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O número de pessoas que consomem jogos eletrônicos nunca foi tão grande! Isso quer dizer que sempre há espaço no mercado para os talentos de novos desenvolvedores. No entanto, o processo é longo e complexo e exige uma série de habilidades diferentes. Leia este artigo para descobrir um pouco do assunto!

Parte 1
Parte 1 de 2:

Começando com o pé direito

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  1. Desenvolver um jogo eletrônico exige uma série de habilidades diferentes: de programação, arte, animação, música, design de som, teste e controle de qualidade, produção, financiamento e assim por diante. O processo demora bastante, principalmente para quem não conta com uma equipe mais extensa. Por esses motivos, você precisa ser realista em relação ao que é capaz de fazer com o tempo e os recursos à sua disposição — até mesmo para não se frustrar e decepcionar no final das contas!
    • Comece devagar se você nunca desenvolveu nenhum jogo antes. O seu primeiro título é mais uma experiência de aprendizagem que uma obra-prima. Tente criar algo que desperte o interesse dos jogadores, mas sem levar dez anos para produzir. Até um simulador simples com um sistema de detecção de colisão ruim já serve! O importante é não desistir e ter orgulho do seu progresso. Não se preocupe: o seu jogo seguinte vai ser melhor (e o que vier depois dele vai ser melhor ainda). [1]
    • Tente achar um emprego em uma desenvolvedora de jogos antes de criar o seu próprio título. As suas chances de fazer sucesso e receber investimento vão ser muito maiores se você tiver experiência, estudos e um emprego renomado no currículo. Falando nisso, tente estudar um pouco o assunto, nem que seja fazendo uma oficina breve ou algo do tipo.
  2. Você não precisa dominar essas linguagens na hora de desenvolver boa parte de um jogo em uma engine gráfica pronta, mas elas quebram um galho danado. Existem diversos tipos, sendo que todos são cobertos por cursos ou tutoriais simples da internet. Há, inclusive, títulos feitos especificamente como material de estudo de programação: Code Monkey , Code Combate , Robocode e assim por diante. [2] Familiarize-se com os seguintes exemplos:
    • C++: C++ é uma das linguagens de programação mais comuns e difíceis de aprender, mas também gratificantes. Com ela, você vai ter mais controle sobre o hardware de desenvolvimento e os processos gráficos. Muitas engines , como a Unreal, só leem códigos escritos em C++.
    • Java: Java é mais uma linguagem de programação versátil e encontrada em vários jogos e programas. Ela é parecida com a C++ e, se quiser, você pode até aprender as duas ao mesmo tempo.
    • SQL : SQL significa Structured Query Language , no original em inglês. Essa linguagem permite a interação com banco de dados virtuais. Ela é necessária no caso de o seu game exigir que os jogadores do criem contas na internet para acessar partes do título ou interagir uns com os outros. A SQL ajuda a criar e gerenciar esses bancos.
    • HTML , CSS e JavaScript: HTML/HTML5, CSS/CSS3 e JavaScript são linguagens de desenvolvimento da internet. Embora sejam fáceis de aprender, elas não são tão comuns na criação de jogos. Por outro lado, se você não tem experiência, comece nesses exemplos básicos e crie títulos simples, daqueles que dá para jogar no próprio navegador.
  3. Você vai ter que estudar bastante se não pretende contratar um programador ou designer profissional. O processo é complexo, mas vale a pena tentar explorar tudo sozinho! Adobe Photoshop, GIMP, Adobe Illustrator, Blender 3D e 3DS Max são alguns exemplos legais para quem está começando e quer criar elementos visuais do game.
    • Se você não tiver uma veia muito artística, use um estilo de arte minimalista. Muitos jogos independentes são feitos naquele estilo pixelado, do clássico Nintendinho. Além de mais fácil de desenhar, ele traz a sensação de nostalgia a muita gente. Existem também títulos feitos somente com formas geométricas!
  4. A engine , também conhecida como motor gráfico, é o que dá origem às animações, aos efeitos sonoros, à física interna e a outros detalhes do game. É claro que você tem a liberdade de criar uma engine do zero, mas o processo é demorado e caro. Por enquanto, opte por uma das que já existem. Muitas delas são gratuitas, enquanto outras são licenciadas (e os desenvolvedores recebem parte dos royalties das vendas do jogo final). Veja algumas opções:
    • Unity: engine poderosa no desenvolvimento de jogos 2D e 3D. Não é tão difícil de aprender e é bastante comum em games independentes.
    • Unreal 4: outra engine popular, que tem um dos maiores poderes gráficos de todo o mercado. Contudo, ela tem uma curva de aprendizado mais complicada e não é recomendada para principiantes. Muitos jogos populares foram desenvolvidos com base nela, como Fortnite , Mortal Kombat 11 e Final Fantasy VII Remake .
    • Game Maker Studio 2: a Game Maker Studio é uma boa engine para quem não tem tanta experiência. Ela tem uma interface simples de navegar e é bastante usada na criação de jogos 2D.
    • Scratch: essa engine foi desenvolvida por uma equipe do MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, como ferramenta educacional. Ela também é ideal para quem não tem experiência na criação de jogos.
  5. Esses motores gráficos são bastante complexos e você tem que reservar um bom tempo para dominar o software depois de escolher qual vai usar. Por sorte, há diversos recursos na internet que facilitam essa jornada, entre manuais, tutoriais em vídeo, cursos gratuitos e afins.
  6. Depois de desenvolver algumas habilidades básicas, é hora de você criar uma primeira versão do título. Esse protótipo não precisa ser inovador em termos visuais ou sonoros, nem ter fases completas ou todos os inimigos que o protagonista enfrenta. Por enquanto, basta que ele traga uma fase básica que mostre a arte do game e um ou dois inimigos ou obstáculos que apareçam no caminho. Ele serve como teste do conceito e pode vir a calhar, por exemplo, na hora de fazer o pitch do título a possíveis investidores.
  7. Você tem que pensar na questão do financiamento se pretende comercializar o jogo. Como dito acima, a maioria das engines recebe royalties do uso do software a partir das vendas dos títulos. Além do mais, talvez seja preciso comprar outros programas, como ferramentas de design gráfico, ou contratar mais gente para a equipe. Pense desde já na possibilidade de fazer um empréstimo em um banco ou buscar investidores e comece a organizar um cronograma para cada etapa do processo.
    • No Brasil, por exemplo, o processo de desenvolvimento de um jogo indie não sai por menos de R$10 mil. Os grandes títulos chegam a custar dezenas de milhões, mas não há um mercado de criação tão forte no país.
    • Hoje, muitos desenvolvedores juntam dinheiro em campanhas de crowdfunding , com o famoso Kickstarter e outros sites. No entanto, você só vai ter chances de alcançar a meta financeira se mostrar que tem condições e talento para produzir algo legal. Para cada campanha bem-sucedida há pelo menos uma que fracassou miseravelmente.
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Parte 2
Parte 2 de 2:

