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Escolher o tema para uma pesquisa acadêmica, seja em nível de monografia (graduação), mestrado ou doutorado, pode ser complicado... mas também gratificante! Essa é a sua chance de mergulhar em um assunto do seu interesse com mais profundidade e, de quebra, contribuir com o campo de estudos geral. Para começar, faça um brainstorming de possíveis ideias, sem ficar pensando se elas são boas ou não. Depois, concentre-se em nas possibilidades mais viáveis e que tenham a ver com o seu gosto pessoal. Por último, coloque a mão na massa!

Parte 1
Parte 1 de 3:

Fazendo um brainstorming de ideias e possibilidades

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  1. Como você vai passar pelo menos um ano com a pesquisa em mãos, é melhor escolher um tema que seja do seu interesse. Quem sabe essa investigação não abre portas para os seus estudos ou mesmo a sua atuação profissional no futuro? Veja algumas ideias de como começar: [1]
    • Pense em todas as disciplinas que você já cursou na graduação.
    • Lembre-se do que despertou o seu interesse na sua área de estudo.
    • Reflita sobre o que você gosta de ler no seu tempo livre, pensando principalmente em assuntos e textos que tenham a ver com a sua área: livros, matérias de jornais e revistas, artigos de periódicos, blogs etc.
    • Pense nos seus colegas de área que você admira ou que são fontes de inspiração. Depois, tente entender por que gosta tanto deles.
    • Reflita se você pretende dar continuidade aos seus estudos acadêmicos mesmo depois do fim da graduação. Se possível, tente chegar a uma área específica.
  2. Talvez você consiga incorporar um dos trabalhos que fez durante a graduação à sua pesquisa acadêmica. Repasse toda a sua produção dos últimos anos e veja o que mais chama atenção, com destaque especial àquilo que despertou o seu interesse em termos de tema, abordagem e até facilidade de investigação.
    • Pense nos questionamentos que você não conseguiu responder com esses trabalhos anteriores. Eles poderiam ser um bom pontapé inicial para a sua nova pesquisa.
    • Se possível, use como base somente os seus trabalhos recentes — afinal, são eles que refletem as suas habilidades e os seus conhecimentos mais desenvolvidos.
    • Você pode usar o mesmo tema de um trabalho anterior ou tentar seguir uma direção nova a partir dessa base.

    Dica: Por outro lado, você também vai ter uma noção melhor do que não gostou de estudar. Pense nos trabalhos que mais deram dor de cabeça e, se possível, descarte-os logo de cara.

