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De vez em quando, pessoas que têm dificuldade para processar informações sensoriais — como autistas, quem sofre do transtorno do processamento sensorial (TPS) ou é sensível — acabam entrando em um estado de sobrecarga. Ele acontece quando o indivíduo recebe estímulos sensoriais demais e não é capaz de lidar com tudo, como uma máquina que precisa computar muitos dados de uma vez. Várias situações do dia a dia contribuem com o problema: interações em ambientes movimentados, o uso de aparelhos que emitem luzes piscantes etc. Se você ou algum conhecido passar por algo do tipo, siga as dicas deste artigo e aprenda o que fazer.

Parte 1
Parte 1 de 4:

Evitando a sobrecarga

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  1. Cada pessoa pode apresentar a sobrecarga de uma forma diferente. Algumas têm ataques de pânico, enquanto outras "desligam" e há aquelas que parecem estar dando chiliques (sem querer, claro). [1]
    • Tente refletir sobre os sintomas da sobrecarga sensorial nos seus momentos tranquilos. Que atitudes você (ou o seu amigo ou familiar) apresenta quando começa a se sentir sufocado? Caso o paciente seja o seu filho, pergunte o que ele sente quando está no início de um episódio.
    • Muitos autistas, por exemplo, recorrem a movimentos repetitivos quando se sentem sobrecarregados: balançam o corpo em momentos alegres, batem as mãos quando estão tensos, e assim por diante. Descubra se você tem alguma característica do tipo.
    • A coisa é mais grave se você perder o controle de habilidades básicas, como falar. Muitos pais de crianças sensíveis percebem esse tipo de sintoma.
  2. Pessoas que passam pela sobrecarga visual podem usar óculos escuros até em ambientes fechados, evitar contato visual, afastar o corpo de quem está falando, cobrir os olhos e esbarrar em outras pessoas ou objetos. [2] Sendo assim, tire tudo o que for possível das paredes de perto para evitar acidentes. Guarde itens pequenos em caixas e caixotes organizados e com identificação. [3]
    • Troque as lâmpadas fluorescentes por abajures menores ou lâmpadas escuras. Se quiser, instale cortinas nas janelas. [4]
    • Use óculos escuros se a luz que vier de fora ainda estiver muito forte. [5]
  3. Os principais exemplos de sobrecarga auditiva são sons que não dá para abafar ou diminuir e que afetam a concentração (como pessoas conversando, mesmo que de longe). Alguns barulhos também são extremamente incômodos a indivíduos sensíveis. Nesse caso, feche portas e janelas, abaixe o volume da música e da televisão, minimize os sons das vozes etc. Em último caso, vá para um lugar tranquilo. [6]
    • Você pode usar tampões ou fones de ouvido ou até comprar um aparelho de ruído branco. [7]
    • Caso você esteja conversando com alguém que está passando por uma sobrecarga auditiva, faça perguntas fechadas (de sim ou não), não abertas. A pessoa vai ter mais facilidade para responder e pode até fazer sinais com o polegar, em vez de falar.
  4. A sobrecarga tátil inclui situações em que a pessoa não suporta nem ser tocada ou abraçada. Muita gente assim é hipersensível a contatos físicos, que pioram bastante a coisa. Essa sensibilidade também se estende a peças de roupa (tecidos mais macios são melhores), texturas e temperaturas. Aprenda a identificar o que incomoda você e o que é tranquilo para fazer os devidos ajustes. [8]
    • Se você está cuidando de uma pessoa sensível, afaste-se se ela reclamar da sua proximidade física. Respeite a dor dela.
    • Sempre que for interagir com alguém que seja sensível a contatos físicos, avise a pessoa de que pretende tocá-la e nunca se aproxime de trás, somente da frente. [9]
    • Consulte um terapeuta ocupacional se você precisar de ajuda e ideias de interação.
  5. Alguns cheiros podem causar ou piorar a sobrecarga — e, diferentemente da visão, não é possível "desativar" o olfato. Caso necessário, troque o xampu, o detergente e os produtos de limpeza que você usa por alternativas neutras e sem cheiro. [10]
    • Afaste todos os cheiros desagradáveis que você sentir. Compre produtos neutros ou prepare tudo o que der em casa: creme dental, sabonete, detergente, entre outros.
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Parte 2
Parte 2 de 4:

