Diretor da spiral2grow Marriage & Family Therapy
    Moshe Ratson é Diretor Executivo da spiral2grow Marriage & Family Therapy, uma clínica de coaching e terapia em Nova Iorque. Formou-se no Iona College e trabalha com terapia há mais de 10 anos.
    Moshe Ratson, MFT, PCC
    Diretor da spiral2grow Marriage & Family Therapy

    O que nosso especialista faz: "Eu recomendo terapia de casal para todo mundo, mesmo para quem acha que não tem nenhum problema sério. A terapia ajuda os casais a aprenderem técnicas que não adquiririam sozinhos. É claro que não evitará todos os problemas, mas os ensinará a agir de maneiras mais produtivas toda vez que surgir um percalço".

  4. Quando estiver remoendo algo, saia desse padrão de pensamento e pergunte-se: esse relacionamento é importante para você? Ele contribui de forma positiva para seu universo? Uma mancada isolada não deve valer mais do que uma história de amizade duradoura. Não guarde rancor e siga em frente. [23]
  5. É comum esperar que amizades e amores continuem sempre os mesmos, mas isso também é impossível. As pessoas mudam e suas opiniões e personalidades também. O fato de uma amizade ter mudado não é necessariamente ruim. Um amor pode estar passando por adaptações para se tornar algo melhor.
    • Um exemplo clássico é a linha do tempo de um namoro. Ele sempre começa pegando fogo, os namorados não se desgrudam e precisam de todo o tempo do mundo para conversar e namorar. À medida em que esse tempo passa, a euforia vai baixando e o sexo já não é tão frequente.
    • É normal isso acontecer. A intensidade da atração diminui e dá lugar a coisas mais sérias como cumplicidade e intimidade. Pense que isso só se desenvolve com tempo e é um privilégio fazer parte da vida um do outro de uma forma mais real, livre e espontânea. Estabilidade não é inércia.
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Avisos

  • Embora tudo isso seja verdade e a necessidade de olhar as coisas por uma perspectiva diferente ser real, abra mão de uma amizade em que o indivíduo só dá mancada e nem mesmo pede desculpas (ou acha que está sempre certo). Esse tipo de amizade não traz nada além de aborrecimentos. Você não merece e nem quer ser desrespeitado sistematicamente.
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