  3. Fique por dentro das notícias do universo acadêmico para nunca perder nenhuma novidade. Aproveite também e faça uma busca em bancos de dados acadêmicos, como SciELO (Scientific Electronic Library Online), e em periódicos ligados aos assuntos do seu interesse. Esses lugares são excelentes fontes de informação e, muitas vezes, até de ideias. Veja alguns exemplos de desdobramentos: [2]
    • Se você estuda ciência política: comece a ler mais sobre a próxima eleição para presidente do Brasil (ou mesmo de outro país) e sobre os candidatos, suas propostas e seus posicionamentos.
    • Se você estuda literatura: fique atento às obras recentes mais elogiadas pela crítica e pelo público e tente se familiarizar com o gênero, o tema e o estilo delas.
    • Se você estuda psicologia: dê uma olhada nas últimas descobertas sobre o estresse pós-traumático ou leia artigos e livros sobre a psique humana que estão em voga no momento.
    • Se você estuda engenharia aeronáutica: leia sobre os projetos atuais da SpaceX, as últimas descobertas sobre o solo de Marte e afins.
    • Como dito antes, uma das formas mais legais de ficar por dentro das discussões acadêmicas é acompanhar periódicos de renome.
    • Faça uma lista de palavras-chave que apareçam durante as suas pesquisas. Assim, você vai ter uma noção melhor do que já foi investigado e do que ainda é novidade.
  4. Não importa o nível da sua pesquisa acadêmica, ela precisa contribuir de alguma forma com a área geral. Isso pode parecer muito amplo, mas dá para ter uma boa noção do que é novidade a partir de lacunas nas pesquisas que já foram ou estão sendo feitas. Pense nos questionamentos que ainda não foram respondidos e incorpore-os à sua lista de possíveis ideias. [3]
    • Você não precisa chegar a um tema que nunca tenha sido pesquisado — o que, inclusive, seria difícil de investigar.
    • Unir dois temas e expandir as pesquisas de outras pessoas também são possibilidades interessantes.
    • Retomando o exemplo da psicologia e do estresse pós-traumático: talvez você descubra que não há muitas pesquisas que falem desse quadro no ambiente de trabalho.
    • Agora, retomando o exemplo da ciência política: pode ser que você chegue à conclusão de que há uma lacuna em termos de pesquisa no que diz respeito às propostas dos candidatos à presidência e os seus históricos de atuação política.
  5. Os seus professores entendem bastante da área de conhecimento em que estão inseridos, inclusive em termos de pesquisas que já foram feitas. De quebra, eles provavelmente tiveram a chance de conhecer você ao longo dos anos de graduação — e, por isso, podem ter excelentes dicas e conselhos em relação aos seus possíveis caminhos de pesquisa. Converse com alguém de confiança! [4]
    • Por exemplo, você poderia dizer: "Professor, eu pretendo investir na docência, e gostaria de trabalhar com literatura moderna. Quais desses temas de pesquisa você acha que seria mais interessante para o meu doutorado?"
  6. As dúvidas dos seus colegas também podem ser uma boa fonte de inspiração para a sua investigação. Converse com eles e descubra quais são os seus maiores questionamentos em relação à área de conhecimento em que estão inseridos. Enquanto isso, monte uma lista das informações mais relevantes que você recolher. [5]
    • Dê mais atenção a questionamentos que não tenham respostas simples e, portanto, mereçam ser investigados. Por exemplo: a pergunta "Como é possível motivar as pessoas sem oferecer recompensas extrínsecas a elas?" daria uma boa pesquisa acadêmica, ao passo que "Quando poemas de verso livre se popularizaram?" não daria (afinal, qualquer busca no Google já tiraria essa dúvida).
  7. A sua pesquisa acadêmica pode ter um grande impacto no seu futuro, inclusive em termos de criar novas oportunidades. Além disso, você vai desenvolver um conhecimento cada vez maior do tema em questão, deixando o seu currículo muito mais interessante. Liste os seus objetivos profissionais e pense em formas de alcançar cada um.
    • Você não precisa planejar a sua vida inteira, mas é bom ter uma ideia geral dos caminhos que pretende seguir.
    • Pense no tipo de trabalho que você quer fazer, nos cargos que gostaria de conquistar ou nas empresas em que sonha trabalhar.
    • Por exemplo: se pretende se tornar professor universitário, pense em um tema de pesquisa que seja voltado para a docência (apesar de boa parte dos programas de mestrado e doutorado ser, de fato, voltada nesse sentido).
    • Se você não tem pretensão de seguir carreira acadêmica, pense em um tema de pesquisa que desenvolva o seu conhecimento prático na sua área atual. Por exemplo: um estudante de jornalismo poderia fazer um mestrado profissional e criar um portal de notícias.
  8. Inclua os melhores temas a que você chegou durante todo esse processo de brainstorming. Tente incorporar ideias variadas, lembrando-se de que vai eliminar boa parte delas conforme avança na sua tomada de decisão. De todo modo, é bom começar com vários itens diferentes. [6]
    • Temas de pesquisa acadêmica em nível de monografia são mais amplos, ao passo que programas de mestrado e doutorado pedem uma maior especificidade e mais ineditismo.
    • Escolha os melhores temas que tenham surgido naquela sua sessão de brainstorming.
    • Se possível, faça todo esse exercício com um colega de curso que também esteja em dúvida. Quem sabe vocês não conseguem até trocar ideias?
    • Por exemplo: você pode escrever coisas como "A evolução dos partidos políticos no brasil", "O efeito da Guerra de Canudos no relacionamento da população com o governo", "O status da literatura imediatamente antes e depois de crises sociais", "Os efeitos do avanço da robótica no mercado de trabalho", "O aumento da motivação em ambientes de trabalho estressantes" e assim por diante.
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Parte 2
Parte 2 de 3:

Dando mais foco à pesquisa

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  1. Se determinado tema já tiver sido investigado à exaustão, talvez não valha a pena insistir nele. Você precisa sempre pensar em como poderia contribuir com os estudos. Quando não houver tanto espaço para contribuição, é melhor tirar o item da lista.
    • Por exemplo: mesmo que você seja aficionado por Machado de Assis, pode ser difícil encontrar um ângulo de pesquisa novo sobre o autor; se você estuda psicologia, não vale a pena investigar ideias que já tenham sido derrubadas ou abandonadas, como a análise de sonhos; e por aí vai.
  2. Pense em um professor que tenha experiência na sua área de interesse. Faça o convite e explique por que acha que ele seria um bom orientador, bem como por que você escolheu esse tema especificamente. [7]
    • Diga algo como "Oi, Geraldo! Eu sei que você está familiarizado com o estresse pós-traumático. Eu queria usar esse tema na minha pesquisa [de monografia, mestrado ou doutorado] e gostaria de convidá-lo para ser meu orientador".