Desenvolvendo o jogo

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  1. Planeje o jogo . Você tem que pensar em alguns detalhes antes de começar a desenvolver o jogo em si. [3] Veja exemplos básicos:
    • Quais são os seus pontos fortes enquanto designer?
    • E os pontos fracos?
    • Que tipo de jogo você é capaz de desenvolver com as suas habilidades atuais?
    • A que gênero o jogo vai pertencer?
    • Que mecânicas de jogos que já existem você quer usar de base?
    • E quais delas você considera frustrantes?
    • Quais jogos servem de inspiração para você?
    • Como o seu jogo vai ser diferente de tantos outros?
    • Quais vão ser as principais características do jogo?
    • Quanto tempo você vai levar para desenvolver esses detalhes?
    • Há algum detalhe que você não queira incluir?
    • Quais deles são dispensáveis, caso seja necessário abrir mão de algo?
    • O jogo tem uma história?
    • Qual é a relação entre a jogabilidade e a história?
    • Que estilo artístico você quer colocar no jogo?
    • Como você pode criar esse estilo?
  2. Você pode usar esse diário para detalhar todo o processo de desenvolvimento do jogo: jogabilidade, mecânicas, personagens, enredo, artes conceituais etc. Com ele, fica mais fácil enxergar cada etapa e cada detalhe, bem como ter uma noção do tempo necessário para produzir tudo. O diário é indispensável não só para você acompanhar o trabalho da equipe, mas também para convencer certos investidores. [4]
    • Divida o diário em seções e inclua um índice no início.
    • Muitos diários incluem seções que abordam a história do jogo, os personagens principais e secundários, o design de fases, a jogabilidade, o estilo artístico, o design visual, o design de som e até o esquema de controles e a interface de usuário.
    • Não limite esse diário a descrições textuais: inclua desenhos, artes conceituais e até amostras de vídeos e sons.
    • Não se preocupe com a extensão e o formato do diário. Não existe um modelo exclusivo. O importante é que o documento seja organizado e dê uma boa noção do jogo como um todo.
    • Você não é obrigado a se ater ao que o diário diz do início ao fim. Tudo pode mudar durante o desenvolvimento: talvez algumas ideias não se encaixem no restante do projeto, talvez ideias melhores surjam no lugar etc.
  3. Existem grandes jogos que foram desenvolvidos por uma única pessoa, mas isso pode estender o processo de produção em anos. No geral, é melhor contar com o apoio de membros de talentos e especialidades variados: programadores, artistas, designers de fases ou jogabilidade, técnicos de som, compositores musicais, gametesters e até produtores, contadores e profissionais de publicidade e marketing. [5]
    • Equipes de jogos independentes são compostas por uma média de cinco a 20 pessoas, enquanto grandes projetos incluem centenas de membros.
  4. Ter prazos fixos é essencial em qualquer situação, mesmo que você esteja desenvolvendo o jogo sozinho. Primeiro, pense em uma data limite para terminar todo o projeto; depois, defina datas mais processuais para entregar etapas do produto final; se necessário, divida essas etapas em partes ainda menores. Você pode até fazer um gráfico de Gantt bem organizado e detalhado.
    • Não se preocupe se você extrapolar um desses prazos. Hoje em dia, muitos jogos são atrasados. O que não é normal é ter que dobrar ou triplicar o tempo previsto para desenvolver o título. Nesse caso, talvez seja indício de que você deu um passo maior que a perna e precisa rever algumas decisões. [6]