Aprendendo a lidar com o excesso de estímulos

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  1. Talvez você se sinta sufocado quando está em meio a grupos grandes de pessoas ou perto de crianças. Certas situações são inevitáveis, como eventos de família ou reuniões de trabalho. Nesses casos, pelo menos tente dar uma pausa enquanto se recupera. As coisas só vão piorar se você tentar ignorar o que está acontecendo. Recarregue as energias e volte mais tarde. [11]
    • Faça essa pausa assim que o seu corpo pedir.
    • Se você estiver em público, peça licença para ir ao banheiro ou diga "Eu preciso de um pouco de ar" antes de sair.
    • Se estiver na casa de alguém, tente achar um lugar para se deitar e descansar um pouco.
    • Diga "Eu preciso ficar um pouco sozinho" caso alguém tente seguir você para ajudar.
  2. Você precisa descobrir e impor os seus limites, mas não a ponto de exagerar. Além disso, cuide das suas necessidades básicas de comer, descansar e conviver em sociedade. A falta dessas coisas piora a sobrecarga. [12] De modo geral, o importante é ter moderação.
    • Cuidar das próprias necessidades é importante para todo mundo, mas sobretudo para quem é sensível ou tem o transtorno do processamento sensorial. [13]
  3. Pense nas formas de adaptação que você está disposto a experimentar durante situações de sobrecarga sensorial. Por exemplo: se barulhos muito altos o incomodam, comece a frequentar lugares mais tranquilos e em horários de menor movimento. O mesmo vale para momentos como ver televisão, usar o computador ou socializar com amigos e familiares. [14] Caso haja um evento de grande porte vindo por aí, prepare-se para lidar com ele da melhor maneira possível.
    • Você também pode impor limites em relação às suas conversas. Sempre que estiver falando com alguém e começar a se sentir sufocado, peça licença e vá embora.
    • Se você está cuidando de alguém que é sensível, fique atento às atividades da pessoa e tente entender se ela fica mais sufocada em certos momentos (como quando vê televisão demais).
  4. Você pode levar alguns minutos ou várias horas até se recuperar de vez de um episódio de sobrecarga sensorial. Caso os seus mecanismos de reação aguda do estresse estejam ativados, o seu corpo e a sua mente vão ficar exaustos depois. Nesses momentos, faça o possível para reduzir esse estresse posterior. Se ajudar, fique sozinho.
  5. Aprender a combater o estresse e pensar em formas saudáveis de lidar com o excesso de estímulos sensoriais são duas maneiras de tranquilizar o sistema nervoso. [15] Yoga, meditação e exercícios de respiração profunda reduzem essa tensão, trazem equilíbrio à vida e até dão a sensação de segurança com o tempo. [16]
    • Use os mecanismos que mais fazem sentido para a sua vida. O que as pessoas dizem ou pensam não importa: só você sabe o que traz tranquilidade ao seu corpo e à sua mente.
  6. Adultos e crianças que fazem essa terapia aprendem a lidar melhor com as sensibilidades sensoriais e, com o tempo, ficam mais preparados. O tratamento tem eficácia redobrada quando começa em uma idade precoce. Se quem sofre com a sobrecarga é o seu filho, busque um terapeuta que seja especializado no assunto. [17]
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Parte 3
Parte 3 de 4:

Ajudando uma pessoa com autismo a lidar com a sobrecarga

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  1. Esse tipo de dieta ajuda o sistema nervoso da pessoa a se organizar e operar melhor, o que deixa o dia a dia bem mais saudável. [18] Inclua nesse plano estímulos gerados por interações com outros indivíduos, com o ambiente, com tarefas marcadas em horários fixos do dia e com atividades recreativas. [19]
    • Encare a dieta sensorial como se fosse um plano alimentar tradicional. Seu objetivo é ajudar a pessoa a ingerir nutrientes de várias fontes e na medida certa, correto? Não dá para exagerar (para mais ou para menos), pois isso afeta todo o desenvolvimento do corpo. A dieta sensorial acaba gerando uma experiência equilibrada em termos de estímulos externos.
    • Nesse sentido, uma pessoa que tem sensibilidade auditiva pode minimizar as instruções verbais e usar gestos visuais, além de passar mais tempo em ambientes calmos ou usar tampões de ouvido. No entanto, o sentido da audição ainda precisa ser "alimentado"! Assim, reserve um tempinho para ouvir as suas músicas favoritas. [20]
    • No geral, é bom limitar estímulos visuais, colocar fones ou tampões nos ouvidos, usar roupas confortáveis, comprar sabonetes e detergentes neutros e assim por diante.
    • O objetivo da dieta sensorial é acalmar a pessoa e normalizar os estímulos sensoriais até ela aprender a controlar impulsos e emoções, além de aumentar a produtividade. [21]
  2. Muitas vezes, pessoas que estão sobrecarregadas acabam tendo reações agressivas física ou verbalmente às outras. [22] É difícil não levar isso para o lado pessoal quando sofremos certos "ataques", mas entenda que o outro está em pânico e que a culpa não é sua.
    • Inclusive, a maioria dos atos de agressão física acontece quando uma pessoa tenta tocar ou "encurralar" a outra, que é sensível, sem querer. Nunca faça nada do tipo.
    • De qualquer forma, pessoas sensíveis raramente machucam as outras para valer (afinal, essa nem é a sua intenção).
  3. Pessoas com sobrecarga sensorial podem ser sensíveis às percepções de equilíbrio ou movimento. [23] Elas acabam muito suscetíveis à cinetose (tontura), perdem o equilíbrio físico e não têm muita coordenação motora. [24]
    • Se a pessoa parecer sufocada com algum movimento ou ficar "parada", limite os seus próprios gestos e tenha cuidado ao trocar de posição (ao se sentar, por exemplo).
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Parte 4
Parte 4 de 4:

Ajudando outra pessoa

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  1. Às vezes, uma pessoa não percebe que está passando por um episódio de sobrecarga sensorial ou tenta "suportar" a situação sozinha. Infelizmente, isso só piora as coisas. Intervenha se você notar que ela está ficando estressada e precisar de um momento de tranquilidade.
  2. Dar um ombro amigo é uma das melhores formas de ajudar uma pessoa esteja se sentindo sufocada. Tenha paciência, compreensão e empatia.
    • Lembre-se: ninguém age assim de propósito. Não julgue a pessoa.
  3. A forma mais rápida de a pessoa acabar com a sobrecarga é se afastar das circunstâncias. Guie-a até um local mais calmo (e só a toque se ela permitir).
  4. Apague algumas luzes, desligue o som e peça para todo mundo dar espaço à pessoa.
    • A pessoa vai perceber se houver alguém olhando ou julgando as suas atitudes, o que só contribui para piorar a situação.
  5. Uma pessoa que passa por um episódio de sobrecarga sensorial pode ter dificuldade de entender o que está acontecendo — e até achar que está sendo atacada, dependendo das atitudes em volta. Por isso, nunca faça nada sem pedir permissão ao seu ente querido. Por exemplo: diga "Eu queria pegar a sua mão e te levar para longe daqui" ou "Você precisa de um abraço?".
    • Em muitos casos, um simples abraço ou carinho leve nas costas já faz toda a diferença; em outros, isso só piora a situação. Ofereça esse tipo de ajuda, mas não se ofenda se a pessoa recusar.
    • Não encurrale a pessoa. Ela pode entrar em pânico e perder o controle a ponto de partir para cima de você.
  6. Como dito antes, pessoas com sobrecarga emocional têm dificuldade para processar perguntas abertas. Mesmo quando conseguem responder, nem sempre dizem coisas que fazem sentido. É melhor se limitar a questionamentos de "sim" ou "não".
  7. Talvez ela precise de água, um tempo sozinha ou fazer outra atividade. Pense no que você pode fazer para ajudar.
    • Antes de descontar a sua frustração na pessoa, lembre-se de que ela não age assim porque quer e de que precisa do seu apoio.
    • Acione um terapeuta ou o responsável pela pessoa se ela usar algum mecanismo perigoso ou nocivo para lidar com a situação. Não a agarre à força, ou tudo vai ficar ainda mais arriscado. Nessas horas, só profissionais e familiares bem próximos são capazes de interferir.
  8. Alguns gostam de se sentar naquelas cadeiras de balanço; outros gostam de se enfiar debaixo das cobertas; há aqueles que preferem receber massagem etc. Não tem problema se a pessoa precisar de algo que seja "estranho". Aqui, o importante é ajudar a acalmar as coisas.
    • Se você sabe o que deixa a pessoa mais calma (como abraçar um bicho de pelúcia), deixe essa coisa por perto. Ela vai pegar se quiser.
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Dicas

  • Adultos e crianças que fazem essa terapia aprendem a lidar com as sensibilidades sensoriais e, com o tempo, ficam mais preparados. O tratamento tem mais eficácia quando começa em uma idade precoce. Se quem sofre com a sobrecarga é o seu filho, busque um terapeuta que seja especializado no assunto. [25]
  • É bom ter à disposição itens como almofadinhas com peso, fidget spinners , escova cirúrgica, fones ou tampões de ouvido, bolinhas antiestresse, e similares. Eles reduzem a sobrecarga sensorial e dão mais conforto na maioria dos casos (mas não em todos; tudo depende da pessoa). Pense no que mais dá certo para você ou o seu ente querido.
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