    Dica: Você não precisa necessariamente escolher o tema da pesquisa antes de convidar um orientador. Basta ter uma ideia geral dos rumos que pretende seguir.

  3. O orientador vai ajudar você a escolher o melhor tema de pesquisa de acordo com a própria afinidade e as possibilidades de investigação que ele enxergar. Mostre a sua lista a ele explique por que colocou cada item nela. [8]
    • Por exemplo: diga "Eu queria pesquisar sobre o haicai moderno, a expressão autobiográfica na poesia contemporânea ou a poesia na era da internet".
    • O orientador provavelmente vai incentivar você a escolher um tema que ele conheça bem e no qual tenha interesse.
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Parte 3
Parte 3 de 3:

Elaborando a sua pergunta de pesquisa

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  1. Você precisa ter uma boa noção geral do tema que escolheu investigar antes de formular a pergunta de pesquisa. Use o seu acervo de obras pessoal, bancos de dados da internet, artigos de periódicos e qualquer outro material possível. Conforme estuda, faça anotações interessantes e que possam nortear os seus próximos passos. [9]
    • Assim, você vai descobrir que tipos de perguntas pode fazer em relação ao tema.
    • Se possível, destaque passagens importantes e resuma seções importantes nas margens dos livros ou cadernos.
    • Peça ajuda às pessoas que trabalhem na biblioteca local. Elas vão ajudar você a encontrar materiais de consulta interessantes de acordo com a sua pesquisa.

    Dica: Guarde todos os seus materiais prévios para usar no momento de redigir a pesquisa propriamente dita. Nem tudo vai ser útil, mas boa parte pode ser relevante.

  2. No início, não se preocupe se as perguntas são boas ou não. Depois de elaborar uma lista mais longa, você pode reescrever cada uma conforme necessário. Tente usar frases claras e concisas, como as dos exemplos abaixo: [10]
    • Como o cenário político do Brasil no século XX afetou as temáticas literárias?
    • Como as mudanças nas normas culturais alteraram os critérios de seleção de premiações literárias?
    • Que mudanças no paradigma social influenciaram as relações diplomáticas entre líderes mundiais?
    • Como a separação da moral e da política afeta a eficácia de legislações específicas?
    • Como a cultura se adapta após eventos catastróficos globais?
    • Como o avanço da robótica impacta a educação infantil?
    • Quais são as melhores formas de motivar funcionários a trabalhar mais?
    • Que protocolos de tratamento podem acelerar a recuperação de pessoas com o estresse pós-traumático?
  3. Antes de começar a pesquisa de vez, você precisa escolher uma pergunta específica. Nesse sentido, tente cumprir as seguintes etapas: [11]
    • Pense no processo pelo qual você teria que passar para pesquisar sobre o tema: buscas na internet, experimentos sociais, prática laboratorial etc. Depois, descubra se seria possível dar todos esses passos com os seus recursos atuais.
    • Liste todos os materiais e recursos de pesquisa que você tem à disposição, como bases de dados virtuais, obras físicas, laboratório e afins.
    • Leve em conta a área de especialização do seu orientador.
    • Por fim, pense nas disciplinas que você já cursou e nas habilidades que desenvolveu ao longo da graduação.

    Por exemplo... A pergunta de pesquisa "Como as mudanças nas normas culturais alteraram os critérios de seleção de premiações literárias?" é interessante porque rende bastante investigação e debate. Você poderia explorar as normas culturais usando estudos das ciências sociais, matérias de jornais, artigos de periódicos e pesquisas de opinião feitas no passado. Depois, daria para estudar os temas e estilos de obras literárias consagradas a partir desses materiais prévios e, por fim, investigar a relação entre elas (que é subjetiva e aberta a interpretações).

  4. Depois de identificar a pergunta de pesquisa que você gostaria de usar, peça a opinião do seu orientador a respeito dela. Talvez ele a aprove do jeito que está, mas pode ser também que tenha algumas dicas de como melhorar esse questionamento. Seja como for, tente otimizar a frase para começar a investigação com o pé direito. [12]
    • Preste atenção às dicas do seu orientador. Ele tem muito mais experiência que você e, por isso, sabe o que é melhor para a sua pesquisa.
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Dicas

  • Tente escolher o tema da pesquisa o quanto antes. Assim, você vai conseguir elaborar todo o trabalho com mais calma e atenção.
  • Junte a maior quantidade possível de material de apoio durante a fase de construção do aporte teórico da pesquisa. Nunca se sabe quando outros textos vão ser úteis!
  • Como você vai passar entre um e quatro anos com a pesquisa, é melhor escolher um assunto que seja do seu interesse de fato.
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