  5. Os ativos digitais são os códigos de conteúdo que compõem o jogo: sprites 2D, modelos de personagens 3D, animações, projetos de fases, decoração, objetos interativos, trilha e efeitos sonoros e assim por diante. Você vai precisar de uma equipe de artistas talentosos e que sejam especializados em diversos tipos de design (de personagens, de ambientes, de fases, de animação, de modelos 3D, de iluminação, de efeitos especiais, de design de som), bem como atores, compositores musicais etc.
    • Caso você ache que não é capaz de desenvolver certos ativos digitais, converse com membros da equipe ou engenheiros de confiança e veja se eles não têm algo do tipo para emprestar por enquanto. Isso vale para personagens, objetos, música e vários outros aspectos.
  6. Você tem que testar tudo o que desenvolver do jogo para saber se ele está funcionando. Acompanhe os gametesters de perto e fique de olho em coisas que não tenha notado antes, como formas com que os jogadores querem interagir com o game, como eles reagem ao título de forma geral, que mecânicas não funcionam tão bem quanto esperado etc.
  7. Aproveite a fase de testes para ver quais mecânicas do jogo são frustrantes e precisam de alterações. Veja também se há bugs e falhas graves nos códigos.
  8. Mostre o game pronto às pessoas, crie um site oficial, divulgue imagens da jogabilidade na internet, edite um trailer para o YouTube, envie-o a críticos especializados da área, entre outros. Essa é a hora de pegar pesado na publicidade.
    • Tente cultivar uma boa imagem na comunidade de fãs de jogos independentes. Esse nicho é forte, leal e receptivo e vai ter um impacto positivo no seu game se você for profissional e dedicado à arte. Converse com as pessoas e familiarize-se cada vez mais com o público. O suporte aos seus títulos só vai aumentar.
  9. Você pode escolher uma das inúmeras plataformas digitais disponíveis. Tudo depende do tipo de jogo que produziu. Hoje, as lojas de aplicativos móveis e o Steam são as opções mais acessíveis a quem está começando. E, claro, há a opção de fazer o lançamento no seu site, embora os cursos de hospedagem sejam um obstáculo para muitos e a visibilidade seja menor. Por fim, caso você queira fazer o lançamento em um console, como PlayStation 4 ou Nintendo Switch, atente-se às políticas internas de cada um.
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Dicas

  • Nunca pare de aprender e peça ajuda sempre que precisar. Você pode recorrer à ajuda de muitas pessoas nessa empreitada de desenvolvedor. Além disso, lembre-se de que a sua jornada nunca vai terminar de fato, e sim se incrementar aos poucos.
  • Não invista tanto tempo desenvolvendo os seus primeiros jogos. Para quem está começando, ganhar experiência é muito mais importante do que o resultado. Cada projeto vai trazer uma lição nova à sua carreira. Dito isso, também não precisa ter pressa para terminar tudo logo.
  • Faça backups constantes dos seus arquivos para não perder tudo caso o seu computador estrague.
  • É como dizem: "A prática leva à perfeição". Arregace as mangas e tente sempre otimizar as suas habilidades.
  • Não custa repetir: desenvolver jogos em equipe sempre é melhor que fazer tudo sozinho. Você vai ter muito menos trabalho se dividir a carga com desenvolvedores de outras áreas, programadores, roteiristas e mais profissionais. Isso é importante e depende do programa que estiver usando. O BGE, o Unity e o UDK, por exemplo, não são tão adequados para grandes equipes; nesses casos, talvez seja melhor usar algo como Git .
  • Jamais desista do seu sonho. Desenvolver um jogo pode ser chato, cansativo e frustrante e, às vezes, a ideia de desistir pode passar pela sua cabeça. Resista: pare de vez em quando, distraia-se por alguns dias e retome o processo quando estiver mais confiante.
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