Baixe em PDF Baixe em PDF

A vulvodínia é uma condição crônica caracterizada pela dor na vulva (a região externa da genitália feminina). Sua causa específica é desconhecida, mas ela pode surgir por conta de lesões nervosas, respostas celulares anormais, infecções, irritações, fatores genéticos, alergias, mudanças hormonais, espasmos musculares e o uso de antibióticos. [1] A procura de um tratamento médico pode ser extremamente frustrante, pois muitos profissionais a maioria das possíveis causas da dor e concluem que ela provavelmente é psicológica. Como os sintomas específicos variam e nenhum método funciona para todos os casos, o tratamento costuma envolver tentativa e erro. [2]

Parte 1
Parte 1 de 4:

Diagnosticando a vulvodínia

Baixe em PDF
  1. É preciso discutir os sintomas com um profissional e não há motivo algum de sentir vergonha de falar sobre o que está sentindo, pois é importantíssimo descartar outros problemas médicos antes de tratar a vulvodínia.
    • A vulvodínia apresenta apenas um sintoma primário: dor na vulva. O sintoma normalmente é descrito de modo diferente dependendo da paciente. Os outros sintomas incluem coceira, queimação e formigamento, além de dor latejante, pungente ou aguda nas áreas ao redor dos lábios vaginais, do clitóris e da abertura vaginal. A dor pode ir e voltar, além de ser afetada pelo toque ou pressão em alguns casos.
    • Algumas mulheres com vulvodínia sentem dores apenas em horas específicas, como durante a prática de atividades físicas ou de relações sexuais. [3]
  2. Caso haja uma real suspeita de vulvodínia, o médico realizará testes clínicos e laboratoriais para identificar possíveis problemas que possam piorar os sintomas.
    • Um exame de sangue deve ser solicitado para conferir os níveis de hormônios, como estrogênio, testosterona e progesterona no organismo
    • O médico provavelmente realizará um exame com um cotonete. Ele utilizará a ferramenta para pressionar suavemente vários locais da vulva para que você descreva as dores que sentir (caso sinta alguma por conta da pressão). [4]
    • Caso uma parte da vulva pareça mais dolorida ou inflamada por qualquer motivo, uma biópsia pode ser solicitada. [5]
  3. A vulvodínia apenas é diagnosticada após o médico descartar doenças e outras condições que possam causar dor na região. Alguns exames podem ser feitos para identificar se DSTs, infecções fúngicas, transtornos cutâneos, desequilíbrios hormonais e outros problemas são responsáveis pelos sintomas. Apenas após os exames o profissional pode diagnosticá-la com vulvodínia.
  4. Existem dois tipos de vulvodínia: síndrome vestibulite vulvar e vulvodínia disestética. O médio deve realizar um diagnóstico preciso de acordo com os sintomas, portanto, informe-o do máximo possível.
    • Os casos de síndrome vestibulite vulvar apresentam respostas dolorosas à pressão ou ao toque ao redor da abertura vaginal. Normalmente há dor durante atos sexuais, exames ginecológicos, a inserção de absorventes internos e outras horas onde há aplicação de pressão no vestíbulo vulvar (a região ao redor da abertura vaginal).
    • Os casos de vulvodínia disestética apresentam dor generalizada na região, afetando os lábios vaginais, o períneo, a uretra, o clitóris, o ânus, o monte púbico e a região interna das coxas. A dor pode ser súbita e, por mais que continue sempre em diferentes intensidades, os sintomas costumam ir e voltar. O toque não costuma causar dor, mas pode piorar os sintomas. [6]
  5. Se não acredita que o médico está analisando os sintomas de modo adequado, procure outro profissional. Muitos médicos não compreendem que a vulvodínia é um problema físico, não apenas psicológico. Procure um especialista que a ouça e a apoie na procura de tratamentos adequados. Insista na procura do diagnóstico; não desista!
    Publicidade
Parte 2
Parte 2 de 4:

Usando tratamentos médicos

Baixe em PDF
  1. Os anestésicos locais podem aliviar os sintomas temporariamente. Aplique uma camada fina de pomada com 5% de lidocaína várias vezes ao dia na região. O EMLA creme, que apresenta 2,5% de lidocaína e 2,5% de prilocaína, normalmente é aplicado cerca de 15 a 20 minutos antes de atividades sexuais para prevenir a dor.
    • Não aplique anestésicos locais na pele irritada ou machucada.
    • O álcool presente nos anestésicos locais aumenta a probabilidade dos preservativos de látex rasgarem. Utilize um método de contracepção extra (como DIU ou comprimidos anticoncepcionais) e faça um teste de infecções sexualmente transmissíveis (obviamente, seu parceiro também deve ser testado para a segurança de ambos).
    • Pacientes com vulvodinia crônica que não respondem a anestesias locais podem obter alívio com um bloqueador de nervos. [7] Converse com seu médico para saber sobre a possibilidade de utilizar um bloqueador de nervos e consulte um anestesiologista treinado se estiver considerando tal opção.
  2. Algumas pacientes com vulvodínia sentem certo alívio através de comprimidos e cremes com estrogênio. A aplicação do hormônio é capaz de aliviar a dor (incluindo a que ocorre durante a prática sexual), a coceira, a vermelhidão, o ressecamento e os sintomas urinários.
    • Terapia de estrogênio pode ser útil para dores na vulva causadas pela atrofia (enfraquecimento e ressecamento de tecido). [8] Seu médico pode recomendar um creme de 1% de estradiol se outras medidas com estrogênio não forem úteis. Porém, alguns medicamentos, como anticoncepcionais em pílula podem causar mudanças atróficas e levar a um aumento na dor.
  3. Os medicamentos antidepressivos costumam ter sucesso no tratamento de dores crônicas sem causas claras. O médico pode sugerir algumas opções (normalmente os antidepressivos tricíclicos, que modificam o modo com o qual os neurotransmissores do cérebro transmitem os sinais da dor) como possível tratamento para a vulvodínia.
    • A amitriptilina, um antidepressivo tricíclico, é um dos medicamentos normalmente prescritos no tratamento da vulvodínia. No geral, as pacientes começam com uma dose oral de 10 miligramas por noite. A dose é aumentada em 10 miligramas por semana até alcançar um valor eficaz (sem nunca ultrapassar as 150 miligramas diárias). O médico provavelmente recomendará que você mantenha o tratamento por no mínimo três meses antes de começar a reduzir gradualmente a dosagem. Em muitas mulheres, os sintomas não voltam ao fim do tratamento, desde que ele seja concluído corretamente.
    • Lembre-se dos efeitos colaterais dos antidepressivos, que incluem tontura, fraqueza, ressecamento da boca, dores de cabeça, fadiga e constipação. Informe o médico caso algum dos sintomas piore ou persista e sempre procure atendimento profissional ao apresentar lesões cutâneas, coceiras, inchaços ou dificuldade para respirar durante qualquer tratamento.
    • Venlafaxina (Effexor) e Duloxetina (Cymbalta), tipos diferentes de medicamento, vêm sendo usados no tratamento de vulvodinia.
  4. Esses medicamentos ajudam a controlar diversas condições causadoras de dores crônicas, incluindo a vulvodinia. A gabapentina é um dos anticonvulsivantes mais prescritos e funciona alterando a transmissão de sinais de dor no cérebro.
    • As doses recomendadas da gabapentina variam bastante. As pacientes normalmente começam com a ingestão oral de 300 miligramas ao dia, dosagem que é aumentada até que se alcance uma concentração eficaz (nunca tome mais de 3600 miligramas ao dia). Os efeitos colaterais comuns incluem tontura, dores de cabeça, náusea, fadiga, constipação, sonolência, ressecamento da boca, instabilidade e febre. Notifique o médico caso os efeitos piorem ou persistam.
    • Outros medicamentos incluem a pregabalina, que é semelhante à gabapentina. Ela é recomendada para neuralgia posterpética e vem sendo usada para dores na vulva. Seu médico pode recomendar uma dose de 50 mg de pregabalina três vezes ao dia. Seu médico pode aumentar as doses para até 600 mg por dia divididos em três doses caso seu corpo tolere o medicamento e ele esteja ajudando.
  5. O médico pode sugerir o uso de anti-histamínicos e corticosteroides em caso de coceira, inflamação ou inchaço. Em casos de infecções fúngicas, ele pode prescrever fuconazol. Discuta bastante o uso dos medicamentos para tomá-los de modo correto e seguro.
  6. A cirurgia deve ser considerada apenas após o profissional descartar todos os diagnósticos alternativos e após você experimentar todas as opções possíveis de tratamento. Além disso, ela só é eficaz para quem sofre com a síndrome vestibulite vulvar.
    • Consulte diversos especialistas, pois muitos clínicos gerais não são profundos conhecedores de todas as opções de tratamento da vulvodínia. Procure um segundo (ou até mesmo terceiro) clínico antes de concordar com a cirurgia.
    • Experimente a vestibulectomia. Após testar todos os tratamentos e consultar uma segunda opinião, você pode experimentar a vestibulectomia. O procedimento envolve a remoção dos tecidos doloridos do vestíbulo vulvar (a região ao redor da abertura vaginal) e normalmente é realizado sob anestesia geral ou espinhal.
    Publicidade
Parte 3
Parte 3 de 4:

Experimentando terapias alternativas

Baixe em PDF
  1. Peça indicações de profissionais com experiência no tratamento da vulvodínia para seu médico. Um bom fisioterapeuta é capaz de utilizar a manipulação manual para fortalecer os músculos do assoalho pélvico e ajudar no combate da tensão e da dor.
    • Para muitas pacientes, a fisioterapia é capaz de reduzir ou eliminar os sintomas sem o uso de medicamentos. Se preferir, você pode combinar tratamentos para obter resultados ainda melhores.
  2. Trata-se de uma técnica de terapia na qual os pacientes aprendem a controlar e manipular os processos físicos que costumam ocorrer de modo involuntário. Através do biofeedback, você pode aprender a contrair e relaxar os músculos do assoalho pélvico [9] , o que a ajudará a controlar o modo com o qual a região responde aos sinais da dor.
    • Algumas pacientes apresentam redução dos sintomas apenas com o biofeedback, mas não há problema em combinar a técnica com outros tratamentos e medicamentos.
  3. A técnica, que envolve a inserção de agulhas finas em pontos específicos do corpo, é capaz de aliviar dores agudas e crônicas em muitos casos. Ela é utilizada há muito tempo no tratamento de dores de cabeça, problemas musculares, condições neurológicas, doenças reumáticas e problemas reprodutivos. Algumas pacientes com vulvodínia alegam apresentar alívio dos sintomas através da acupuntura.
  4. Os profissionais de psicologia podem apoiá-la ampliando seus conhecimentos acerca da condição, ajudando no desenvolvimento de mecanismos de enfrentamento e permitindo que você se expresse sobre o problema. A vulvodínia pode ser estressante, afetando a qualidade de vida ao limitar atividades e dificultar relacionamentos sexuais e românticos. Um bom aconselhamento psicológico pode ajudá-la com tudo isso.
    • É importante frisar que o aconselhamento não costuma ser direto. O psicólogo ou terapeuta a ouvirá e ajudará a tomar suas próprias decisões, mas ele não deve instruí-la a optar por determinado tratamento ou sugerir opções de tratamento.
  5. A TCC é uma forma específica de terapia com foco em estratégias de enfrentamento práticas. [10] O terapeuta a ajudará a compreender o modo com o qual pensa, age e sente; oferecendo estratégias para modificar tais comportamentos. Trata-se de uma ferramenta eficaz para quem sofre de vulvodínia.
    • Existem evidências de que a TCC, quando adaptada para pacientes com vulvodínia, pode ajudá-la a controlar a dor. A terapia permite que você reconheça a conexão entre os pensamentos, comportamentos e sentimentos acerca da dor, da sexualidade e do funcionamento emocional.
  6. A vulvodínia pode ser bastante estressante e o aconselhamento psicológico costuma ser útil, mas os grupos de apoio também podem ajudá-la bastante. Procure outras pessoas passando pelo mesmo problema em grupos de apoio ou hospitais próximos.
    Publicidade
Parte 4
Parte 4 de 4:

Mudando de estilo de vida

Baixe em PDF
  1. Os probióticos presentes nos laticínios são conhecidos por conta do combate de infecções no trato digestivo e genital através do fortalecimento das bactérias saudáveis do organismo. Uma dieta rica em probióticos pode ajudá-la a combater as infecções e inflamações provenientes da vulvodinia.
    • Os alimentos ricos em probióticos incluem: iogurte (procure pelos tipos com culturas vivas e ativas), quefir e nata. Também é possível tomar suplementos de probiótico.
    • Procure também alimentos ricos em pectina, que ampliam os efeitos dos probióticos e tornam a digestão ainda mais suave. As maçãs e as frutas cítricas são as melhores fontes de pectina, mas ela também pode ser encontrada em bagas, uvas, cerejas, pêssegos e damascos.
  2. Lave a região da vulva com sabonetes neutros e sem fragrância; não se esqueça de enxaguar bem o local. Caso a micção piore os sintomas, enxágue a vulva com água fria após urinar.
    • Evite substâncias irritantes. Substitua os sabonetes, loções e sprays com fragrâncias por produtos sem fragrância e livres de substâncias químicas. Substitua também roupas íntimas de náilon (que costumam "prender" a umidade e irritar a pele) por modelos de algodão.
  3. Andar de bicicleta ou a cavalo são duas atividades que costumam causar dor vulvar. Preste atenção em outras atividades físicas que pareçam associadas aos sintomas. Após identificá-las, tente evitá-las ao máximo.
  4. Compressas frias podem ajudar com a dor na vulva. [11] Ao reduzir o fluxo sanguíneo e a circulação, o frio controla a dor e a inflamação. Enrole alguns cubos de gelo em uma toalhinha e aplique a compressa sobre o local afetado.
    • Jamais aplique gelo diretamente na pele.
  5. Lubrificantes podem reduzir a dor na vulva durante o sexo. [12] Ao realizar atividades sexuais, procure lubrificantes à base d'água e evite os oleosos. Os lubrificantes à base de óleo costumam apresentar substâncias químicas que podem piorar os sintomas. Evite modelos com açúcares ou glicerina, pois eles também costumam irritar a pele.
  6. A aveia apresenta substâncias anti-inflamatórias, conhecidas como avenantramidas, que reduzem a dor, a coceira e a irritação. O bicarbonato de sódio também pode ajudar por ser alcalino e regular os níveis de pH vaginal. Um banho de banheira é capaz de corrigir a acidez excessiva que contribui para a coceira e a queimação na vulva.
    • Para um banho de aveia, dissolva um sachê de aveia em pó em uma banheira. Fique no banho por 20 minutos.
    • Para um banho de bicarbonato, misture de 4 a 5 colheres de sopa de bicarbonato de sódio em uma banheira. Fique no banho por 15 a 20 minutos.
  7. Tratam-se de componentes encontrados em alimentos vegetais que se conectam aos minerais e reduzem a absorção deles. [13] Os alimentos ricos em oxalatos costumam gerar uma urina que irrita o sistema excretor e, segundo estudos ainda sendo realizados, há uma relação entre a vulvodínia e os altos níveis de oxalato na urina. Converse com um médico sobre a urina e tente mudar a alimentação de acordo com isso.
    • Os exemplos de alimentos ricos em oxalatos incluem espinafre, castanhas, chocolates e bagas.
    • Experimente um suplemento de citrato de cálcio, que inibe o crescimento dos cristais de oxalato, para aliviar a dor e a coceira. Tome algo entre 200 e 250 miligramas do citrato três vezes ao dia.
    Publicidade

Sobre este guia wikiHow

Esta página foi acessada 66 226 vezes.

Este artigo foi útil?

Publicidade